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BALANÇO SEMANAL CNC — 23 a 27/09/2019
OIC chama indústria para enfrentar a crise de preços do café
I Fórum de CEOs e Líderes Globais, realizado em Londres, reuniu executivos, líderes políticos, parceiros de desenvolvimento e a sociedade civil
O Conselho Nacional do Café (CNC), como membro da delegação brasileira presente na 125ª Sessão do Conselho Internacional e demais reuniões da Organização Internacional do Café (OIC), que terminaram hoje, em Londres, Inglaterra, participou do 1º Fórum de CEOs e Líderes Globais, na segunda-feira, 23 de setembro.
Realizado como parte do diálogo setorial liderado pela OIC, integrando as ações da implementação da Resolução 465, que trata da crise de preços e aumento do consumo, o evento reuniu executivos da indústria internacional do café, líderes políticos, parceiros de desenvolvimento e a sociedade civil.
Segundo o presidente do CNC, Silas Brasileiro, os objetivos foram revisar os resultados do diálogo setorial e convergir para compromissos mensuráveis visando ao futuro sustentável dos cafeicultores e de toda a cadeia, tendo como parâmetro os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Brasileiro foi palestrante no Fórum dentro do painel “Promover o crescimento responsável e equitativo”. Ele valorizou o trabalho prestado pelas cooperativas para melhorar a renda dos produtores e fomentar a transparência no mercado. Expôs, ainda, as dificuldades enfrentadas pelos cafeicultores brasileiros devido aos baixos preços, ressaltando que 85% dos produtores são pequenos, com menos de 10 hectares, cuja renda atual não cobre os custos de produção.
O presidente do CNC também explicou que o aumento de produtividade e qualidade do café brasileiro é resultado do esforço do país para investir em pesquisa e tecnologia e explanou a respeito da importância do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para a gestão dos estoques privados, que é feita pelos produtores e cooperativas com apoio dos financiamentos do fundo.
Durante o Fórum, o CNC também manifestou sua preocupação com o tom das declarações dos CEOs da indústria internacional, que sinalizaram intenções de pagar preços superiores aos países produtores menos eficientes, em detrimento a Brasil e Vietnã, para assegurar diversidade de origens. “Essa medida seria o equivalente a premiar a ineficiência”, criticou Brasileiro, que se posicionou contra a inclusão de qualquer menção a essas ideias na “Declaração de Londres”, defendendo que o caminho a ser perseguido é o do aumento do consumo global.
Entre as decisões nesta sexta-feira (27), o Conselho Internacional do Café acolheu favoravelmente os esforços e compromissos do setor privado, expressos na “Declaração de Londres”, para enfrentar o impacto da crise dos preços do café. Houve recomendação para que os países membros da OIC discutam o documento internamente, com suas partes interessadas, em concordância com suas necessidades específicas e prioridades do setor cafeeiro.
O Conselho Internacional também concordou em estender o diálogo com o setor privado a fim de alcançar resultados de longo prazo e soluções transformacionais. Para tanto, solicitou à OIC que estabeleça uma força-tarefa composta por países membros, representando todas as regiões cafeeiras, representantes do setor privado e organizações de apoio para definir e implementar um roteiro de ações concretas para enfrentar os impactos dos atuais níveis de preços e a volatilidade do mercado.
Para Silas Brasileiro, o trabalho da força-tarefa será fundamental para traduzir a “Declaração de Londres” em um produto mais tangível, que realmente ofereça soluções práticas às regiões cafeeiras mundiais, priorizando a eficiência produtiva e o aumento do consumo. “Além disso, vemos como muito positiva essa maior integração do setor privado, agora incluindo a indústria torrefadora internacional, aos trabalhos da OIC, pois trará mais pragmatismo à Organização”, conclui.
Os resultados dessa força-tarefa serão apresentados no 2º Fórum de CEOs e Líderes Globais, que será realizado durante a 5ª Conferência Mundial do Café, de 10 a 12 de setembro de 2020, em Bangalore, Índia.
Cafeicultura mundial debate como compartilhar riscos com toda a cadeia
Em Londres, setor busca melhorar a resiliência dos produtores contra a volatilidade dos preços e compartilhar os riscos de forma mais equânime entre todos os elos
Durante a 125ª Sessão do Conselho Internacional e demais reuniões da Organização Internacional do Café (OIC), realizadas esta semana em Londres, Inglaterra, o 9º Fórum Consultivo sobre Financiamento do Setor Cafeeiro apoiou a implantação da Resolução 465, reunindo especialistas para discutir, validar e apontar formas de adoção, pelos cafeicultores, das ferramentas de gerenciamento de risco de preços.
Os painelistas exploraram como abordagens inovadoras baseadas no mercado podem melhorar a resiliência dos produtores contra a volatilidade dos preços, especialmente para os de pequeno porte, e compartilhar os riscos de forma mais equânime entre todos os elos da cadeia de valor do café, incluindo torrefadores, comerciantes e fornecedores de insumos.
No evento, o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, defendeu a importância do cooperativismo como difusor de ferramentas de gestão de risco de mercado no setor cafeeiro. “As cooperativas de café do Brasil são agentes de inclusão e melhoria do acesso dos pequenos cafeicultores a serviços de mercado, como hedge e barter, garantindo mais resiliência à volatilidade dos preços”, destacou.
Com o objetivo de encontrar inovações para que os produtores se adaptem às mudanças do mercado, combatendo a volatilidade e compartilhando os riscos entre todos os agentes da cadeia de valor do café, o Fórum contou com dois painéis.
No primeiro, que focou “Inovações na gestão de riscos de preços nas propriedades rurais e cooperativas”, o economista da Divisão para África Central e Oriental do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Florent Baarsch, apresentou a iniciativa CACHET, uma solução financeira desenhada para proteger a renda dos pequenos produtores contra perdas decorrentes do clima e da volatilidade dos preços, usando derivativos (opções).
A fundadora e consultora principal da SHIFT Soluções de Impacto Social, Sara Mason, mostrou uma solução de gestão de risco de preços baseada no conceito de renda mínima. Em síntese, o setor apoia os cafeicultores a alcançarem sua renda mínima via produção cafeeira, por meio da diversificação de atividade ou através de uma transição justa para outro meio de vida ou atividade econômica viável.
Roel Messie, diretor de Investimentos da IDH Iniciativa de Comércio Sustentável, demonstrou o fundo Farmfit, que fornece ferramentas para analisar a viabilidade e a eficácia do suporte financeiro de empresas e bancos aos pequenos agricultores. Esse instrumento auxilia a identificar áreas que necessitam de aprimoramento e os financiamentos mais adequados para ampliar a escala das inovações.
Encerrando o painel, o coordenador da Oikocredit, Hugo Villela, apresentou um estudo da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, em inglês) que identifica quatro soluções mais interessantes para a gestão de riscos dos preços do café, as quais são embasadas em:
i) comércio digital com plataformas que conectam cafeicultores e consumidores, porém limitadas a produtores de cafés de alta qualidade;
ii) agregação de produtores, por exemplo, em cooperativas, que tem o objetivo de negociar volumes maiores, viabilizar armazenagem e reduzir custos de transação;
iii) fundos de estabilização de preços, que subsidiariam os produtores em períodos de queda das cotações, mas causariam distorções no mercado; e
iv) realocação de riscos ao longo da cadeia produtiva, através de contratos de fornecimento de longo prazo. Essa sugestão depende de hedge com derivativos e ambiente de confiança entre os atores.
No segundo painel, com o tema “Compartilhando riscos com outros agentes econômicos ao longo da cadeia de valor do café”, João Moraes, gerente global de café da Yara Fertiizantes, demonstrou a experiência da empresa, no Brasil, com o barter. Ele também destacou o papel fundamental das cooperativas para viabilizar essa ferramenta de gestão de riscos de mercado aos pequenos cafeicultores.
O diretor de Sustentabilidade do Mercon Group, Giacomo Celi, falou a respeito dos componentes do compartilhamento dos riscos de mercado, citando acesso a crédito; relações comerciais de longo prazo; assistência técnica e extensão rural para aumento de produtividade e qualidade; suporte comercial; e parcerias com fornecedores de insumos e indústrias.
Hans Bogaard, gerente de Finanças de Agricultores e África do The Netherlands Development Finance Company (FMO), explicou que a instituição trabalha em parceria com companhias locais – que são clientes – e ONGs na África e na América Central para financiar os produtores de café, cacau, grãos, chá, etc.
Ele defendeu que, se os torrefadores querem assegurar a diversidade de origem, precisam investir na capacidade de agregação de valor dos produtores, por exemplo, financiando capacidades de beneficiamento, via cooperativas, e falou que a instituição trabalha com esse tipo de parceria. Bogaard concluiu, ainda, que traders e torrefadoras, em contrapartida, conseguem construir uma relação de longo prazo com os produtores.
As apresentações desse painel foram encerradas pelo professor Associado da London School of Economics (LSE), Rocco Macchiavello, que apresentou sua pesquisa sobre relações contratuais entre compradores e vendedores, destacando a importância da existência de um ambiente institucional viável a negócios nos países para reduzir o risco de não cumprimento dos contratos.
Café sobe levemente no mercado internacional
Sem novidades nos fundamentos, cotações foram puxadas por fatores técnicos. Agentes voltam sua atenção para florada no Brasil e início da colheita na América Central e Vietnã
Os contratos futuros do café acumularam alta moderada na semana, sendo puxados por fatores técnicos, em meio à ausência de novidades do lado fundamental. Na Bolsa de Nova York, o vencimento dez/19 do contrato “C” subiu 245 pontos e fechou a sessão de ontem a US$ 1,0085 por libra-peso. Na ICE Europe, o vencimento nov/19 do café robusta encerrou o pregão a US$ 1.314 por tonelada, com avanço de US$ 10.
Segundo o Rabobank, os agentes voltam sua atenção para a oferta em 2020. Nos próximos meses, a florada no Brasil e o início da colheita na América Central e no Vietnã devem sinalizar novos fundamentos ao mercado. O banco acredita, ainda, que o déficit do ciclo 19/20, de 4,1 milhões de sacas, pode fornecer suporte pontualmente.
O mercado permanece com as atenções voltadas ao clima no Brasil, uma vez que são necessárias chuvas para o desenvolvimento dos frutos da safra de 2020. Segundo a Somar Meteorologia, o tempo fica mais aberto, hoje, no interior de São Paulo, com o sol voltando a aparecer nas faixas oeste, norte e centro do Estado. No sul de Minas, haverá pancadas isoladas de chuva, que se alternarão com períodos de melhoria. Para o Espírito Santo e o norte do Rio de Janeiro, o serviço prevê precipitações volumosas e constantes.
O dólar comercial avançou levemente na semana, encerrando a quinta-feira (26) a R$ 4,1618, com elevação de 0,2%. Além da falta de liquidez, a moeda foi puxada por declarações do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, que disse que não há nenhum “dogma” com relação a instrumentos de intervenções no câmbio, discurso que teria frustrado expectativas sobre novas intervenções com a moeda à vista.
No Brasil, as cotações acompanharam o mercado internacional e subiram levemente. Agentes informam que os produtores estão afastados do mercado, com suas atenções voltadas para as precipitações que ocorreram nas principais regiões cafeeiras. A perspectiva é que o retorno das chuvas desenvolvam novas floradas no cinturão.
Os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 437,50/saca e a R$ 292,68/saca, respectivamente, ambos com valorização de 1% em relação à semana anterior.
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