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Bolsa de NY cai 2% no acumulado da semana e 4% em fevereiro e derruba preços no Brasil para abaixo R$ 500/sc

por Notícias Agrícolas:

O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fechou a semana com queda acumulada de cerca de 2% nos principais vencimentos. Diante de fortes oscilações nos últimos dias baseadas em indicadores gráficos, no câmbio e informações sobre o clima no Brasil, o vencimento maio/17, referência de mercado, que fechou a semana passada acima de US$ 1,45 por libra-peso encerrou o pregão desta sexta-feira (3) quase abaixo de US$ 1,40/lb. Em fevereiro, a queda foi de mais de 6%. Esses recuos externos já motivam baixas expressivas no Brasil, com alguns tipos sendo negociados abaixo de R$ 500,00 a saca.

O vencimento março/17 fechou a sessão de hoje cotado a 141,25 cents/lb com 95 pontos de queda, o maio/17, referência de mercado, anotou 143,30 cents/lb com desvalorização de 105 pontos. Já o contrato julho/17 encerrou o dia cotado a 145,60 cents/lb com recuo de 110 pontos e o setembro/17, mais distante, também caiu 110 pontos, a 147,90 cents/lb. Essa é a segunda sessão consecutiva de baixa nas coações do arábica na ICE.

“O mercado trabalha lá fora bem previsível depois das grandes volatilidades, depois dos grandes altos e baixos das bolsas em função dos discursos e da possibilidade do aumento da taxa de juros nos Estados Unidos”, disse em seu boletim Dia a Dia no Campo o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães. Durante toda a semana, que foi mais curta no Brasil por conta do Carnaval, as oscilações foram expressivas no terminal externo. Na segunda (27), por exemplo, caiu mais de 500 pontos.

O dólar teve impacto importante para o mercado durante toda a semana, pois impacta diretamente as exportações da commodity, depois de subir quase 2% na quinta (3), a moeda estrangeira encerrou o dia com queda de 1,15%, cotada a R$ 3,1150. O mercado realizou ajustes diante da sinalização do Fed (Federal Reserve), banco central dos Estados Unidos, de aumentar a taxa de juros do país já neste mês. Na semana, a divisa fechou praticamente estável, com leve alta de 0,05%.

O clima nos últimos dias também movimentou bastante as cotações do arábica na semana. A Somar Meteorologia informou ao CNC (Conselho Nacional do Café) que as chuvas devem retornar com maior intensidade ao Sul de Minas Gerais e também ocorrerão precipitações mais localizadas entre São Paulo e Minas, o que poderá “recompor as condições de umidade do solo nessas áreas”. Para Espírito Santo e Paraná, a previsão é de pouca chuva, fato que deverá agravar as condições de deficiência hídrica no Estado capixaba.

Ajustes baseados em indicadores técnicos e a atuação dos fundos de investimento liquidando posições nas últimas sessões também impactaram os preços. “Apesar dos ataques de venda, o mercado construiu um fundo acima de 140 cents, consolidado a partir dos baixos estoques globais e do recuo na safra brasileira em 2017”, disse o analista da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach.

Durante fevereiro o campo negativo também se fez presente no mercado do café. O vencimento maio/17 registrou baixa acumulada de 6,2% no mês, saindo de 152,00 cents/lb para 142,60 cents/lb na última terça-feira (28). Segundo Barabach, esse recuo está ligado às melhores condições climáticas no Brasil, pois diminui os temores com a próxima safra do país que já deve ser mais baixa por conta da bienalidade. Também pesa sobre os preços externos o fluxo favorável ao comprador, com chegada de café de outras origens.

Com a proximidade da entrada da safra do Brasil no mercado global, analistas já comentam que o abastecimento pode impactar os preços. Mas ainda não há consenso. “Problemas de abastecimento tanto no curto prazo (Vietnã) e no longo prazo (Brasil) deveriam ajudar o mercado a manter-se equilibrado e buscar um movimento de recuperação”, disseram à Bloomberg Terry Roggensack e David Hightower, fundadores da The Hightower Report.

Por outro lado, o BMI tem uma visão baixista para o mercado. “Prevemos que o mercado global de café será melhor abastecido nos próximos meses, à medida que a oferta asiática repercute”, disse em relatório a BMI Research.

Mercado interno

Segundo analistas, pouco mudança foi vista em relação aos negócios nas praças de comercialização do Brasil devido as comemorações do Carnaval no país. Muitas, inclusive, só voltaram ao trabalha na Quarta-feira de Cinzas no período da tarde. Com as quedas externas, os preços dos tipos mais negociados chegaram a ficar abaixo do patamar de R$ 500,00, considerado atrativo para o vendedor.

“As negociações envolvendo café arábica seguem calmas e os preços, em queda. Conforme pesquisadores do Cepea, os valores oferecidos por compradores não têm agradado vendedores, que estão afastados do mercado. Além disso, as quedas no mercado internacional e o recesso de carnaval no início desta semana limitaram ainda mais a comercialização”, reportou o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).

No fechamento semanal, predominou as baixas nas praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas.

O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Espírito Santo do Pinhal (SP) com baixa de 3,57% (-R$ 20,00), encerrando a R$ 540,00 a saca. Ainda assim, a cidade teve o maior valor de negociação dentre as praças no período.

No tipo 4, a maior variação na semana foi registrada em Guaxupé (MG), com valorização de 3,05% (+R$ 16,00) e saca a R$ 541,00. A cidade segue com o maior valor de negociação na semana.

O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana na Média RS e Patrocínio (MG), com queda de 3,81% (-R$ 20,00) e saca a R$ 505,00 e baixa de 3,85% (-R$ 20,00) e R$ 500,00, respectivamente. A praça com maior valor no período foi Oeste da Bahia com R$ 515,00 a saca e queda de 0,98% (-R$ 5,00)

Na quinta-feira (2), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 492,11 com queda de 0,11%.

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