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Adeus ao lorde da cafeicultura
Adeus ao lorde da cafeicultura
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Adeus ao lorde da cafeicultura

 por Revista Globo Rural: "Conservador moderno", Luiz Hafers foi um dos poucos a criticar o plano de retenção de café por parte de países produtores O terno impecável, feito sob medida, sempre com um lenço dobrado no bolso, o bigode branco bem aparado e a bengala eram as marcas registradas do cafeicultor Luiz Marcos Suplicy Hafers, que muito lembravam os antigos barões do café. Era só a aparência, porque Hafers, embora se autointulasse um “conservador moderno”, era mais avançado que muitas lideranças do setor, ainda presas ao tempo em que os “senhores do café” mandavam na política econômica brasileira. Ele foi uma das poucas vozes do setor a se manifestar contra o plano de retenção de café por parte dos países produtores para elevar o preço do grão no mercado mundial nos anos 1990. O programa adotado pelo governo brasileiro mais tarde se revelou um fiasco, pois, como previa Hafers, os demais continuaram exportando e o Brasil deixou de faturar pelo menos US$ 400 milhões. Características admiráveis do seu Hafers, como era chamado pelos jornalistas, eram o seu bom humor e sua capacidade de resumir o raciocínio em frases curtas, na medida certa para quem gosta de uma boa manchete. Nos anos em que trabalhei em Cuiabá (MT) e em Brasília (DF), bem distante dos cafés de montanha do meu Espírito Santo, seu Hafers me ligava apenas para conversar, saber como eu estava me adaptando ao calor do Cerrado, ou para aferir sua opinião sobre determinado assunto. Quando me separei do primeiro casamento, ele me ensinou o segredo para o bom relacionamento matrimonial: você tem que escolher, quer ser feliz ou ter razão. Ainda estou exercitando o ensinamento. Era um mestre, um lorde. Vai com Deus, seu Luiz. O senhor fará falta.