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BALANÇO SEMANAL CNC — 03 a 07/06/2019

 

CNC debate crise de preços do café na Comissão Europeia

Na sede do órgão executivo da UE, Silas Brasileiro expôs a situação crítica vivida pelos cafeicultores brasileiros e pediu real comprometimento dos consumidores e da indústria para solucionar a crise

O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, participou, ontem (6), em Bruxelas, na Bélgica, do Simpósio “Alcançando os ODSs: Desafios para a cadeia de valor do café. Soluções compartilhadas para os níveis de preços, a volatilidade e a sustentabilidade no longo prazo”, realizado pela Organização Internacional do Café (OIC) em parceria com a Comissão Europeia e a Federação Europeia de Café (ECF, em inglês).

A Comissão Europeia sediou e decidiu participar desse debate com a intenção de reunir informações e propostas para apoiar a sustentabilidade do setor cafeeiro mundial, as quais serão apresentadas ao recém-eleito parlamento europeu, que tomará posse no dia 2 de julho.

Durante as discussões sobre a crise de preços, o presidente do CNC afirmou que as cobranças sobre os cafeicultores e suas cooperativas são cada vez maiores em relação a investimentos para garantir boas práticas ambientais e sociais, mas a remuneração segue a tendência contrária, diminuindo ao longo dos anos.

“Na ausência de soluções, que somente serão implantadas se houver real comprometimento dos consumidores com a sustentabilidade econômica da cafeicultura, este cenário poderá comprometer o abastecimento futuro do mercado”, alertou Brasileiro.

O presidente do CNC foi um dos expositores do Painel “Políticas e Estratégias para atingir os desafios de sustentabilidade para o setor cafeeiro” junto com Marcelo Burity, da Nestlé; Reena Eddiks, da Volcafe; Gerd Fleischer, da GIZ; e Josphine Ndikwe, da Associação de Produtores de Café do Quênia.

Um dos objetivos do painel foi debater as análises iniciais realizadas pela equipe do professor Jeffrey Sachs, que foram apresentadas por seu colega professor James Rising, da London School of Economics. Além de ferramentas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e aprimorar a transparência ao longo da cadeia café, o estudo prevê a ideia de um fundo para complementar a renda dos pequenos produtores em dificuldades financeiras.

“Reforçamos o convite e percebemos um grande interesse dos representantes de diversos países produtores e consumidores em continuar essa discussão no II Fórum Mundial de Produtores de Café, que o Brasil realizará nos dias 10 e 11 de julho, em Campinas (SP)”, revelou o presidente do CNC.

Sobre a ideia do fundo, Silas Brasileiro recomendou cuidado para esses potenciais recursos não estimularem novos plantios e que o foco deve ser o ordenamento da oferta. Como exemplo, citou o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) no Brasil, que é gerido pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), um case de sucesso de parceria público-privada na organização setorial.

Ainda sobre o equilíbrio entre oferta e demanda, ele alertou que o crescente mercado de cápsulas pode ter um efeito inverso do que o esperado, pois o volume consumido de café é menor nesta forma de preparo.

O CNC também foi participante ativo no Grupo de Trabalho I, com o tema “Como lidar com a volatilidade de preços e estabilizar a renda dos produtores?”. Silas Brasileiro destacou o importante serviço prestado pelas cooperativas brasileiras para auxiliar os cafeicultores na gestão do risco de preços, por meio de operações de mercados futuros (hedge) e barter para aquisição de insumos, inclusive máquinas.

Por fim, o presidente do Conselho afirmou que a indústria torrefadora precisa praticar uma comunicação mais realista a respeito da sustentabilidade da produção cafeeira. “Reforçamos aos representantes da Nestlé e da JDE, que estão na ponta vendedora, a necessidade de maiores esforços para informar aos consumidores a realidade vivenciada pelos cafeicultores no campo”, concluiu.

Encaminhamentos
Esse simpósio foi o quinto evento realizado como parte do “Diálogo Estruturado em Todo o Setor” da OIC para implementar a Resolução 465 sobre os Níveis de Preços do Café. O objetivo foi reunir diferentes ideias e envolver todos os segmentos da cadeia global e a sociedade civil na busca por soluções práticas para garantir um setor cafeeiro sustentável, principalmente na dimensão econômica.

Entre as recomendações elencadas, constam: (i) mais investimentos e disseminação das inovações tecnológicas existentes para ampliar a transparência ao longo da cadeia café e melhor remuneração aos produtores; (ii) o apoio ao cooperativismo como forma de empoderar os cafeicultores para gerir riscos e acessar mercados; (iii) a remoção de quaisquer barreiras financeiras ao consumo, incluindo as tarifas sobre importação de café industrializado; e (iv) a promoção permanente do consumo de café.

As propostas reunidas pela OIC serão apresentadas no Fórum de CEO´s e Líderes Globais durante a 125ª sessão do Conselho Internacional do Café, em setembro, na sede da Organização, em Londres, Inglaterra. O objetivo será criar um roteiro com ações concretas para enfrentar a crise dos preços do café e a volatilidade, impulsionar a mudança transformacional no setor e trabalhar para alcançar os “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.

Além disso, os resultados desse diálogo setorial serão expostos no primeiro “Relatório de Estratégia Econômica da OIC”, que também será lançado em setembro deste ano e incluirá uma análise empírica rigorosa sobre o impacto dos níveis de preços e as recomendações para soluções acessíveis para a geração de renda.

 

Vendas de fundos freiam recuperação nos preços do café

Após bons ganhos acumulados no mercado, fundos se desfizeram de posições compradas na quarta-feira, dia 5

Os preços internacionais do café seguiam em recuperação nesta semana até a quarta-feira, 5 de junho, quando sofreram um revés e despencaram, ocasionando um saldo semanal negativo nos mercados.

Analistas indicam que a forte baixa da quarta-feira, superior a 6%, foi puxada por um expressivo movimento de vendas de posições por parte dos fundos de investimento após os ganhos ocorridos até então. As perdas, contudo, foram mitigadas por compras de oportunidade na quinta-feira.

Na Bolsa de Nova York, o vencimento julho do contrato “C” encerrou o pregão a US$ 1,0205 por libra-peso, acumulando desvalorização de 170 pontos. Na ICE Futures Europe, o contrato com vencimento em julho/19 do café robusta caiu US$ 47, negociado a US$ 1.431 por tonelada.

A queda do dólar em relação ao real contribuiu para a recuperação do café após o tombo de quarta-feira. No Brasil, o câmbio acompanhou a tendência internacional, com a valorização do euro e da libra sendo estimulada pelos sinais do Banco Central Europeu de que um corte de juros poderá ocorrer, mas não de imediato. Ontem, a moeda norte-americana fechou a R$ 3,8826, acumulando recuo de 1,1%.

Em relação ao clima, a chegada do frio no cinturão produtor cafeeiro do Brasil deve favorecer a sustentação do preço. Segundo a Somar Meteorologia, uma massa de ar seco deve atuar em quase toda a Região Sudeste nesse fim de semana, mantendo as temperaturas baixas. O serviço meteorológico informa que há possibilidade de geada na Serra da Mantiqueira, no trecho entre os municípios de Maria da Fé (MG) e Itatiaia (RJ).

No mercado físico, os preços acompanharam a movimentação internacional e também reduziram as perdas com a recuperação de ontem. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a retração dos agentes mantém os negócios calmos. Os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 413,84/saca e a R$ 295,21/saca, respectivamente, com perdas de 0,95% e 1,4%.

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