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“Área desmatada não deveria ser um problema para os cafés do Brasil”, afirma presidente da illy

Por Notícias Agrícolas: 

Postado em: 03/03/23

“Sobre a área desmatada não acho que deveria ser um problema para os cafés do Brasil”, afirmou Andrea Illy – presidente da illy café, sobre as novas regras de importação da União Europeia, em coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (2) em São Paulo.

Há mais de 30 anos a illy é uma das principais compradoras de café do Brasil. Em uma agenda recente pautada em mais do que qualidade, mas também em sustentabilidade, a empresa está atenta às práticas adotadas pelos produtores brasileiros e também as novas regras de importação da UE.

illyColetiva aconteceu na manhã desta quinta-feira (2) em São Paulo

Andrea destacou que as novas leis fazem parte de uma estratégia adotada pela Europa para acompanhar a fase de transição da ecológica que naturalmente está acontecendo com a economia global.

“É o caminho do não sustentável, para o sustentável. Já aconteceu com alguns herbicidas e tudo mais. Sobre as áreas desmatadas não acho que deveria ser um problema para o Brasil. Aqui se tem 2 milhões de hectares de café e ainda tem muitas terras que ainda podem ter café sem desmatar, o Brasil tem reserva para aumentar a sua produtividade”, disse.

O porta-voz ressaltou ainda que todas as pontas da cadeia cafeeira podem ajudar a resolver os futuros impasses. “Há áreas desmatadas nas origens, mas não é claro onde estão essas áreas. A Organização Internacional do Café (OIC) pode ajudar a resolver esses problemas. É um processo legislativo um pouco complexo, típico da União Europeia”, disse.

Nos últimos anos a illy vem focando os trabalhos em avançar com a agricultura regenerativa em áreas de café. Neste sentido, o foco é fazer a transição da cafeicultura tradicional para a regenerativa, contemplando vegetação e solo. A prática já tem sido adotada por produtores de café nas principais regiões do país.

“O Brasil é um ponto muito importante e no ponto de vista da biosfera, é país mais importante do mundo”, afirmou. O empresário comentou ainda que a illy segue investindo em muita pesquisa para que a transição entre os modelos de produção seja eficaz. “Nada disse é linear, tudo isso precisa ser estudado e é isso que estamos fazendo”, disse.

Café - Foto Envato (12)

Qualidade dos cafés do Brasil 

Pelo menos 50% dos cafés comprados pela illy no mundo são provenientes das lavouras brasileira. Responsável por um dos prêmios mais tradicionais da cafeicultura, a torrefadora também reconhece que o cafeicultor do Brasil cada vez mais se empenha em entregar qualidade, sobretudo após anos de desafios climáticos.

Prova disso, é que os números atuais da illy mostraram que mais de 70% dos cafés recebidos pela torrefadora atendem a demanda de café de alta qualidade, deixando o concurso cada vez mais acirrado.

“Nós sentimos muito positivamente e tivemos dificuldades em selecionar os 40 finalistas e depois os primeiros colocados, está muito difícil. Temos um de análise muito qualificado que dá conta dessa dificuldade de selecionar a qualidade de café. A cada ano, temos mais dificuldade, felizmente”, finaliza a illy.

Café Patrocínio

Histórico 

O acordo que impede a importação de commodities ligadas ao desmatamento foi assinado em dezembro. No dia 13 de setembro de 2022, o Parlamento Europeu já havia aprovado as novas regras, que agora também foram aceitas pelo executivo. Segundo informações publicadas pela Comissão Europeia, uma vez adotada e aplicada, a nova lei garantirá que um conjunto de bens essenciais colocados no mercado da UE deixará de contribuir para o desmatamento e a degradação florestal na UE e em outras partes do mundo.

Vale lembrar que as novas regras de importação podem afetar as compras de soja, café, carne bovina, cacau, madeira e óleo de palma. Produtos derivados e manufaturados como chocolate, papel impresso e móveis também deverão ser incluídos.

Novas regras de due diligence para empresas

O novo regulamento estabelece fortes regras obrigatórias de due diligence para empresas que desejam colocar produtos relevantes no mercado da UE ou exportá-los. Operadores e comerciantes terão que provar que os produtos são livres de desmatamento (produzidos em terras que não foram sujeitas a desmatamento após 31 de dezembro de 2020) e legais (em conformidade com todas as leis relevantes aplicáveis ​​em vigor no país de produção).

As novas regras pedem que as empresas coletem informações precisas sobre as áreas de produção agrícolas. O não cumprimento pode resultar em multas e até mesmo no impedimento de vendas para União Europeia.

“O acordo político de hoje sobre a lei de desmatamento da UE marca um importante ponto de virada na luta global contra o desmatamento. Ao fazermos a transição verde na União Europeia, também queremos garantir que nossas cadeias de valor também se tornem mais sustentáveis. Combater o desmatamento é uma tarefa urgente para esta geração e um grande legado a ser deixado para a próxima”, afirma Frans Timmermans, Vice-Presidente Executivo do European Green Deal à publicação da Comissão Europeia na época.

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