Conhecido por deixar as pessoas mais alertas e dispostas, o café é muito consumido no dia a dia, principalmente, durante o expediente de trabalho. Mas, será que ele realmente tira o sono ou essa informação não passa de um mito?

Segundo a Dra. Lígia Lima, Nutricionista especialista em Nutrição Clínica, Fitoterápicos e Nutrição aplicada à Medicina Estética, doses baixas ou moderadas de cafeína produzem efeitos comportamentais perceptíveis de melhoria no estado de alerta, de concentração e da capacidade psicomotora do ser humano e, além disso, diminui a sonolência.

“Existem diversos estudos a respeito dos efeitos do café em relação ao sono. Como a bebida possui cafeína, o seu principal mecanismo de ação se dá por conta da forma estrutural similar à molécula de adenosina, um potente neuromodulador endógeno que inibe a liberação de diversos neurotransmissores e torna o efeito da cafeína estimulante. Portanto, ao ser ingerido em doses mais altas, o café age no sistema nervoso central, podendo afetar indivíduos já sensíveis ao efeito da cafeína e, consequentemente, afetando o sono”, explica.

Em linhas gerais, a bebida apreciada mundialmente traz sim benefícios para quem precisa se manter alerta durante o expediente, horário de aulas ou outros compromissos importantes. Mas, é preciso estar atento aos excessos e ao horário de consumo. “Não existem evidências a respeito do café ser prejudicial em indivíduos saudáveis, sendo este consumido de forma moderada, entre três e cinco xícaras por dia. Mas, tudo em excesso faz mal, e com a cafeína não seria diferente. Doses ingeridas em demasia podem causar taquicardia, tremores, ansiedade, dores no estômago e diminuição de sono em pessoas mais sensíveis a esse composto”, alerta Dra. Lígia.

Apesar do café ser um psicoestimulante e afetar diretamente o humor, a disposição e a concentração dos indivíduos, algumas pessoas são menos sensíveis aos componentes da bebida e não apresentam qualquer tipo de efeito ao fazer a sua ingestão.

Café descafeinado tem o mesmo efeito?

A versão sem cafeína da bebida também é consumida por muitos brasileiros. A grande diferença para o café tradicional é a quantidade de cafeína existente em suas composições. Apesar de passar pelas etapas de torrar e moer, como o café tradicional, a versão descafeinada ainda percorre por cerca de mais uma ou duas etapas para reduzir o nível de cafeína na bebida.

“O café descafeinado possui em torno de 3% de cafeína na sua composição. Algumas propriedades são perdidas durante o processo de descafeinação, perdendo em torno de 15% dos antioxidantes. Entretanto, ele é responsável por vários benefícios para o indivíduo, como diminuição de doenças no fígado, fortalecimento do sistema neurológico e é fonte de potássio, magnésio e vitaminas B2, B3 e B5. Além disso, esse tipo de café é isento dos efeitos indesejados da cafeína”, destaca a especialista.

Benefícios do café vão além do despertar do organismo

Quem pensa que o café tem apenas o benefício de deixar o indivíduo alerta e preparado para a rotina diária sem sono, muito se engana. Os efeitos da cafeína vão além e estão ligados ao tratamento de doenças, como as respiratórias e neurodegenerativas.

“Algumas investigações recentes já apontam benefícios do café no Diabetes tipo II, asma, Doença de Parkinson e Alzheimer. Quanto maior a qualidade do café, maiores as vantagens”, destaca Dra. Lígia.

Um estudo da Queen’s University Belfast, no Reino Unido, por exemplo, concluiu que pessoas que bebem café têm 50% menos chances de desenvolver carcinoma hepatocelular, um dos tipos de câncer de fígado mais comuns no mundo.