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Café tem mais uma semana negativa

por Carvalhaes:

Sem novidades nos fundamentos e pressionados pela forte valorização do dólar frente ao real, os contratos de café negociados na ICE Futures US em Nova Iorque tiveram mais uma semana negativa. Os com vencimento em maio próximo perderam 390 pontos no período e fecharam na sexta-feira, 22, a US$ 0,9390 por libra peso.

A turbulência política e econômica com as negociações para a reforma da Previdência aumentou no decorrer da semana com a análise da proposta de Previdência dos militares apresentada pelo Governo Federal. Na quinta-feira, dia 21, esse ambiente piorou ainda mais com a prisão preventiva do ex-presidente Michel Temer sob a acusação de liderar organização criminosa que atuava havia 40 anos. Essa movimentação assustou os investidores e derrubou os preços dos principais ativos locais. O receio é que fique mais difícil a já tumultuada tramitação da reforma da Previdência.

A cotação do dólar frente ao real, que já vinha em ascensão, se acentuou e ajudou a derrubar os preços do café em Nova Iorque. A “narrativa” sobre uma safra brasileira de ciclo baixo, mas de bom tamanho neste ano e de uma nova safra recorde em 2020 continua pressionando Nova Iorque. A pressão é auxiliada pela desvalorização de nossa moeda frente ao dólar. Outros fatores, como a seca no sudeste brasileiro no final de dezembro e em janeiro, são ignorados pelos operadores.

O Brasil vem fazendo exportações mensais recordes neste ano-safra e mesmo assim os estoques nos países consumidores sobem pouco. De nosso lado, no ritmo atual de embarques e consumo interno, no término deste ano-safra, em junho, teremos usado toda nossa safra recorde 2018. Os estoques brasileiros de café estarão no final enquanto a nova safra será de ciclo baixo.

Em pronunciamento na FENICAFÉ, em Araguari – MG, o presidente do CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, Nelson Carvalhaes, comentou que os estoques de café brasileiro não são grandes, apesar da safra recorde colhida no ano passado, uma vez que os números de exportação e de demanda doméstica também são altos. “Deveremos encerrar o ciclo 2018/2019 (julho a junho) com um volume de exportação de 38 a 40 milhões de sacas de 60 quilos. Então, com mais 22 milhões de sacas de consumo interno, a safra 2018 praticamente se exauriu”.

Com mais uma semana de queda do café em Nova Iorque, o mercado físico brasileiro apresentou um volume de fechamentos de negócios abaixo do usual. A alta do dólar compensou parte da queda na ICE, mas mesmo assim o valor das ofertas não animou os cafeicultores.

A “Green Coffee Association” divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.264.896 em 15 de fevereiro de 2019. Uma alta de 209.958 sacas em relação às 6.054.938 sacas existentes em 28 de fevereiro de 2019.

Até dia 21, os embarques de março estavam em 1.317.466 sacas de café arábica, 65.265 sacas de café conillon, mais 108.264 sacas de café solúvel, totalizando 1.490.995 sacas embarcadas, contra 1.630.460 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o mesmo dia 21, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 2.056.024 sacas, contra 2.476.258 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 15, sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 22, caiu nos contratos para entrega em maio, próximo 390 pontos ou US$ 5,16 (R$ 20,13) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 15 a R$ 494,19 por saca, e dia 22 a R$ 484,55. Na sexta-feira, dia 22, nos contratos para entrega em maio a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 90 pontos.

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