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Café arábica fecha semana em NY próximo da estabilidade, mas acima de US$ 1,45/lb

por Notícias Agrícolas:

Apesar de registrar algumas oscilações moderadas durante toda a semana, as cotações futuras do café arábica acabaram fechando a semana praticamente estáveis. O contrato março/17, ainda referência de mercado, registrou variação negativa de 0,34% da última sexta-feira para o dia 10. O mercado oscilou nos últimos dias acompanhando o clima nas principais origens produtoras do Brasil, indicadores gráficos, rolagens, mas também realizou ajustes e subiu um pouco depois de quase ficar abaixo do patamar de US$ 1,40 por libra-peso.

Nesta sexta-feira, realizando ajustes técnicos, os principais lotes tiveram ganhos de pouco mais de 50 pontos. O contrato março/17 fechou o dia cotado a 145,75 cents/lb com 55 pontos de alta, o maio/17 anotou 148,15 cents/lb com valorização de 55 pontos. Já o vencimento julho/17 encerrou o dia cotado a 150,45 cents/lb com avanço de 65 pontos e o setembro/17, mais distante, também teve ganhos de 65 pontos a 152,65 cents/lb.

De acordo com o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, em seu boletim Minuto do Mercado, as bolsas internacionais trabalharam lateralizadas nesta sexta e praticamente sem reação. Mesmo com o dólar orbitando em cerca de R$ 3,12, “o mercado não rompe as amarras e os preços internos do café também são fragilizados”, disse o especialista. Não há perspectiva de quando esse cenário mude.

Na semana, o dólar comercial registrou queda acumulada de 0,46%. No mês o recuo é de 1,33% e no ano de 4,32%. A divisa fechou esta sexta-feira cotada a R$ 3,1092 na venda com queda de 0,66%.

No início da semana, as informações sobre a melhora do clima em importantes regiões produtoras do Brasil favoreceu baixas no mercado do arábica. Mapas climáticos dos principais institutos meteorológicos, no entanto, demonstraram que a chuva no Sudeste diminuirá, com previsão de baixos volumes acumulados no Sudeste. Em Rondônia, apenas, podem ser registrados altos volumes nos próximos dias.

A Climatempo prevê que, na semana de 12 a 16 de fevereiro, um sistema de alta pressão dificultará a formação de grandes áreas de instabilidade, reduzindo a precipitação sobre os cafezais de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Paraná. Os volumes acumulados deverão variar de 10 a 30 mm. As informações são do CNC (Conselho Nacional do Café).

Anilton Machado, analista de mercado da Origem Corretora, apontou durante a semana que após o vencimento das opções de março/17 nesta sexta-feira, alguns fundamentos altistas podem dar mais sustentação às cotações da commodity café, como os baixos estoques e a safra 2017, que deverá vir menor do que no ano anterior.

A safra de café do Brasil neste ano será mais baixa por conta da bienalidade negativa na maioria das lavouras. A Cooxupé (Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé), maior do mundo, inclusive, prevê dificuldades para atender a demanda por café no Brasil nos próximos meses. A informação foi apresentada em coletiva de imprensa realizada na 16ª edição da Femagri (Feira de Máquinas, Implementos e Insumos Agrícolas).

Nas estimativas da Cooxupé, a safra deste ano do Brasil deve totalizar entre 45 e 48 milhões de sacas de 60 kg, uma quebra de até 17% em relação a 2016. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima a safra 2017 do país entre 43,65 e 47,51 milhões de sacas do produto beneficiado, somadas as espécies arábica e conilon (robusta). Uma redução entre 15% e 7,5%, quando comparado com a produção de 51,37 milhões de sacas do ciclo anterior.

Para o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, José Braz Matiello, a safra comercial 2017/18 de café do Brasil, que começará a ser colhida nos próximos meses, deve ficar em cerca de 40 milhões de sacas de 60 kg. “Acredito que a produção de arábica fique em torno de 28 a 30 milhões de sacas. Já na área de conilon (robusta), a produção vai ficar um pouquinho abaixo de 10 milhões, com Rondônia tendo um pouco menos de 2 milhões de sacas, o Sul da Bahia com cerca de 1 milhão e o Espírito Santo não deve passar de 5 milhões e também tem um pouco em outros estados”, explica o agrônomo.

Exportações em janeiro

Dados do Cecafé (Conselho Nacional dos Exportadores de Café) apontam que os embarques de café do país totalizaram 2,56 milhões de sacas em janeiro, com receita de US$ 449,5 milhões. Em volume, houve uma queda de 8,7% em relação ao mesmo período de 2016. Foram 2,36 milhões de sacas de arábica e 22.118 sacas de robusta. Já os cafés industrializados tiveram 177.934 sacas embarcadas (sendo 174.743 sacas de café solúvel e 3.191 sacas de café torrado e moído).

A previsão do Cecafé, segundo relato de Marcos Matos, diretor geral da entidade, na Femagri 2017, é que os embarques de café verde do país ficarão entre 27 milhões e 28 milhões de sacas, pouco menos que as 29 milhões de sacas registradas no ano passado.

Leilão da Conab

Foram arrematadas todas as 150 mil sacas de 60 kg de café arábica ofertadas no leilão público da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) realizado na manhã desta quinta-feira (9) (aviso nº 028/2017). Os preços iniciais estabelecidos pela Companhia, dependendo do lote, foram de R$ 396,00 e R$ 452,66 a saca, sem ICMS incluso.

Segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), as operações de venda de café atendem a uma estratégia de regular o mercado interno em virtude da elevação dos preços do produto.

Mercado interno

Os preços externos do café seguiram a movimentação externa e o dólar durante a semana. Tanto a ponta compradora quanto a vendedora esteve reticente aos negócios nos últimos dias. Marcus Magalhães não vislumbra mudança drástica em curto espaço de tempo nesse perfil de mercado internacional e nacional. “Cuidado e atenção com os tempos à frente, pois os preços internos do café serão um grande mais do mesmo”.

Houve registro de queda no acumulado da semana na maioria das praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas.

O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Poços de Caldas (MG) com queda 5,60% (-R$ 32,00), encerrando a R$ 539,00 a saca. A cidade que teve o maior valor de negociação dentre as praças no período foi Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 560,00 a saca e avanço acumulado de 1,82% (+R$ 10,00).

No tipo 4, a maior variação na semana foi registrada em Franca (SP), com desvalorização de 3,64% (-R$ 20,00) e saca a R$ 550,00. Em Guaxupé (MG), foi registrado o maior valor na semana com R$ 546,00 e recuo acumulado de -0,91% (-R$ 5,00).

O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Franca (SP) com queda de 7,02% (-R$ 40,00) e saca a R$ 530,00. Ainda assim, a cidade teve o maior valor de negociação.

Na quinta-feira (9), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 513,38 com alta de 0,59%.

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