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Brasil exporta mais café para outros países produtores

por Revista Globo Rural:

Dados do Cecafé mostram elevação significativa de embarques, especialmente para Colômbia e México

POR RAPHAEL SALOMÃO, DE SÃO PAULO (SP) E CAMPINAS (SP)

cafe-verde (Foto: Michael Allen Smith/CCommons)

Tradicionalmente demandado pelos principais consumidores do mundo, o café brasileiro tem entrado mais também nos concorrentes. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram aumento dos embarques para outros países produtores. No ano safra 2018/2019, foram 1,27 milhão de sacas de 60 quilos, um volume 357,7% maior que na safra 2017/2018 (veja tabela abaixo).

Só para a Colômbia, tradicional concorrente do Brasil, o volume passou de 35,5 mil para 593,4 mil sacas, um aumento de 1571,3% de uma safra para outra. O país respondeu por 46,5% do total exportado de café brasileiro para outros produtores na temporada. O México aumentou as compras em 670,7%. De 63,8 mil sacas no ciclo 2017/2018 para 492,2 mil no encerrado em junho passado. A participação foi de 38,6%.PUBLICIDADE

Só no primeiro semestre deste ano, os embarques de café brasileiro para outros países produtores aumentaram 216,6% em relação ao mesmo período no ano passado. Passaram de 141,2 mil para 447,3 mil sacas, também tendo México e Colômbia como principais destinos.

Para o mercado mexicano, o volume subiu de 42,1 mil para 230,9 mil sacas, um crescimento de 448,1%. A participação foi de 51,6% do total. Para os colombianos, a alta foi de 379,4%. No primeiro semestre de 2018, foram 30,1 mil sacas. No mesmo intervalo em 2019, 144,3 mil sacas, que corresponde a 32,3% do total.

“Há um trabalho forte das origens de aumentar seu consumo interno. O café brasileiro tem corpo e completa um blend importantíssimo”, avaliou o presidente da entidade, Nelson Carvalhaes, em entrevista coletiva, na última segunda-feira (8/7), na sede da entidade, em São Paulo (SP), para apresentar os resultados das exportações no ano-safra 2018/2019.

Diretor executivo da Federação dos Cafeicultores da Colômbia (FNC), Roberto Vélez explica que país produz cerca de 14 milhões de sacas, dos quais 13 milhões são exportados. O consumo interno está em torno de 2 milhões de sacas. “A Colômbia precisa de um milhão de sacas para consumo. Vai café do Brasil, Peru, Equador, Honduras. Há uma substituição do café colombiano, quase todo exportado”, disse, no 2º Fórum Mundial dos Produtores de Café, em Campinas (SP).

Dados da Organização Internacional do Café (OIC) reforçam a avaliação do Cecafé, de aumento do consumo de café nos países produtores. Só nos 12 principais destinos do produto brasileiro listados pelo Conselho, o crescimento foi de 1,91% na comparação das safras 2018/2019 e 2017/2018, totalizando 18,84 milhões de sacas de 60 quilos. Desde o ciclo 2008/2009, a alta foi de 50,56%.

A Colômbia aumentou 3,66% na comparação das últimas duas safras e 39,48% desde o ciclo 2008/2009. No caso do México, as taxas de elevação no consumo interno são de 1,69% e 9,09%, respectivamente.

Ainda que os números apontem expansão, o Fórum Mundial dos Produtores de Café vê a necessidade de se incentivar mais o consumo interno nas origens, assim como em economias emergentes. No geral, a demanda por café no mundo todo cresce a taxas de 2% ao ano. Organização Internacional do Café calcula que, hoje, está em torno de 165 milhões de sacas de 60 quilos.

“A demanda do café é muito saudável. São mais de três milhões de sacas que o mundo demanda a mais todo o ano”, disse José Sette, diretor geral da OIC, durante o evento, e Campinas (SP).

consumo-cafe-produtores-brasil (Foto: OIC/Globo Rural)

Cafés diferenciados

Os números do Cecafé revelam também que o Brasil aumentou suas vendas de cafés considerados diferenciados, de qualidade superior. Na safra 2018/2019 (julho-junho), o volume de café verde foi 42% maior que na temporada anterior, totalizando 7,71 milhões de sacas de 60 quilos. A participação desse tipo de produto nas exportações no período foi de 18,8%.

Os embarques de café arábica diferenciado enviado para o exterior totalizou 7,38 milhões de sacas. As remessas de robusta somaram de 333,5 mil sacas entre julho de 2018 e junho de 2019.

Os números do Conselho indicam ainda que o mercado premiou a qualidade superior no ciclo agrícola encerrado em junho passado. O preço médio da saca do diferenciado foi de US$ 166,27, 28,98% a mais que a média geral para o café verde embarcado pelo país, que foi de US$ 128,91.

No arábica, os US$ 168,91 por saca foram 27,09% superiores ao valor médio geral da variedade, que foi de US$ 132,90. No robusta, o ágio foi de 17,49%. O preço médio pago pelos diferenciados foi de US$ 107,85 enquanto a média geral para a variedade foi de US$ 91,79 a saca de 60 quilos.

“A busca por qualidade é uma forma do produtor agregar mais valor ao seu produto e ter mais rentabilidade na sua produção”, comentou o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.

O relatório do Cecafé mostra ainda que os Estados Unidos foram o principal destino das exportações de café diferenciado brasileiro. Os americanos compraram 1,68 milhão de sacas entre julho de 2018 e junho de 2019, o equivalente a 21,8% do total embarcado nessa categoria. A Alemanha importou 1,03 milhão de sacas, 13,5% do total. Para o Japão, foram enviadas 939 mil sacas, ou 12,2% do total

Os dez principais destinos responderam por 81,3% do volume embarcado de cafés com diferenciação de qualidade e preço durante a safra 2018/2019. “Os principais destinos seguem a lógica dos principais demandantes do mercado”, disse o diretor geral do Cecafé, Marcos Matos.

No primeiro semestre deste ano, as exportações de café diferenciado aumentaram 56,9% em relação ao mesmo período no ano passado, totalizando 3,87 milhões de sacas de 60 quilos. A participação nos embarques totais no período foi de 19,3%. O volume de café arábica diferenciado enviado para o exterior totalizou 3,78 milhões de sacas e o de robusta, 93 mil.

O diferencial pago foi de 27,8%, com a saca, em média, a US$ 157,42. A média geral das exportações de café verde entre janeiro e junho foi de US$ 123,22. No arábica, os US$ 158,66 foram 25% superiores à média geral, de US$ 126,90. No robusta, o ágio foi de 17,49%. A média paga pelos diferenciados foi de US$ 107,29 enquanto o geral foi de US$ 85,87 a saca de 60 quilos.

Os Estados Unidos foram o principal destino do café diferenciado brasileiro também no primeiro semestre de 2019. Compraram 902,3 mil sacas entre janeiro e junho, 23,3% do total embarcado nessa categoria. Mas em segundo, aparece o Japão, que comprou 504,7 mil sacas (13% do total), seguido pela Alemanha, para onde foram embarcadas 498,9 mil (12,9% do total).

Os dez principais destinos responderam por 81,4% do volume embarcado de cafés com diferenciação de qualidade e preço durante os primeiros seis meses do ano.

exportação-cafe-produtores (Foto: CeCafé/Globo Rural)

 

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