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BALANÇO SEMANAL CNC — 16 a 20/09/2019
CNC embarca para reuniões da OIC
Conselho defenderá ações concretas que permitam a sustentabilidade econômica da atividade cafeeira em Londres
Silas Brasileiro
Neste sábado (21), o Conselho Nacional do Café (CNC), entidade privada que congrega as principais cooperativas e associações de cafeicultores de diversas origens brasileiras, embarcará para Londres para participação na 125ª Sessão do Conselho Internacional e demais reuniões da Organização Internacional do Café (OIC), que ocorrerão de 23 a 27 de setembro.
Como preparação para os debates, encaminhamos ao Representante Permanente do Brasil junto a Organismos Internacionais em Londres, embaixador Hermano Telles Ribeiro, considerações sobre a conjuntura atual do setor cafeeiro e a respeito de temas que podem ser abordados durante as reuniões.
Vivemos um novo cenário passageiro de oferta superior à demanda, característico do ciclo de preços e produção. Conforme dados da OIC, o excedente da oferta global acumulado nos dois últimos anos cafeeiros soma 7 milhões de sacas.
Embora seja um número pequeno, equivalente ao consumo mundial de 15 dias, o aumento dos fluxos exportadores gera sensação de abastecimento confortável nos países consumidores, mesmo com o crescimento estável da demanda, a uma taxa anual de 2,2%.
Isso se deve à transferência de estoques dos países produtores aos importadores, que impacta negativamente os preços recebidos pelos cafeicultores ao redor do mundo.
Segundo a OIC, nos primeiros dez meses do ano safra 2018/19, as exportações globais aumentaram 10,2%, para 109,41 milhões de sacas. Com exceção dos “Outros Suaves”, houve aumento do fluxo exportador de todos os tipos de café: Naturais Brasileiros (27,6%), Suaves Colombianos (7,6%) e Robustas (6,9%), consequência do aumento da produção em várias regiões produtoras.
No caso do Brasil, foi colhida uma safra recorde em 2018, situação que não se repetirá no próximo ano, em função das condições climáticas adversas e redução dos tratos culturais. Já em 2019, a colheita ficou aquém das expectativas de mercado, devido à combinação de clima adverso e período de bienalidade negativa da produção de arábica.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou, em 17 de setembro, que a colheita brasileira atingiu 48,99 milhões de sacas em 2019, representando uma queda de mais de 20% em relação ao ciclo anterior. Com isso, há condições para alcançarmos um ajuste no quadro de oferta e demanda do mercado global de café, refletindo em melhora dos preços. Mas isso somente ocorrerá se não houver incentivos para a ampliação das áreas cultivadas sem esforços concomitantes para o crescimento do consumo global de café.
Apesar de o CNC defender reiteradamente que não seja expandida a área plantada com café e que esforços sejam direcionados apenas para o aumento de produtividade (por exemplo, via renovação do parque cafeeiro), são evidentes, nos outros países, estímulos e parcerias diversas visando a novos plantios. Para ilustrar esse fato, citamos alguns exemplos pontuais:
(i) Projeto do Governo do Uganda, com apoio da OIC, para expandir a produção de café para 20 milhões de sacas até 2030;
(ii) Expansão do cultivo de café arábica no sul da Colômbia, em antigos territórios das FARC. Além disso, introdução, em 2018, da variedade robusta para pesquisas e adaptação, com previsão da primeira colheita a partir de 2026.
(iii) Parceria entre o Banco de Desenvolvimento da Angola (BDA) e entidade da Índia especializada em assistência técnica para promover a produção intensiva de café arábica em Angola, em fazendas de médio e grande porte.
A intenção dos governos dos países produtores de expandir suas produções de café ficou clara após a rejeição, por parte dos Membros exportadores da OIC, do projeto de resolução proposto pela delegação brasileira durante a 124ª Sessão do Conselho Internacional, realizada em Nairóbi, no Quênia, de 25 a 29 de março de 2019. Essa proposta de resolução recomendava que os governos dos países produtores não incentivassem novos plantios de café.
Enquanto esse cenário for uma realidade, não podemos continuar defendendo, apenas no Brasil, o desincentivo a novos plantios. E a consequência é preocupante dada a possibilidade de ampliação da oferta a taxas superiores ao crescimento da demanda, resultando no prolongamento da fase de preços baixos do ciclo plurianual do café.
Conforme nossas manifestações nas últimas reuniões do Conselho Internacional do Café, acreditamos ser um papel fundamental da OIC a promoção do consumo global do produto.
Somente com o crescimento do consumo, principalmente nos países produtores e mercados emergentes, alcançaremos a sustentabilidade econômica da produção cafeeira, visto que será reduzida a transferência de estoques das regiões exportadoras para as importadoras, e haverá equilíbrio entre oferta e demanda.
Diante desse cenário, temos grandes expectativas de que um dos resultados do Fórum dos CEO’s e Líderes Globais do setor cafeeiro, que ocorrerá em 23 de setembro, seja o engajamento da indústria internacional em uma campanha global para o aumento do consumo de café.
No tocante à resiliência à volatilidade dos preços do café, principalmente por parte dos pequenos cafeicultores, consideramos muito oportuno o tema do 9o Fórum Consultivo sobre Financiamento do Setor Cafeeiro, que é “Gerenciando efetivamente os riscos de preços na cadeia café: uma resposta à crise de preços”. Essa temática é convergente aos posicionamentos do CNC ao longo do Diálogo Estruturado do Setor Cafeeiro, quando destacamos a importância do cooperativismo para ampliar o acesso dos cafeicultores a ferramentas de gestão dos riscos de mercado, como operações de hedge no mercado futuro e de barter para aquisição de insumos, tendo o café como moeda.
Concluindo, o CNC ressalta suas expectativas de que, durante a 125ª Sessão do Conselho Internacional, avancemos nas discussões em prol de um setor cafeeiro mais sustentável economicamente, tendo como eixos principais o aumento do consumo global e a ampliação do acesso a ferramentas de gerenciamento de riscos de mercado pelos cafeicultores.
* Silas Brasileiro é presidente executivo do CNC
Repasse do Funcafé a agentes chega a R$ 2,955 bi
Até esta sexta-feira, 22 instituições receberam o capital para as linhas de Custeio, Comercialização, FAC e Capital de Giro
O Conselho Nacional do Café (CNC) apurou, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que os repasses dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) às instituições financeiras chegaram a R$ 2,955 bilhões até esta sexta-feira, 20 de setembro.
Do montante recebido até o momento por 22 instituições, R$ 1,115 bilhão foram destinados para a linha de Comercialização; R$ 692,8 milhões para Custeio; R$ 673,8 milhões ao Financiamento para Aquisição de Café (FAC); e R$ 472,9 milhões para as linhas de Capital de Giro (clique na tabela para ampliar).
Para a safra cafeeira 2019, o Funcafé conta com recursos que totalizam R$ 5,1 bilhões.
Café devolve parte dos ganhos da semana anterior
Mercado trabalhou com base nos gráficos, com o direcionamento acompanhando os fatores macroeconômicos
Os contratos futuros do café devolveram boa parte dos ganhos acumulados até a sexta-feira passada e fecharam em queda nesta semana, voltando a ficar abaixo de US$ 1 por libra-peso.
Analistas dizem que o mercado vem trabalhando com base em fatores gráficos, com o direcionamento acompanhando os fatores macroeconômicos. Contudo, os agentes seguem de olho no clima no Brasil, diante da abertura de floradas e a continuidade do calor e da seca.
Na Bolsa de Nova York, o vencimento dezembro do contrato “C” declinou 440 pontos até o fechamento de ontem, encerrando a sessão a US$ 0,9835 por libra-peso. Na ICE Europe, o vencimento novembro do café robusta fechou a quinta-feira a US$ 1.300 por tonelada, com perdas semanais de US$ 18.
Em relação ao clima, a Somar Meteorologia menciona que a tendência é de temperaturas mais baixas na faixa leste de São Paulo, enquanto as outras áreas do Estado permanecem com temperaturas em elevação. O serviço informa ainda que a chuva das áreas litorâneas perde intensidade no decorrer da semana.
Para os cafezais, o cenário preocupa, haja vista que a necessidade é de chuvas generalizadas nas áreas produtoras para que vinguem as floradas que surgirem.
No câmbio, o dólar comercial avançou 1,9% na semana ante o real, puxado pela tensão geopolítica ocasionada pelos ataques a instalações petrolíferas na Arábia Saudita. Ao término da sessão de ontem, a divisa foi cotada a R$ 4,1642.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a liquidez seguiu baixa no mercado brasileiro, sendo registrados alguns poucos negócios com café robusta na semana. Os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e conilon situaram-se em R$ 429,95/saca e R$ 288,97/saca, com variações de -1,9 e 0,4%.
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