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Café robusta segue em evidência, preços avançam e superam os do arábica

Publicado por Notícias Agrícolas
Postado em 19/09/24

Nos últimos meses o mercado do café tem acompanhado negócios cada vez mais voláteis, com pregões intensos e cotações futuras trabalhando com valorização e recuo expressivos nas bolsas de Nova York e Londres em um único dia. Os movimentos têm sido reflexo de um quadro combinado de fundamentos, em especial o tempo seco no Brasil e a incerteza da produtividade da safra 2025 como alguns dos principais pontos de atenção.

Mas, diante deste cenário algo vem chamando atenção dos produtores e de analistas de mercado: os preços do café robusta seguem renovando recordes reais e operando acima do arábica. De acordo com o analista de inteligência de mercado do café da StoneX, Fernando Maximiliano, a última vez que o robusta chegou a ultrapassar os preços do arábica foi em 2017. Ainda assim, com certeza, agora o mercado cafeeiro está vivendo um momento histórico.

Para chegar neste papel de protagonista, o robusta encontrou fatores positivos no meio do caminho, que o ajudaram a se destacar. Um deles foi a oferta reduzida na Ásia. Após um longo período de estiagem, a produção do robusta no Vietnã – maior produtor global da variedade – foi comprometida e isso trouxe um suporte à alta dos preços na bolsa de Londres. Outro ponto está ligado a logística da exportação, que ficou comprometida durante os ataques de rebeldes houthis a navios no Mar Vermelho, que prejudicou o transporte do café à Europa. O transporte não só teve rotas bastante comprometidas pela insegurança como também ficou bem mais caro.

De acordo com Gil Barabach, consultor de mercado da Safras & Mercado, estes entraves logísticos externos trouxeram a atenção para a produção do conilon/robusta aqui no Brasil.  “O preços continuam influenciando, mas, é certo que o destaque que o robusta ganhou na indústria do café já abriu espaço para que ele começasse a ir além dos blends. Muitos produtores já estão comercializando cafés 100% robusta”, completou o consultor.

Além das questões fundamentais de oferta e demanda, ainda segundo Maximiliano, a força do robusta também se deu por conta das novas tecnologias aplicadas nas lavouras e o cuidado do cafeicultor no pós-colheita. “Na última década, estamos acompanhando produtores se aprimorando cada vez mais em técnicas adequadas e tecnológicas na fase do pós-colheita, o que vem garantindo ao robusta uma qualidade superior, vem melhorando cada vez mais a qualidade do grão”, completou o analista.

O representante da StoneX afirma também que outro fator que contribui para impulsionar este protagonismo é o fato das principais áreas de cultivo do café robusta no Brasil (Espírito Santo, Bahia e Rondônia) serem altamente irrigadas e, com isso, as lavouras estão suportando com mais resiliência os problemas climáticos que o Brasil está enfrentando,  diferente das produções do arábica que sofrem impactos significativos por conta da seca.

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