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BALANÇO SEMANAL CNC — 13 a 17/Abr
por Silas Brasileiro / Presidente Executivo do CNC:
— Silas Brasileiro, presidente executivo do CNC, revela impactos da seca no café para importante veículo de comunicação internacional.
POSICIONAMENTO INTERNACIONAL — O presidente executivo do CNC, deputado federal Silas Brasileiro, concedeu entrevista para a edição de maio da conceituada revista inglesa Coffee and Cocoa International (C&CI), que circula em praticamente todos os principais países consumidores e produtores e tem audiência fiel entre tomadores de decisão no agronegócio. No conteúdo, ele rebateu as desmedidas especulações a respeito do tamanho das safras do Brasil e reiterou a quebra que ocorrerá em 2015, quando deverão ser colhidas entre 40,3 milhões e 43,25 milhões de sacas de 60 kg, conforme apontado pela Fundação Procafé em levantamento contratado pelo Conselho.
Brasileiro explicou que a principal causa da redução na produção foi o longo período de seca, que começou em 2014 e durou até o início de fevereiro de 2015 na maior parte do cinturão produtor, em especial nas áreas onde se cultiva a variedade arábica. Em relação ao café conilon, ele anotou que este cenário foi mais recente, sendo observado no ciclo de 2015, o que fez com que a variedade apresentasse o maior percentual de quebra em relação à temporada antecedente.
Conforme o presidente executivo do CNC, o estresse hídrico foi gerado pelo índice de chuvas abaixo da média histórica desde janeiro de 2014 e se agravou com as altas temperaturas registradas no cinturão produtor, especialmente nos meses de crescimento da planta, floração, “fixação” das floradas e enchimento dos grãos, com impacto direto sobre a produção e o tamanho do fruto, o que faz com que os cafeicultores necessitem de um maior número de grãos para encher uma saca de 60 kg.
Silas Brasileiro também revelou que a seca foi mais pronunciada na Região Sudeste, afetando principalmente os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, os três maiores produtores do Brasil. Para a produção de arábica, esse cenário impediu a fertilização e outros tratos culturais, gerando fragilidade às plantas, que chegaram muito estressadas e mal nutridas ao período de pré-florescimento, resultando em menor número de internódios, queda de folhas, galhos secos e, portanto, com menor potencial de produção.
Já nas principais regiões de cultivo do café robusta, como o norte do Espírito Santo e o Sul da Bahia, as condições climáticas pioraram a partir de dezembro de 2014 e se agravaram ainda mais em janeiro e parte de fevereiro deste ano, com algumas áreas ficando até 50 dias sem chuva. A estiagem, associada às altas temperaturas nesses locais, resultou em folhas secas e grãos mais leves, segundo o presidente do CNC, com efeito negativo sobre a safra esperada.
Ainda na publicação, questionado se era possível prever qual variedade teria sido mais afetada, Silas Brasileiro afirmou que o declínio será mais evidente na produção de robusta, considerando-se que, depois de um bom resultado na colheita do ano passado, o Espírito Santo, maior produtor desta variedade, sofreu muito com a seca. Em consequência, a produção do Estado deverá apresentar uma diminuição de 15,6% a 21,9% no volume a ser colhido.
RECURSOS PARA COLHEITA — A pedido do CNC, nesta semana, a coordenadora-geral de Planejamento e Estratégias do Departamento do Café (DCAF), Cláudia Marinelli, enviou-nos um comunicado esclarecendo que apenas a linha de crédito de Custeio do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), com período de contratação de 1º/10/2014 a 28/02/2015 ou até 31/07/2015, tem “sobra” de recursos superiores a R$ 150 milhões disponíveis para contratação na colheita da safra deste ano, sendo R$ 79,641 milhões de saldo a liberar para as instituições financeiras e outros R$ 71,707 milhões em fase de aplicação pelos agentes.
A respeito da linha de crédito de Capital de Giro para Cooperativas de Produção, a coordenadora comunicou que o prazo de contratação encerrou no último dia 31 de março e, nesse caso, as instituições financeiras que não aplicaram o montante de R$ 70,025 milhões até esta data terão que devolver os recursos ao Funcafé, conforme estabelecido em Cláusula Contratual.
MERCADO – O enfraquecimento do dólar frente às principais moedas, inclusive dos países exportadores de commodities, influenciou a discreta valorização das cotações futuras do café arábica nesta semana. Agentes de mercado também acompanham as condições climáticas no Brasil, avaliando a probabilidade de ocorrência de geadas no Sul do País e de precipitações que venham a dificultar a colheita, que ganhará volume nas próximas semanas.
As sucessivas divulgações de indicadores negativos relativos ao desempenho da economia dos Estados Unidos têm levado o dólar a perder força no mercado externo, tendência internalizada no Brasil. O fato da produção industrial norte-americana ter caído 0,6% em março ante fevereiro, porcentagem que superou as expectativas dos analistas, reforça a percepção de que o início da subida dos juros daquele País não está próximo.
Outro fato que merece atenção, pois influencia o mercado cambial, é o movimento de recuperação no preço do petróleo. Nos últimos 30 dias, o petróleo WTI, negociado na Bolsa de Nova York, apresentou valorização de 24%, direção seguida pela maioria das commodities negociadas na bolsa norte-americana. Essa tendência, em um cenário de baixa probabilidade de elevação dos juros da economia dos EUA, cria um ambiente favorável ao fortalecimento das moedas dos países exportadores de commodities, a exemplo do real brasileiro. Na quinta-feira, o dólar comercial encerrou a sessão a R$ 3,0167, acumulando queda de 1,7% na semana.
Em relação às condições climáticas no Brasil, estão previstas chuvas irregulares com baixos volumes acumulados para os próximos dias na Região Sudeste, segundo a Somar Meteorologia. Uma frente fria deverá atingir a Região Sul do País neste final de semana, mas não alcançará os cafezais do Paraná até o domingo.
Outro fator que afetou, em menor escala, o comportamento das cotações futuras do café arábica foi a redução dos estoques norte-americanos. A Associação de Café Verde dos Estados Unidos (GCA, em inglês) divulgou que o volume estocado apresentou redução de 116.443 sacas em março, para 5,035 milhões de sacas de 60 kg.
Na ICE Futures US, o vencimento maio do Contrato C foi cotado, ontem, a US$ 141,50 por libra-peso, acumulando alta de 365 pontos em relação ao desempenho da sexta-feira passada. Já na ICE Futures Europe, as cotações do robusta acumularam discreta queda. Ontem, o vencimento maio/2015 encerrou o pregão a US$ 1.827 por tonelada, com perdas de US$ 10 na semana.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informou que as negociações com entrega futura do café arábica da safra 2015/16 estão em ritmo lento, devido, principalmente, à elevada volatilidade de preços observada nas últimas semanas. Os contratos firmados para entrega do café entre setembro e outubro de 2015 têm sido realizados entre R$ 460,00 e R$ 550,00 por saca. O quadro abaixo resume a situação da comercialização da próxima safra, por praça.
A instituição ressalta que, no mesmo período do ano anterior, a comercialização já superava os 30% do volume previsto de colheita em muitas praças, em função da forte valorização dos preços observada no primeiro trimestre de 2014.
Na quinta-feira, dia 16,, os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 450,22/saca e a R$ 294,59/saca, respectivamente, com variação de 2,6% e -0,8% em relação à última sexta-feira.
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