Um estudo conduzido por cientistas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Aberta da Catalunha (UOC), na Espanha, publicado em março, na revista Nutrients, concluiu que a cafeína pode ser um aliado no tratamento do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). A pesquisa descobriu que o consumo controlado da substância pode aumentar a capacidade de atenção e de retenção de informações em pessoas  com tal distúrbio.

Jay Vasquez, pesquisador do laboratório de neurociências da UOC, afirma que a cafeína atua de modo eficaz na desatenção, uma das principais características da doença. O elemento aumenta a capacidade e a flexibilidade na atenção espacial (relacionada aos estímulos específicos em um ambiente visual), quanto na atenção seletiva (responsável por focar em um só elemento do ambiente). Resultados positivos foram encontrados também em alguns tipos de memória, como a de curto prazo.

Vasquez explica que o tratamento com a substância é benéfico e não possui efeitos colaterais comuns dos remédios usados para tratar o TDAH como, alterações de peso e da pressão arterial. Uma das motivações da pesquisa é o reduzido leque de opções de procedimentos para pessoas com o transtorno: “O arsenal terapêutico para aliviar o TDAH é limitado, e há certa controvérsia em torno do uso de alguns tipos de medicamentos e estimulantes. Por isso, é útil estudar a eficácia de outras substâncias como a cafeína”, declara o pesquisador.

O especialista apontou que os resultados são promissores para o uso terapêutico da cafeína, porém mais estudos são necessários para que seja realizado de modo adequado.

Cafeína pode ser encontrada em outros alimentos

Apesar de ser mais associada ao café, a cafeína é presente em vários outros alimentos. Duzentos mililitros  de chá preto, por exemplo, contém de 30 a 60 mg da substância, a mesma quantidade de chá mate possui de 20 a 30 mg. É possível encontra-lá também em chocolates. O Jornal do Café preparou uma lista com esses produtos para aqueles que desejam saber mais.

Mesmo com os benefícios é sempre importante ter em mente o equilíbrio no consumo. A Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) recomenda a ingestão de, no máximo, 400 miligramas de cafeína por dia, uma média de três a cinco xícaras de café, a mesma recomendada pela European Food Safe Authority, agência que dá suporte a legislação alimentícia europeia.