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Balanço Semanal CNC – 13 a 17/05
Presidente do CNC comenta cenário do mercado
Para Silas Brasileiro, produtores precisam ouvir as recomendações para evitar excesso de oferta e consequentes baixos preços
* Silas Brasileiro
Neste artigo, vamos focar em uma palavra tão importante para os nossos produtores, que é a remuneração justa paga por saca de café, haja vista que, atualmente, trabalhamos em um mercado predatório, cujos preços praticados se encontram abaixo do custo de produção.
Tem sido feito um esforço comum pelas diversas lideranças da cafeicultura mundial e, em especial a brasileira, no sentido de mostrar o empobrecimento de nossos produtores.
Não é por demais valorizar que, se não fosse a criação do Consórcio Pesquisa Café, em 1997, e, dois anos após, a criação da Embrapa Café, com investimentos da ordem de US$ 90 milhões, não estaríamos sobrevivendo ao mercado.
Graças à pesquisa coordenada pelo Consórcio, com a participação das empresas estaduais, fundações e universidades, em 20 anos saímos de uma produção média, no Brasil, de oito sacas para 33 sacas por hectare atualmente.
Este vultoso investimento só foi possível graças ao Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), partilhado por toda a cadeia, passando pela produção, indústrias de solúvel, torrefação, moagem e exportação, cuja criação surgiu de uma Comissão Especial presidida pelo deputado federal Carlos Melles, da qual tive o privilégio de ser o relator.
Temos um Conselho instituído que mantém a nossa cultura do café e, se vivemos esta adversidade de preços, é porque o Conselho Nacional do Café (CNC) não foi ouvido, embora tenha alertado permanentemente os nossos produtores sobre o risco de uma oferta superior à demanda.
Esse fato é real, infelizmente ocorreu, é a bem da verdade! Sem temor por enfrentar a realidade, enfatizo que a razão dos baixos preços é a oferta maior do que o consumo.
É bom destacar que reconhecemos as dificuldades pelas quais passam os produtores brasileiros e de todo o mundo. Estamos trabalhando para que sejam criados mecanismos que possam atenuar os preços hoje praticados, trabalho que vem sendo desenvolvido junto com a Frente Parlamentar do Café, o Instituto Pensar Agro (IPA), a Comissão Nacional do Café da CNA e os Ministérios envolvidos, começando, sem dúvida, pelo da Agricultura.
O que não podemos tolerar, neste cenário, são manifestações que em nada contribuem para ajudar os nossos produtores!
Em nossa visão, se não fossem a evolução da pesquisa e da qualidade e o aumento da produtividade por hectare do café, tendo como resultante menores custos de produção, a dificuldade do nosso produtor seria muito maior.
Esta dificuldade não ocorre somente no Brasil. Todos que acompanham a evolução do mercado veem que as outras nações produtoras estão com situação mais desfavorável que a nossa, pois não têm investimento em pesquisas como temos. Se tivéssemos a produtividade de 20 anos atrás, não existiria mais produção de café em nosso País e a nossa sobrevivência estaria seriamente comprometida.
No âmbito internacional, com o objetivo de conscientizar e engajar os governos e agentes privados dos países produtores e consumidores para a implantação de ações de enfrentamento da crise de preços, aprovamos, na reunião de setembro de 2018 da Organização Internacional do Café (OIC), a Resolução 465.
Entre outras disposições, e visando ao equilíbrio entre oferta e demanda global de café, a Resolução 465 orienta o aumento de consumo focado nos países produtores, a exemplo do Brasil, que absorve 40% do café que produz.
Essa estratégia começou a ser implementada na reunião da OIC de março, em Nairobi, no Quênia, com a apresentação das lições e recomendações do Guia Detalhado da Organização para Promoção do Consumo de Café nos Países Produtores e da realização de amplas discussões visando ao seu aprimoramento.
Ainda no tocante à implantação da Resolução 465, o CNC participará do simpósio interativo “Alcançando os ODSs: desafios à cadeia de valor do café. Soluções compartilhadas para os níveis de preços do café, a volatilidade e a sustentabilidade no longo prazo”, que será realizado em 6 de junho de 2019, no Centro de Congressos Albert Borschette, em Bruxelas, na Bélgica.
Organizado pela OIC, em parceria com a Federação Europeia do Café e sob a égide da Comissão Europeia, este simpósio é o quinto evento que se realiza como parte do “Diálogo Setorial Estruturado” para implementar a Resolução 465 sobre Níveis de Preços do Café.
Em Bruxelas, o CNC apresentará informações sobre a importância do cooperativismo para ampliar a resiliência do setor da produção de café à volatilidade dos preços, destacando os serviços de hedge prestados aos cafeicultores.
O CNC, representando as cooperativas que fornecem insumos, apoio técnico, financiamentos, armazenamento e comercialização, tem se dedicado ativamente para contribuir com a produção, em conjunto com a Comissão Nacional do Café da CNA, para, com responsabilidade, mitigar a aguda crise por que passam os nossos cafeicultores.
* Silas Brasileiro é presidente executivo do Conselho Nacional do Café
Conab estima safra 2019 em 50,9 milhões de sacas de café
Segundo levantamento da estatal foi divulgado ontem e aponta uma redução de 17,4% na comparação com a temporada 2018
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou, ontem (16), sua segunda estimativa para a safra 2019 de café, que foi apontada em 50,92 milhões de sacas de 60 kg.
Esse volume implica queda de 17,4% em relação às 61,7 milhões de sacas colhidas em 2018, ocasionada pelo ciclo bienal de baixa da variedade arábica.
Do total atual apontado pela Conab, 36,98 milhões de sacas se referem à variedade arábica, que responderá por 72% da produção neste ano, apresentando diminuição de 22,1% ante 2018.
O café conilon deverá ter uma colheita de 13,94 milhões de sacas, com recuo de 1,7% frente ao ciclo antecedente. “No caso do conilon, esta projeção deve-se principalmente à expectativa de redução de produção na Bahia e em Minas Gerais, que diminuíram área e apresentam menores estimativas de produtividades médias, e no Espírito Santo, que também diminuiu a produtividade devido ao clima”, revela a estatal.
Segundo o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, o volume está dentro da realidade das lavouras de café no Brasil. “O ciclo bienal já implicaria redução em 2019, assim como os baixos preços têm resultado em menores tratos culturais por parte dos produtores, que não possuem capital para aplicar o melhor manejo nos cafezais”, explica.
Para ele, a safra atual será suficiente para que o país honre seus compromissos com a exportação e o consumo interno. “O Brasil manterá seu market share mesmo diante dos preços aviltados. Isso é reflexo dos investimentos que fizemos em pesquisa nas últimas décadas, que permitiu que a produtividade dos cafezais saltasse de oito para 33 sacas por hectare”, analisa Brasileiro.
Em contrapartida, ele alerta que os produtores precisam se atentar a notícias reais relacionadas ao mercado, evitando ouvir “argumentos de quem em nada contribuem” para a atividade.
“Temos avisado permanentemente sobre o risco de oferta superior à demanda e sugerido que não se estimulasse a abertura de novas áreas com café no Brasil e no mundo sem que fossem implantados programas de estímulo ao consumo na mesma ou em maior proporção. Não nos deram a devida atenção e chegamos a esse cenário que pressiona ainda mais os preços aviltados”, lamenta. O presidente do CNC conclui recordando que a safra 2019, de ciclo baixo, “deverá corrigir pontualmente o desequilíbrio entre oferta e demanda”.
O relatório completo da Conab está disponível no site do CNC, através do link http://www.cncafe.com.br/site/interna.php?id=14.
Café arábica registra alta moderada em Nova York
Futuros subiram mesmo diante de fundamentos negativos devido à sensação de oferta satisfatória e à disparada do dólar
Em meio à fraca volatilidade, os contratos futuros do café arábica registraram alta moderada na semana, mesmo diante de fundamentos negativos devido à sensação de oferta satisfatória e à disparada do dólar. Esse cenário indica que a alta não deve ser consistente e sinalizar melhora, ao menos no curto prazo.
Na Bolsa de Nova York, o vencimento julho/19 do contrato “C” subiu 205 pontos, negociado, ontem, a US$ 0,9165 por libra-peso. Na ICE Europe, o vencimento julho do café robusta fechou a sessão de quinta-feira a US$ 1.335 por tonelada, com perdas de US$ 29, pressionado pela entrada da safra no Brasil e pela fraqueza do real.
O dólar comercial encerrou os negócios a R$ 4,0366, acumulando ganhos de 2,34% no agregado da semana. A divisa norte-americana se sustentou acima de R$ 4 e tocou o maior patamar desde 28 de setembro passado. A moeda vem avançando sobre o real diante da percepção da fraqueza política do governo após derrotas no Congresso e das manifestações nas ruas.
Em relação ao clima, os serviços de meteorologia indicam que deverá continuar favorável aos trabalhos de colheita no cinturão cafeeiro do Brasil. Entretanto, com a aproximação do inverno no Hemisfério Sul, alertam para que os produtores se atentem à possibilidade de geadas e à ocorrência de chuvas atípicas, as quais podem comprometer a qualidade do café.
No tocante à colheita, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) cita que precipitações pontuais e o alto percentual de grãos verdes limitam o avanço dos trabalhos nas regiões da Mogiana (SP), Zona da Mata, Sul e Cerrado de Minas Gerais. No restante das praças, a cata ganha força aos poucos.
Colaboradores consultados pela instituição informam que, em Rondônia, a colheita está entre 20% e 30% do previsto na safra 2019. No Noroeste do Paraná, o índice percentual dos trabalhos se encontra em aproximadamente 20%, enquanto a colheita atinge cerca de 10% no Espírito Santo. Na região de Garça (SP), os trabalhos avançaram com o clima mais firme e se situam entre 15% e 25%.
No mercado físico, os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 385,13/saca e a R$ 275,82/saca, com ganhos de 0,7% e 3,1%, respectivamente. O Centro aponta que, com o andamento da colheita, alguns negócios pontuais vêm sendo realizados, principalmente por produtores que precisam fazer caixa para honrar o pagamento dos catadores.
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