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Balanço Semanal CNC — 04 a 08/maio
por Silas Brasileiro / Presidente Executivo do CNC:
— CNC encaminha ofícios ao Governo solicitando suspensão da aprovação dos requisitos fitossanitários para a importação de café arábica do Peru.
IMPORTAÇÃO DE CAFÉ — Nesta semana, deparamo-nos com a publicação, no Diário Oficial da União de 30 de abril, de instrução normativa, assinada pelo secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Décio Coutinho, aprovando “requisitos fitossanitários para importação de grãos (Categoria 3, Classe 9) de café (Coffea arabica L.) produzidos no Peru”. A medida surpreende por ter sido mais uma a ser adotada à revelia de consultas ao setor privado e, principalmente, por não ter levado em consideração o contexto mercadológico.
O CNC entende como inaceitável e inconcebível a autorização para se importar café arábica do Peru, justamente no período da entrada de safra do Brasil, o maior produtor mundial. Não obstante, acabamos de presenciar a realização de um e o agendamento de outros dois leilões dos estoques públicos do produto, os quais, ainda que em volume pouco significativo, se somados à possibilidade de importação, sinalizam ao mercado que o País não possui o produto para honrar seus compromissos com exportação e consumo, o que não é verdade.
Como representante do setor produtivo, o CNC alerta que esse tipo de postura, contrária à realidade mercadológica, sinalizando que não temos oferta para honrar a demanda, é extremamente danosa ao País, pois o ingresso de grãos do exterior, quando temos café para satisfazer as necessidades, pressionará ainda mais os preços da commodity, fazendo com que os produtores, já endividados, percam renda e, por conseguinte, competitividade.
Dessa forma, entendemos esta medida como extremamente negativa e que poderá retirar muitos cafeicultores da atividade, a qual, do ponto de vista social, é a principal geradora de empregos no campo. Subsequentemente, é provável que vejamos o desencadeamento do desemprego nas regiões produtoras e o seu reflexo no inchaço das cidades, aumentando a violência urbana.
A esse respeito, encaminhamos, na segunda-feira, 4 de maio, ofícios à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu (clique aqui e veja o ofício CNC Nº 39/05), e à Presidente da República, Dilma Rousseff (clique aqui e veja o ofício CNC Nº 40), solicitando a imediata suspensão da aprovação de requisitos fitossanitários para importação de café produzidos no Peru. Até o fechamento deste boletim, ainda não tivemos retorno de nosso pleito, mas seguiremos em contato com o Governo para que essa medida não seja implementada em detrimento aos cafeicultores.
PREÇO MÍNIMO — O Diário Oficial da União de quinta-feira, 7 de maio, publicou a Portaria Nº 94, assinada pela ministra Kátia Abreu, que traz os preços mínimos do café para vigência no período entre abril de 2015 e março de 2016.
Infelizmente, a cotação do arábica foi mantida em R$ 307 por saca. Entretanto, em audiência com a ministra Kátia Abreu, ela nos informou que pretende traçar comparativos entre a metodologia Conab/Mapa e as utilizadas pelo setor privado, envolvendo instituições como Cepea, Ufla, entre outras, para se ter uma melhor apuração dos reais custos de produção e conduzir o preço mínimo da variedade para valores mais próximos à realidade. Infelizmente, também, isso só será possível para a safra seguinte.
A respeito do conilon, o valor foi elevado para R$ 193,54 por saca, frente aos R$ 180,80 anteriores, corrigindo um pouco a defasagem existente em relação aos gastos nas lavouras.
O CNC informa que continuará trabalhando junto ao Governo Federal para que os preços mínimos fiquem o mais próximo possível da realidade do campo e para que o setor produtor tenha a implementação de políticas públicas pró-ativas e embasadas em preços mínimos condizentes com o dia a dia do cafeicultor em sua atividade.
CONTEXTO DE MERCADO — Há tempos temos observado que os fatores fundamentais de mercado são favoráveis à recuperação dos preços – crescimento do consumo e quebras consecutivas de safra no Brasil –, porém esta não ocorre ou, quando surge, é rapidamente absorvida pelas realizações de lucro. Um dos principais fatores para isso é a absurda especulação a respeito dos tamanhos das produções brasileiras de café, como voltamos a observar nesta semana.
Somente em 2015, deparamo-nos com usuras que apontam nossa colheita de 40 milhões a 52 milhões de sacas, ou seja, um gap que corresponde à safra da Colômbia, o terceiro maior produtor do mundo. Portanto, quando se especula dessa forma, é claro que o mercado passa a trabalhar no boato e os agentes dão o contexto às cotações à procura de sua proteção e de seus lucros em detrimento dos milhões de produtores de café no mundo.
O CNC, na condição de representante do setor produtor da cafeicultura nacional, reitera que o levantamento contratado junto à Fundação Procafé e as estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) são os mais confiáveis, haja vista que são realizados em campo, por especialistas na atividade e com consulta a milhares de produtores e vistoria dos cafezais, o que permite a revelação mais próxima da realidade de nossas lavouras. Além disso, toda a metodologia é apresentada em conjunto com os números estimados, de maneira que não haja espaço para contestações.
Com base nesse contexto e considerando a absurda vontade de players do mercado “preverem” nossas safras de café, o CNC solicita que, se pretendem continuar realizando esses “estudos”, que o façam apresentando também suas metodologias ou então revelem suas reais intenções, pois não é aceitável gerarem impactos negativos sobre os preços e prejudicarem os principais agentes da cadeia, que são os produtores, os responsáveis pela existência do café.
CADASTRO AMBIENTAL RURAL — No dia 4 de maio, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, assinou a Portaria Nº 100, oficializando a prorrogação do prazo de inscrição no Cadastro Ambiental Rural – CAR por um ano, contado a partir de 5 de maio de 2015. Entendemos que esta foi uma ação acertada por conta do Governo e que gera alívio para a maioria dos agricultores brasileiros, os quais terão tempo hábil para se adequarem às obrigações do Código Florestal (Lei 12.651/12).
MERCADO – A proximidade da colheita brasileira e a multiplicidade de estimativas de safra sem embasamento de campo, que mostram uma recuperação fora da realidade dos volumes a serem colhidos no País, pressionaram as cotações futuras do café arábica nesta semana. A retomada do movimento de valorização do dólar ante o real também auxiliou nas perdas dos preços futuros da variedade.
Nos últimos dias, o movimento das cotações da moeda norte-americana foi influenciado pelo cenário externo, com geração de empregos aquém das expectativas nos Estados Unidos, em abril, e no âmbito doméstico, pelo início da consecução do ajuste fiscal e por expectativas de novo aumento de juros pelo Banco Central do Brasil. Ontem, a moeda encerrou a sessão a R$ 3,0275, com alta de 0,5% na semana.
O vencimento julho do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,317 por libra-peso, acumulando queda de 250 pontos em relação ao desempenho da sexta-feira passada. Na ICE Futures Europe, as cotações do robusta também se desvalorizaram. Ontem, o vencimento julho/2015 encerrou o pregão a US$ 1.718 por tonelada, com perdas de US$ 54 na semana.
Com os preços aquém das expectativas dos vendedores, o mercado físico brasileiro seguiu com baixa liquidez nos últimos dias. Os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados, respectivamente, a R$ 421,97/saca e a R$ 285,52/saca, ambos com queda de 3% em relação à sexta-feira anterior.
No que se refere ao comércio exterior, os dados de exportação de café verde divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio indicaram discreta retração dos embarques em abril. No acumulado do mês, foram exportadas 2,815 milhões de sacas, apresentando redução de 1,6% frente a março e de 1,7% na comparação com os resultados de abril de 2014. O menor nível de preços pressionou significativamente a receita cambial, que totalizou US$ 468,8 milhões, representando retração de 6,4% ante os US$ 500,8 milhões auferidos no mesmo período do ano anterior.
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