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Blairo encaminha pedido à Camex para importação de café robusta

por Reuters:

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta segunda-feira que encaminhou pedido à Câmara de Comércio Exterior (Camex) para flexibilizar importação de café robusta pelo Brasil, em um momento de escassez no mercado interno.

“Então, já na sexta-feira encaminhei o expediente à Camex. Agora, é com o Conselho. Particularmente, entendo que é necessário, neste momento, flexibilizar um pouco. E, dentro de cotas, não é uma liberação”, afirmou ele a jornalistas, ao ser questionado sobre o assunto em Uberaba (MG), segundo relato da assessoria de imprensa do ministério.

Se o Conselho da Camex –formado pelo presidente da República e por ministros de Estado– decidir pela flexibilização da importação, essa seria a primeira vez em muitos anos que o Brasil (maior produtor e exportador global) importaria café verde.

A reunião de ministros da Camex está prevista para a próxima segunda-feira, enquanto a reunião técnica do órgão deve ocorrer na quarta-feira desta semana, segundo o ministério.

O ministro disse que confia nos números de estoque da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que levantou volumes menores nos armazéns do que os produtores afirmaram ter. Os cafeicultores, assim, alegam que não seria necessária a liberação de importações.

“Confio nos departamentos do Estado. Eu não vou confiar, agora, porque é desfavorável a um setor? Não, não posso”, completou o ministro.

Com a decisão, Blairo está enfrentando pressões da poderosa bancada da agricultura no Congresso, contrária à liberação da importação. Ele chegou a receber na semana passada produtores do Espírito Santo, a pedido do presidente Michel Temer, para ouvir argumentos contra a importação.

Os cafeicultores capixabas dizem que têm cerca de 4 milhões de sacas em estoques, bem mais do que aponta a Conab.

A indústria de café brasileira teve que lidar com preços recordes do grão, diante da quebra de safra no ano passado no Espírito Santo e Bahia, que respondem pela maior parte da produção de robusta do país. Os produtores capixabas, aliás, vêm registrando problemas de safra nos últimos anos em função da seca.

“A vontade é apenas que a indústria brasileira sobreviva ao momento. Tenho dito sempre: não há agricultura forte sem a agroindústria forte. Nós somos uma unidade, um mesmo conjunto. Portanto, devemos olhar para ambas as partes”, afirmou Blairo.

Por uma proposta anterior do ministério à qual a Reuters teve acesso, o café seria incluído em uma lista de exceção à Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, com alíquota de 2 por cento. Seria estabelecido um limite de internação para 1 milhão de sacas de café, volume visto como suficiente para atender a demanda até o início da colheita, em maio.

O ministro lembrou ainda que as exportações de café solúvel, que usa grãos robusta, também estão sendo afetadas pela baixa oferta.

“Se você olhar os números de exportação de café nos meses de janeiro e fevereiro, principalmente, de café industrializado… vai ver que os números são muito diferentes, que as quedas são significativas… Cabe ao governo sempre olhar como minimizar isso…”, completou.

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