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Balanço Semanal CNC — 23 a 27/Mar

por Silas Brasileiro / Presidente Executivo CNC

— Realização do leilão dos estoques públicos de café, sem consulta ao setor produtor, foi equivocada e, por isso, mal sucedida.

LEILÃO DE ESTOQUES PÚBLICOS — Na quarta-feira, 25 de março, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou leilão de 2,45 mil toneladas (cerca de 40,5 mil sacas de 60,5 kg) de café arábica, colhidos nas safras 2002/03, 2008/09 e 2009/10, dos estoques públicos, produto adquirido por meio do programa de Opções. Entretanto, não houve interesse comprador e o pregão não registrou arremates.

O CNC e a Comissão Nacional do Café da CNA entendem que esse resultado foi o esperado, já que o leilão foi definido sem a participação do setor privado da cafeicultura, o qual, se consultado, prontamente seria contrário, haja vista que estamos na iminência do início da colheita e, consequentemente, teremos cafés mais novos ingressando dentro dos próximos dois meses.

Como representantes legítimos da produção de café no Brasil, o CNC e a CNA entendem que o Governo cometeu um equívoco ao autorizar a Conab a realizar o leilão, não apenas pelo prazo determinado, mas pelos preços iniciais que foram estabelecidos, em patamares iguais ou superiores aos registrados no mercado físico atualmente, porém para produtos novos. Recordamos que os cafés ofertados são de safras antigas, próprios para consumo, porém desmerecidos, alguns “esbranquiçados”, por exemplo.

Os cafés ofertados tiveram valor de abertura de R$ 430,46/saca (R$ 7,115/kg) para o tipo 6 da safra 2008/09; de R$ 502,15/sc (R$ 8,30/kg) para o tipo 5 da safra 2009/10; e de R$ 484/sc (R$ 8,00/kg) a R$ 502,15/sc para os cafés tipos 4, 5 e 6 da safra 2002/03, ou seja, níveis de preço de igual a bastante superiores ao praticado no mercado.

Considerando o ocorrido, o Conselho Nacional do Café e a Comissão Nacional do Café da CNA reforçam a necessidade de o Governo ouvir o segmento antes de lançar o edital, porque esse foi um compromisso assumido junto ao setor, de maneira que datas, volumes e preços dos cafés dos estoques públicos a serem ofertados sejam definidos de maneira consensual.

Apontamos que isso se faz necessário porque, em outubro de 2014, quando o mercado estava acima de US$ 2,00 por libra-peso na Bolsa de Nova York, manifestamos nosso consenso para se ofertar os cafés dos estoques públicos adquiridos através de AGF, mas não os referentes aos das Opções, e desde que o planejamento fosse feito em parceria entre Governo e segmento privado, pois somos cientes dos custos com segurança, armazenagem e preservação para a manutenção desses cafés desmerecidos.

Preocupa-nos ainda mais o fato de a Conab, novamente sem consultas ao setor produtor, ter anunciado um novo leilão, para o dia 1º de abril de 2015, dos mesmos cafés oferecidos e não arrematados no dia 25. O CNC e a CNA são contrários a oferta do produto no momento atual, na iminência da chegada da safra, e, nesse sentido, fizemos contato com a ministra da Agricultura, senadora Kátia Abreu, e com o secretário interino de Produção e Agroenergia, Luciano Carvalho, solicitando o cancelamento do pregão. CLIQUE AQUI e confira o conteúdo do ofício enviado à ministra Kátia Abreu.

Essa medida se faz necessária, ainda, porque a realização de leilões no período que precede o ingresso dos cafés da nova safra é extremamente negativa, pois dá a falsa impressão ao mercado de que temos um grande estoque de café, quando, em verdade, o estoque brasileiro de passagem será, provavelmente, o menor de todos os tempos de nossa história cafeeira.

MERCADO – Após a recuperação observada na semana anterior, os futuros do café arábica voltaram a cair, pressionados pelos movimentos de realização de lucros, e se estabilizaram ao redor de US$ 1,4 por libra-peso. Além da proximidade do início da colheita no Brasil, a atenção dos investidores se mantém voltada para o comportamento do dólar.

No início desta semana, a moeda norte-americana desvalorizou-se frente ao real. Essa tendência foi motivada pela decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor’s de manter o rating BBB- do Brasil, com perspectiva estável. Além disso, externamente o dólar também enfraqueceu ante outras divisas, após a sinalização de que o Banco Central dos Estados Unidos (Fed, em inglês) não se apressará na elevação das taxas básicas de juros do país.

No Brasil, o dólar comercial encerrou a sessão de ontem a R$ 3,1909, acumulando queda de 1,2% desde a última sexta-feira. A decisão do Banco Central do Brasil de não continuar com os leilões de swap cambial (contratos equivalentes à venda de dólares no mercado futuro), que terminam no dia 31 deste mês, reverteu a tendência de valorização do real observada desde o final da semana passada.

Na ICE Futures US, o vencimento maio do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,4025 por libra-peso, acumulando queda de 310 pontos em relação ao final da semana passada. Já na ICE Futures Europe, as cotações do robusta apresentaram pouca variação. Ontem, o vencimento maio/2015 encerrou o pregão a US$ 1.816 por tonelada, com perdas de US$ 4 desde o final da semana anterior.

Em relação ao mercado físico brasileiro, com a queda dos preços nesta semana, os vendedores voltaram a se retrair. Na quinta-feira, os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 458,89/saca e a R$ 310,63/saca, respectivamente, com variação de -2,5% e 1% no acumulado da semana.

O Cepea também informou que, até meados do mês de março, houve pouco avanço na comercialização do café, com aumento das vendas apenas na Mogiana Paulista e no Espírito Santo. Segundo a instituição, entre 75% e 80% do café da safra 2014/15 da região paulista teria sido comercializado até o dia 20 de março. No Estado capixaba, esse índice atingiria 80%, com elevação de 10 pontos percentuais em relação ao mês antecedente. Nas demais regiões, os volumes negociados praticamente não se alteraram.

CNC 27.3.15

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