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As oscilações na ICE respondem aos interesses de curto prazo de fundos e especuladores
por Carvalhaes:
As cotações do café em Nova Iorque oscilaram em uma amplitude menor na semana, mas fecham a sexta-feira praticamente recuperando as perdas da semana anterior. Os contratos com vencimento em setembro próximo ganharam 270 pontos (haviam perdido 295 pontos na semana passada), enquanto o real se valorizou perto de 1% frente ao dólar.
As oscilações na ICE respondem aos interesses de curto prazo de fundos e especuladores, cada vez mais focados em análises gráficas e programas comandados por logaritmos. É um mundo virtual onde se negociam diariamente milhares de sacas de café que só existem no papel.
Os fundamentos do mercado físico influenciam pouco as análises. Os institutos de meteorologia informam que uma frente fria mais forte chegará sobre o sudeste brasileiro neste final de semana, trazendo chuvas e temperaturas baixas. As cotações em Nova Iorque fecharam hoje em baixa, refletindo a despreocupação dos operadores com a onda de frio, mesmo sabendo que na próxima segunda-feira a ICE trabalhará apenas em tempo parcial e na terça-feira, quatro de julho, feriado nacional nos EUA, não haverá pregão.
A colheita da nova safra, de ciclo baixo, avança agora com mais rapidez, porém no início da próxima semana chuvas em diversas regiões produtoras voltarão a perturbar os trabalhos. Lotes de café começam a chegar aos armazéns em maior volume, mas como os preços oferecidos pelos compradores são considerados baixos, o interesse de venda dos produtores é pequeno, abaixo do normal para um início de safra. Em julho, primeiro mês do novo ano-safra, grande parte do abastecimento do consumo interno brasileiro e de nossas exportações terão de ser supridos por remanescentes da safra que agora termina.
Os cafeicultores estão com a atenção voltada para os trabalhos de colheita da nova safra e preparo dos lotes vendidos meses atrás para entrega agora em julho, agosto e setembro. O volume de café assim vendido é bem inferior aos das últimas safras, o que obrigará os compradores a disputarem com mais disposição os lotes que forem oferecidos no mercado físico brasileiro.
A quantidade de grãos brocados cresceu em relação aos últimos anos-safra e a porcentagem de grãos de peneiras altas, 17 e 18, apesar de mais alta de que na safra 2016, ficará abaixo da média esperada pelo mercado.
Os embarques brasileiros de café em junho devem ficar ao redor dos dois milhões de sacas e no ano-safra 2016/2017 (julho de 2016 a junho de 2017) ficarão um pouco abaixo de 33 milhões de sacas. Esse número é reflexo do término dos estoques governamentais e do baixo estoque de passagem em mãos da iniciativa privada. Mesmo que os preços praticados fossem mais altos o volume de embarques deste ano-safra não teria sido muito maior. Com o consumo mundial em alta, o Brasil, maior produtor, maior exportador e segundo maior consumidor, depende agora do tamanho da safra colhida, não possuindo estoques para fazer frente a um problema climático ou desinteresse dos cafeicultores em investir no aumento da produção.
A safra que estamos colhendo é de ciclo baixo e as lideranças da cafeicultura precisam agir com rapidez e firmeza para que os cafeicultores brasileiros possam vender sua safra a preços que compensem a produção menor e o aumento dos custos de produção.
Até dia 29, os embarques de junho estavam em 1.465.455 sacas de café arábica, 10.403 sacas de café conilon, mais 160.682 sacas de café solúvel, totalizando 1.636.540 sacas embarcadas, contra 1.813.791 sacas no mesmo dia de maio. Até o mesmo dia 29, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 2.085.382 sacas, contra 2.324.777 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 23, sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 30, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo 270 pontos ou US$ 3,57 (R$ 11,81) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 23 a R$ 542,62 por saca, e dia 30, a R$ 550,21 por saca. Na sexta-feira, dia 30 nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 65 pontos.
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