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Agravamento da crise política e econômica deixou cafeicultores ainda mais relutantes

por Carvalhaes:

O mercado de café vinha atravessando mais uma semana calma, quando no final da tarde da última quarta-feira o Brasil foi violentamente abalado pela divulgação da delação premiada, no âmbito da “Operação Lava Jato”, dos acionistas da JBS, maior grupo empresarial não financeiro do Brasil. A divulgação de diálogos altamente comprometedores do delator Joesley Batista com o presidente Michel Temer, provocou enorme estrago nos mercados, que viveram ontem um dia de pânico. O real caiu 7,46% frente ao dólar e a bolsa de valores recuou 8,8%. Hoje, mesmo em meio às incertezas em relação à continuidade do governo Temer e à aprovação das reformas, os mercados aparentaram um pouco menos de tensão e nossa moeda recuperou perto de 3,8% das perdas de ontem.

Na quinta-feira, as cotações do café em Nova Iorque recuaram 475 pontos e hoje reagiram, subindo 245 pontos nos contratos com vencimento em julho próximo. No balanço da semana esses contratos perdem 285 pontos. No mercado físico brasileiro a alta do dólar frente ao real e as incertezas com o desdobramento da crise nas próximas semanas trouxeram mais compradores para o mercado e ofertas em reais um pouco melhores. Os produtores que precisavam vender para fazer frente às despesas de colheita aproveitaram para fechar negócio, mas o volume não foi grande. Estamos na entressafra e quem ainda têm cafés da safra 2016 não parece disposto a vender nas bases oferecidas pelos compradores. O agravamento da crise política e econômica deixou esses cafeicultores ainda mais relutantes.

Um grande sistema de baixa pressão atmosférica trouxe, fora de hora, chuvas intensas e generalizadas sobre as regiões produtoras de café do sudeste Brasileiro. A chuva prosseguirá durante o fim de semana e o acumulado destes dias de chuva deverá ultrapassar a média de todo o mês de maio no Paraná, São Paulo e regiões produtoras de café de Minas Gerais. Também choverá no Espírito Santo e sul da Bahia, porém em volumes menores. Essas chuvas e a irregularidade na maturação estão atrasando o início dos trabalhos de colheita e derrubando frutos maduros de café por toda essa extensa área, responsável por quase toda a produção de café do Brasil.

A CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento divulgou ontem, quinta-feira, sua segunda estimativa para a nova safra 2017. Segundo a CONAB, o volume de café produzido no país na safra 2017 deve ser de 45,5 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado, com uma redução de 11,3% quando comparado às 51,4 milhões de sacas de 2016. Os números, que representam o somatório das espécies arábica e conilon. Os operadores trabalham com números de produção um pouco acima dos estimados pela CONAB.

A “Green Coffee Association” divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.890.354 em 1 de abril de 2017. Alta de 165.497 sacas em relação às 6.724.857 sacas existentes em 1 de março de 2017.

Até dia 18, os embarques de maio estavam em 999.657 sacas de café arábica, 867 sacas de café conilon, mais 58.898 sacas de café solúvel, totalizando 1.059.422 sacas embarcadas, contra 1.004.154 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 18, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 1504.501 sacas, contra 1.494.037 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 12, sexta-feira, até o fechamento de  sexta-feira, dia 19, caiu nos contratos para entrega em julho próximo 285 pontos ou US$ 3,77 (R$ 12,29) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 12 a R$ 557,67 por saca, e dia 19, a R$ 569,65 por saca. Na, sexta-feira, dia 19, nos contratos para entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 245 pontos.

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