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Aperto no crédito reduz expectativa de crescimento das cooperativas financeiras

por Revista Globo Rural:

Bancoob, banco que dá suporte às operações do segmento, avalia que há sinal de enfraquecimento na demanda

O aperto nas condições de acesso ao crédito deve levar a um crescimento menor das operações entre as cooperativas financeiras. De acordo com o Bancoob, banco que dá suporte ao segmento, espera uma expansão de 11% no financiamento do setor agropecuário neste ano. Em 2014 e 2015, respectivamente, as elevações tinham sido de 21% e 18% nas liberações de recursos.

“Isso mostra que a demanda do produtor por crédito está esfriando. Esperamos crescimento, mas ele é limitado pelas incertezas no país”, avalia o diretor-presidente do Bancoob, Marco Aurélio Borges de Almada, em entrevista a Globo Rural. Em 2015, as liberações de crédito agropecuário pelas cooperativas ligadas à instituição somaram R$ 13,6 bilhões, sendo R$ 9,7 bilhões em recursos a taxas de juros controladas, subsidiadas pelo governo.

Considerado só a safra 2015/2016, até o mês de março, o Bancoob registrou liberações de crédito de R$ 4,031 bilhões. Foram R$ 4 bilhões em linhas de juros subsidiados e o restante a taxas praticadas pelo mercado. O orçamento total da instituição para o ciclo que termina oficialmente em junho deste ano é de R$ 8,28 bilhões. “Na situação de hoje, tenho condições de liberar em um safra R$ 7 bilhões”, afirma.

Para este ano, a expectativa é chegar a 31 de dezembro com uma carteira de R$ 10,2 bilhões em créditos a juros controlados e outros R$ 4,5 bilhões em financiamentos a juros de mercado. Respectivamente, as taxa de crescimento esperadas para as duas modalidades são de 5% e 15%. O calendário fiscal 2016 corresponde ao último semestre da safra 2015/2016 e primeiros seis meses do ciclo 2016/2017.

“Faltam recursos para estimular o crescimento dos créditos controlados”, diz Almada. “Estamos vendo a disponibilidade de crédito controlado caindo e a de crédito livre subindo. Seguimos essa tendência e esperando mais do crédito livre, mas somos defensores da manutenção do crédito controlado”, argumenta.

O crescimento no financiamento a juros de mercado deve ser estimulado, principalmente, pela captação de recursos por meio das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Almada acredita que esse tipo de funding pode crescer também 15%, dando suporte às operações de crédito livre para o agronegócio. Segundo o executivo, o mercado de renda fixa está procurando alternativas de investimento e a LCA tem se mostrado uma opção interessante para os investidores.

Plano-Safra 2016/2017

O diretor-presidente do Bancoob informou que a instituição já discute com o governo a demanda das cooperativas financeiras para o Plano-Safra 2016/2017. Marco Aurélio Borges de Almada acredita que, a partir de julho, quando começa o calendário da safra nova, deve ser liberado um volume menor de recursos para investimento e manutenção das modalidades voltadas para o custeio da produção. E já admite que nem toda a demanda das cooperativas financeiras será atendida.

“Normalmente, o governo acolhe a nossa demanda, mas na hora de anunciar o Plano-Safra vem um corte. Normalmente sai com atraso e diferente do que a gente pediu”, lamenta o executivo do Bancoob.

Na avaliação de Almada, seria interessante o governo antecipar o anuncio do crédito para a próxima safra, assim como reivindicam outras entidades ligadas ao setor agropecuário. Ele entende que há uma “sensibilidade” dos técnicos do governo em relação a isso, mas reconhece que a atual situação econômica é um obstáculo a uma definição mais rápido em relação ao subsídio a ser dado para o setor no próximo ciclo.

“Pode haver aumento das taxas ou diminuição do subsídio ou a retirada de benefícios tributários que beneficiem os investimentos. Mas acreditamos que a tendência para o próximo plano safra é de diminuição no crédito controlado e aumento nos recursos livres”, ressalta o diretor-presidente do Bancoob.

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