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Boletim Carvalhaes
por Escritório Carvalhaes:
No cenário caótico trazido pela pandemia da covid-19, com a economia global em forte recessão – no Brasil os preços da economia registraram em abril a maior queda em mais de vinte anos, o IPCA recuou 0,31%, a segunda maior deflação já registrada desde o início do Plano Real em 1994 -, as cotações do café tiveram mais uma semana positiva. A demanda por café continua forte. No mês de abril, em plena entressafra, as exportações brasileiras de café superaram três milhões de sacas (os números finais serão divulgados pelo CECAFÉ na próxima semana) e os lotes de café colocados no mercado pelos produtores são bastante disputados por exportadores e indústrias. Neste final de entressafra são poucos frente às necessidades dos compradores e estão nas mãos de cafeicultores mais capitalizados, que resistem em vendê-los nos dias de baixa nas cotações.
Com a instabilidade política no Brasil e o cenário desfavorável às contas públicas nacionais, o dólar subiu forte frente ao real nos quatro primeiros dias da semana e apenas hoje recuou, amenizando um pouco a preocupante escalada. Na semana a alta foi de 6%. Mesmo com a vertiginosa queda da moeda do Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, os contratos da commodity na ICE Futures US em Nova Iorque apresentaram uma semana de cotações em alta. Os contratos com vencimento em julho próximo acumularam ganhos de 555 pontos no período. Na semana esses contratos subiram 84 reais por saca.
Sustentam as cotações do café: a demanda forte como comprovam os bons embarques brasileiros em plena entressafra; a chegada precoce, em pleno mês de maio, da primeira frente fria mais forte sobre os cafezais do sudeste brasileiro; a preocupação com os problemas e cuidados sanitários para a colheita da safra 2020/2021, no Brasil e nos demais países produtores, em plena pandemia da covid-19; os possíveis atrasos nos embarques de café , também em decorrência da covid-19; a alta no preço dos insumos no Brasil (grande parte é importada) com a disparada do dólar e, o bom comportamento dos números do consumo tanto no Brasil, segundo maior consumidor do mundo, como nos principais consumidores do hemisfério norte. A queda no consumo fora do lar deve começar a ser revertido a partir de agora, quando as principais economias da Europa e os EUA começam a programar o fim das quarentenas e a reabertura de seus centros comerciais, bares, restaurantes e cafeterias.
O mercado físico brasileiro apresentou uma semana ativa. Os preços subiram para os arábicas finos e CDs, mas não na mesma proporção da alta no dólar e na bolsa de Nova Iorque. Os arábicas de boa qualidade a finos, bastante raros nesta entressafra, tiveram mais procura e uma alta mais consistente. Os cafés de médios a fracos foram procurados, mas tiveram altas bem menores.
Compradores e vendedores mostram muita cautela com a situação. O volume de lotes que chega ao mercado não é grande. O estoque em mãos de produtores é bem baixo e está em mãos de cafeicultores capitalizados relutantes em vender nestes tempos de tantas incertezas.
Até dia 6 os embarques de abril estavam em 2.331.819 sacas de café arábica, 305.455 sacas de café conillon, mais 314.929 sacas de café solúvel, totalizando 2.952.203 sacas embarcadas, contra 2.561.073 sacas no mesmo dia de março. Até o mesmo dia 6, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em abril totalizavam 3.547.375 sacas, contra 3.429.534 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Até dia 7 os embarques de maio estavam em 88.740 sacas de café arábica, 1.186 sacas de café conillon, mais 11.796 sacas de café solúvel, totalizando 101.722 sacas embarcadas, contra 24.611 sacas no mesmo dia de abril Até o mesmo dia 7, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 641.998 sacas, contra 406.456 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 1 sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 8, subiu nos contratos para entrega em julho próximo 555 pontos ou US$ 7,34 (R$42,14) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 1 a R$ 763,08 por saca, e dia 8 a R$ 847,89. Na sexta-feira, dia 8, nos contratos para entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 265 pontos.
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