Cecafé destaca a responsabilidade socioambiental dos Cafés do Brasil e defende o respeito à ciência nas decisões regulatórias que impactam o comércio

GECOM Cecafé – De 18 a 22 de setembro, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) integrou uma missão de entidades nacionais do agronegócio que percorreu quatro países da União Europeia (UE) para destacar a sustentabilidade, a inovação e a competitividade da agricultura brasileira.

Com iniciativas na Alemanha, Holanda, Bélgica e Itália, a missão foi um esforço de colaboração multisetorial para o engajamento de players locais na defesa do respeito a ciência, previsibilidade e transparência dos processos regulatórios da UE que impactam as exportações do agro brasileiro e, consequentemente, o abastecimento do mercado europeu.

As reuniões entre os representantes das entidades do agronegócio nacional e os da indústria, produção e chancelarias dos países visitados foram realizadas com o apoio das embaixadas do Brasil em Berlim, Haia, Bruxelas e Roma e a maioria ocorreu em suas respectivas sedes.

Em Berlim (ALE), o grupo se reuniu com a German Coffee Association e com representantes da indústria processadora de óleos vegetais e do varejo alemão. Para o setor cafeeiro, foi uma oportunidade de estreitar laços com a representação da indústria torrefadora e os traders locais, reforçando a mensagem de sustentabilidade da cafeicultura brasileira.

“Manifestamos preocupação com a tendência de acentuação da desarmonia entre os Limites Máximos de Resíduos vigentes na União Europeia em relação aos do Brasil e de outros importantes destinos do café brasileiro, como Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, muitas vezes ignorando evidências científicas. O encontro foi uma oportunidade para fortalecer a cooperação entre o Cecafé e a German Coffee Association visando troca de informações técnicas e estudos para o fortalecimento do fluxo de comércio do Brasil para a Alemanha”, destaca Silvia Pizzol, gestora de Responsabilidade Social e Sustentabilidade da entidade.

Na reunião com representantes do corpo diplomático brasileiro em Haia (HOL), foi discutido o papel dos Países Baixos em decisões regulatórias que afetam o comércio. Os representantes das entidades apontaram preocupação com a crescente polarização e a não consideração de evidências científicas em processos com impacto extraterritorial, a exemplo da renovação da autorização de uso de produtos de proteção de plantas, com potencial de afetar o comércio exterior pela queda dos LMRs vigentes na UE.

“A esse respeito, foram consideradas ações de cooperação com países sul-americanos exportadores de alimentos para a sensibilização das autoridades dos Países Baixos no que se refere à importância da ciência como balizadora das decisões regulatórias”, conta Silvia.

Em Bruxelas (BEL), a delegação brasileira teve uma intensa agenda de reuniões, iniciando com representantes do governo belga das áreas de agricultura, meio ambiente, energia, comércio exterior e cooperação internacional. O Cecafé apresentou dados que mostram a trajetória de evolução da cafeicultura brasileira em direção a mais sustentabilidade e competitividade, sempre norteada pela ciência e pesquisa.

“Explicamos o equilíbrio existente entre a produção de café e a preservação ambiental, apresentando os resultados do Projeto Carbono em Minas Gerais, que obteve um balanço negativo de 10,5 toneladas de Co2 e equivalentes para cada hectare plantado de café devido à adoção de boas práticas agrícolas. Além disso, ressaltamos a existência de 50 toneladas de carbono estocadas na forma de vegetação nativa para cada hectare plantado com café, nas propriedades rurais”, revela a gestora do Cecafé.

Ainda conforme ela, também foi enaltecida a importância social da cafeicultura do Brasil por sua estrutura fundiária, com predominância de pequenas propriedades rurais, cujos produtores auferem uma renda de bem-estar e transferem desenvolvimento para as regiões produtoras, demonstrado a partir da correlação positiva entre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e a área cultivada com café nos municípios.

As demais reuniões realizadas na Embaixada do Brasil em Bruxelas, com a presença do corpo diplomático nacional, representantes de associações de importadores, entre elas a European Coffee Federation (ECF) e representações diplomáticas de países exportadores de alimentos, como Canadá, Argentina, Nova Zelândia, Uruguai e Paraguai, foram centradas em três temas: regulamento antidesmatamento da UE (EUDR), mudanças climáticas e regulamentações europeias relacionadas à segurança alimentar.

“O Cecafé e a ECF expuseram o projeto piloto em desenvolvimento no Brasil, em parceria com a Agência da União Europeia para o Programa Espacial (EUSPA), que objetiva testar a aplicação dos procedimentos de devida diligência previstos na EUDR no âmbito da Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil. Em relação às mudanças climáticas, explicamos as ações em desenvolvimento pelo segmento exportador, que incluem a mensuração do balanço de carbono na produção de café conilon capixaba e a avaliação da viabilidade de um projeto agrupado de créditos de carbono”, relata Silvia.

De acordo com ela, tanto em Bruxelas, quanto nas reuniões realizadas na Embaixada de Roma (ITA) com os representantes do segmento importador de alimentos da Itália, ficou claro o alinhamento das preocupações com as tendências de perda de embasamento científico e pragmatismo na tomada de decisões regulatórias que impactam o abastecimento da indústria agroalimentar europeia.

A gestora do Cecafé analisa que a missão criou oportunidades para o desenvolvimento de alinhamentos e ações conjuntas entre exportadores e importadores para a defesa da transparência e previsibilidade dos processos regulatórios europeus, visando preservar a estabilidade do fluxo de comércio.

“Além disso, foi aberta a possibilidade de organização de missões de representantes dos setores público e privado da União Europeia ao Brasil, para conhecerem in loco os fatos apresentados nas reuniões, que evidenciam a sustentabilidade da agricultura brasileira nas suas dimensões ambiental, social e econômica”, conclui.

Além do Cecafé, participaram da missão a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) e a Bayer.