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Brasileiro José Sette é forte candidato para diretoria executiva da OIC

por Agência Estado:

O melhor nome para a vaga de diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), com sede em Londres, é o do brasileiro José Sette, na avaliação do embaixador da Representação Permanente do Brasil junto a Organizações Internacionais, Hermano Telles Ribeiro. “Não digo isso porque sou brasileiro, mas porque realmente ele é o que preenche todos os requisitos para o posto”, justificou.

Telles Ribeiro, que participou do processo de pré-seleção dos concorrentes – nove países-membros disputavam a vaga e agora ficaram cinco para a escolha final – disse que o Brasil, além de receber o maior número de votos nessa espécie de “peneira”, apresentou o único candidato a preencher todas as exigências e recomendações que a OIC havia indicado. Além de Brasil, vão para o “segundo turno” concorrentes de México, Peru, Suíça e Indonésia.

A escolha será realizada na semana de 13 a 17 de março. “Até o dia da votação, a campanha será intensificada para colocar o brasileiro no posto”, explicou o embaixador. Um aliado importante nesse processo, de acordo com ele, tem sido a Colômbia, que não apenas apoiou o candidato brasileiro, como tem tido um papel proativo na campanha. “A Colômbia tem sido impecável”, avaliou.

Durante a semana de avaliação, os candidatos fazem uma apresentação e também respondem a perguntas dos representantes dos 77 países que compõem a OIC. O processo desta vez será presidido pela delegação dos Estados Unidos – as funções são rotativas na instituição. A entidade busca sempre escolher um nome por consenso, evitando a necessidade de uma votação propriamente dita, que ocorre apenas em último caso. Por isso, é possível que até o último dia, candidatos com menor chance vencer retirem seus nomes do páreo.

Na eleição passada, o processo ocorreu desta forma e a disputa ficou até o fim entre o candidato mexicano e o brasileiro. O mineiro Robério Silva acabou vencendo, mas a diretoria-executiva voltou a ficar vaga porque ele faleceu no fim do ano passado, aos 53 anos de idade, vítima de um enfarte.

A surpresa desta edição é a participação de um país comprador, a Suíça, na disputa. Como a sede da OIC já fica em um país importador, o Reino Unido, os produtores alegam que, para que haja um equilíbrio, o representante da entidade seja de um país que oferte o produto. O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo.

Assim como o Brasil, a Suíça também possui uma embaixada em Londres específica para tratar de assuntos ligados a commodities. Provavelmente, também já intensificou sua campanha na Bélgica, que representa a União Europeia, também forte compradora. O bloco econômico historicamente vota em conjunto e detém cerca de 33% do colégio eleitoral da OIC. Outro país consumidor importante são os Estados Unidos, com 10% dos votos.

O Brasil é, entre os produtores, o que possui a maior fatia na eleição, de 12%, seguido pelo Vietnã, que tem 8%. A representatividade está relacionada com a contribuição orçamentária de cada país à Organização. O embaixador Telles Ribeiro explicou que, para haver um equilíbrio entre compradores e exportadores, a divisão dos votos é de aproximadamente 50% para cada lado.

O carioca José Sette, que tenta a vaga pelo Brasil, trabalha hoje em Washington (Estados Unidos) como diretor executivo da International Cotton Advisory Committee (Icac), associação da área de algodão. Seu nome foi lançado logo no começo da abertura das inscrições, indicado pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, o que deu ao Brasil mais tempo para “fazer campanha”. Sette fez carreira como trader e em associações particulares do setor e tem a vantagem de conhecer a OIC por dentro, já que coordenou a instituição de forma provisória – de outubro de 2010 a outubro de 2011 -, durante o período em que a vaga estava aberta.

O governo brasileiro não quer perder o cargo de destaque internacional em uma área em que o País já é reconhecido. Além disso, em apenas duas ocasiões, o País não esteve à frente da OIC: em março de 1968, quando o inglês Cyril Spencer assumiu a liderança temporariamente e de março de 2002 a outubro de 2010, quando o colombiano Néstor Osorio Londoño gerenciou a Organização.

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