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BALANÇO SEMANAL CNC — 06 a 10/07

CNC e Emater-MG realizam seminário on-line para o setor
Durante webinário, foi destacada a importância do Funcafé, o andamento da colheita e anunciado concurso mineiro de qualidade
O Conselho Nacional do Café (CNC) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) realizaram, ontem, 9 de julho, o webinar “Funcafé e Colheita 2020”, atividade que integra as ações do Termo de Cooperação Técnica firmado entre as entidades com o objetivo de contribuir com extensionistas, pesquisadores, cooperativas e produtores para desenvolver e fortalecer a produção sustentável da cafeicultura. O evento contou com a participação do vice-governador mineiro, Paulo Brant, da secretária estadual de Agricultura, Ana Maria Valentini, e da presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Nilda de Fátima Ferreira Soares.
O presidente do CNC, Silas Brasileiro, apresentou a importância, para o setor, do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que, na safra 2020, conta com orçamento recorde de R$ 5,71 bilhões para investimentos em pesquisa, custeio, estocagem, financiamento para aquisição de café e capital de giro a cooperativas, industriais e exportadores.
“Desde sua criação, em 1986, o Funcafé teve um ganho real de 349% em seus recursos, o que reflete a boa gestão por meio da sinergia entre os segmentos da cadeia produtiva e o governo federal no âmbito do Conselho Deliberativo da Política do Café. Para a safra atual, obtivemos o orçamento recorde de quase R$ 6 bilhões e, como conquista do CNC, a publicação da Resolução 4.824, que desmistifica o fato de os recursos não chegarem ao produtor, pois ela permite a exposição dos valores e de quem foi o tomador”, destaca.
Em relação ao maior Estado produtor de café no Brasil, o presidente do CNC aponta a evolução no desempenho do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais para operar o capital do Fundo no ciclo 2020.
“O BDMG, com a contratação de R$ 392 milhões, apresenta suas intenções no apoio à cafeicultura mineira. O incremento nos recursos para a instituição, na comparação com os R$ 303 milhões de 2019, reflete a boa gestão e o repasse total no ano passado, além dos esforços que fizemos, no Mapa, para que mais valores pudessem ser tomados por este agente devido à sua otimização na aplicação do capital”, revela.
TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA
O presidente do Conselho também destacou a parceria firmada com o governo de Minas Gerais para fomentar a gestão das propriedades cafeeiras no Estado. “De um lado, temos o conhecimento técnico da Emater para baixar custos, ser mais produtivo e ter mais qualidade. Do outro, os recursos disponíveis através do trabalho do CNC. Essa é uma associação que dá muito certo”, atesta Brasileiro.
Em sua explanação, a secretária de Agricultura de Minas Gerais, Ana Maria Valentini, ressalta o envolvimento das instituições vinculadas a sua Pasta para o benefício dos cafeicultores. “É um trabalho que a Emater tem feito com brilhantismo. Também a Epamig, com a pesquisa que ajuda que o setor cresça, e o Instituto Mineiro de Agropecuária, que contribui muito com o produtor na certificação dos produtos”, aponta.
O presidente da Emater-MG, Gustavo Laterza, enaltece as atividades realizadas pela entidade, destacando a parceria firmada com o CNC. “É uma grata felicitação celebrar o termo de cooperação e estar integrado com as cooperativas. Essa parceria é importante para levar o conhecimento, as oportunidades e as políticas públicas para fomentar a atividade produtiva do café. Também fomentamos a cultura do associativismo e do cooperativismo junto aos produtores”, comenta.
SAFRA 2020
Laterza passou, ainda, um panorama sobre o andamento da colheita no principal Estado produtor de café no Brasil, que deve se situar entre 30,7 milhões e 32,1 milhões de sacas de 60 kg, com produtividade de 30,7 sacas a 32,1 sacas por hectare em uma área produtiva de 1,033 milhão de hectares.
No Sul de Minas, a Emater-MG indica que 40% dos cafés foram colhidos até o momento, mesmo percentual projetado para os trabalhos de cata no Cerrado Mineiro. Na Chapada de Minas, a previsão é que a colheita atingiu 50%, enquanto tenha chegado a 55% nas Matas de Minas.
Diante da pandemia do novo coronavírus, causador da Covid-19, ele apresentou alguns reflexos na atividade cafeeira. No âmbito estadual, ocorreu certa elevação nos custos de produção em função de o produtor ter que fazer a adequação aos protocolos sanitários na propriedade e no transporte de trabalhadores. Também houve redução no fluxo de trabalhadores de outras regiões, “mas boa parte foi suprida com a utilização de mão de obra regional”.
Laterza revela que há um pouco de preocupação em relação à qualidade na Chapada de Minas – microrregião que tem estimativa para produzir 685 mil sacas –, onde foram registradas maturação desuniforme dos grãos e ocorrência de chuvas, que dificulta o tratamento pós-colheita.
Nas demais áreas cafeeiras de Minas, a qualidade está adequada, com maturação bastante uniforme e cafés com peneiras altas. “A sanidade das lavouras está boa, há pouca ou quase nenhuma incidência de broca e alguns produtores vêm focando em cafés especiais”, completa.
O presidente do CNC recorda que, para o andamento seguro e dentro da normalidade possível dos trabalhos de cata diante da pandemia, foi fundamental a cartilha “Orientações sobre prevenção ao coronavírus durante a colheita do café”, desenvolvida em parceria pelo Conselho e a Emater-MG.
“O material foi feito com base nas orientações de organismos de saúde e de acordo com a legislação trabalhista brasileira e traz recomendações aos profissionais para se prevenirem e evitarem a propagação da Covid-19. Com o cumprimento dessas recomendações, os cafeicultores dão andamento à colheita e não têm um encargo financeiro adicional significativo”, explica Brasileiro. “A cartilha foi compartilhada com todos os municípios de Minas Gerais”, completa Laterza.
CONCURSO DE QUALIDADE
O vice-governador Paulo Brant, durante o webinário, fez o lançamento do 17º Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, competição aberta à participação dos produtores de arábica de todos os municípios do Estado.
“O concurso valoriza a qualidade e a diversificação do café mineiro. Ele também tem um caráter educativo. Aquilo que é desenvolvido no processo para a obtenção da qualidade, que caracteriza a competição, é repassado, através dos extensionistas da Emater, para todos os produtores”, comenta Brant.
Para participar do concurso, os interessados devem preencher a ficha de inscrição e entregar suas amostras nos escritórios locais da Emater-MG até 8 de setembro. O regulamento completo e a ficha de inscrição estão disponíveis no site da Empresa (clique aqui).
O webinário também contou com a participação de Saulo Faleiros, diretor Secretário da Cocapec, que apresentou o cenário da safra e da comercialização na região da Alta Mogiana; do diretor Superintendente da Expocaccer, Simão Pedro de Lima, que falou sobre qualidade e produtividade da colheita no Cerrado Mineiro; e do presidente da Cocatrel e da Central Coccamig, Marco Brito, que se posicionou a respeito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) e a importância das cooperativas.
Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé, explanou sobre a comercialização da safra atual, com ênfase em preços e comportamento da demanda doméstica e internacional, e o presidente da Minasul, José Marcos Magalhães, expôs as possibilidades que a tecnologia traz para a redução dos custos e ao aprimoramento da comercialização.

Café recua com avanço da colheita e ausência de geada

Desenvolvimento dos trabalhos de cata no Brasil e a não previsão para frio extremo pressionaram futuros
Os contratos futuros do café tiveram semana negativa nos mercados internacionais, seguindo uma tendência baixista com o avanço da colheita no Brasil e a não previsão para ocorrência de frio intenso, com possibilidade de geada, no cinturão cafeeiro do país, o maior produtor mundial. A força do dólar comercial também pesou sobre as cotações.
Na Bolsa de Nova York, o vencimento setembro/20 acumulou perdas de 445 pontos da sexta-feira passada até ontem, encerrando a sessão a US$ 0,9875 por libra-peso. Na ICE Europe, o vencimento setembro/20 fechou a quinta-feira a US$ 1.197, recuando US$ 2 no agregado da semana.
Segundo a Somar Meteorologia, o clima no Brasil segue favorável ao andamento dos trabalhos de colheita. Uma frente fria que estava sobre o Sudeste se afasta pelo oceano no fim de semana. O serviço informa que o sol volta a predominar, sem possibilidade de chuva, com as temperaturas ficando amenas pela manhã e voltando a subir durante a tarde na Região.
Os ganhos na segunda e na terça-feira devido a preocupações sobre a disseminação do novo coronavírus no Brasil e os potenciais impactos na economia favoreceram um desempenho positivo ao dólar comercial na semana, apesar dos recuos na quarta-feira e ontem, motivados pelo anúncio de números melhores que o esperado de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos. A moeda fechou a R$ 5,3436, com alta de 0,4%.
No mercado físico, o arábica recuou, mas em menor proporção do que no internacional, e o robusta pouco se alterou. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as cotações domésticas foram sustentadas pela retração vendedora, já que os produtores têm se concentrado nas entregas programadas, realizando poucos negócios no spot.
Os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e conilon se situaram em R$ 492,33/saca e R$ 348,18/saca, com variações de -3,5% e 0,8%, respectivamente.

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