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Cafés especiais caem no gosto dos brasileiros e impulsionam mercado
por DCI
A ampla aceitação das cápsulas de café no varejo e o avanço das cafeterias no País indicam que o paladar do brasileiro está cada vez mais refinado. A ‘gourmetização’ virou tendência e chegou para ficar, uma oportunidade de negócios que tem sido aproveitada por todos os elos da cadeia.
Até o dia 18 de setembro, o público que passar pelos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio de Janeiro (RJ) tem a oportunidade de conhecer um pouco sobre os cafés especiais brasileiros em um workshop na Casa Brasil, instalada no Pier Mauá. Engana-se quem pensar que, por ser um evento internacional na terra do maior fornecedor global da cultura, a visitação é integrada em sua maioria por estrangeiros.
“O workshop está disponível todos os dias, de hora em hora, desde o início do evento esportivo. Não servimos cafezinho de graça. Nos propusemos a informar os consumidores e nos deparamos com um público 90% brasileiro que quer entender sobre a qualidade do produto. Já tivemos que aumentar o tempo de apresentação e limitar a quantidade de participantes, tamanha a adesão”, conta a diretora da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês), Vanusia Nogueira (foto: Leonardo Rodrigues/Valor).
Nesta cadeia, o estímulo vem do varejo ao campo.
Durante o 15º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado neste mês, o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino (foto: Phábrica de Ideias), disse que os cooperadores já receberam mais de R$ 20 milhões em prêmios sobre a remuneração convencional por grãos entregues com determinados padrões de qualidade. Isso porque, segundo ele, a unidade fornece cerca de 30% da matéria-prima utilizada nas cápsulas da Nespresso, marca do Grupo Nestlé.
A inovação não é vista por Paulino como algo negativo, ela é um motor para que o setor se adeque aos novos moldes do mercado. A maior cooperativa de café do mundo não deixará de ser exportadora da commodity verde, mas, para o cooperado, o fornecimento do grão especial representa um incremento de R$ 30 a R$ 800 sobre o preço por saca.
“Da nossa meta de colher 6 milhões de sacas neste ano, 250 mil devem ser gourmet. É pouco, mas tende a crescer”, afirmou Paulino ao DCI.
A BSCA estima que o Brasil produzirá até 8 milhões de sacas de 60 quilos de cafés especiais em 2016, o que representa uma fatia de 35,5% da demanda mundial pelo produto, estimada pela Organização Internacional do Café (OIC) em 22,5 milhões de sacas. No ano passado, o País exportou 6,75 milhões de sacas (18% do total nacional) e registrou o consumo interno de 1 milhão de sacas de cafés especiais, o que correspondeu a 5% do total de 20,5 milhões de sacas bebidas pelos brasileiros.
Além dos novos hábitos do consumidor final, uma combinação de fatores abre precedentes para expansão da demanda doméstica pela bebida de melhor qualidade. Alguns dos principais importadores de café, como a União Europeia, mantêm barreiras tarifárias para a aquisição do produto brasileiro industrializado. O País é naturalmente conhecido como fornecedor de matéria-prima. “A indústria tem dificuldade de colocar o produto processado no mercado internacional”, justifica Vanusia.
Em contrapartida, o Brasil é o segundo maior consumidor mundial da bebida, fator que colaborou para que a Nestlé escolhesse Montes Claros (MG), para alocar sua primeira fábrica de cápsulas Nescafé Dolce Gusto fora da Europa, inaugurada em 2015. Construída com um investimento de R$ 220 milhões, a fábrica opera utilizando café de origem 100% brasileira, além de outras matérias-primas nacionais, como leite, cacau e açúcar.
“No Brasil, a companhia negocia com aproximadamente 600 produtores pelo Nescafé Plan. Na Nespresso, são 2 mil fornecedores. A Nestlé Brasil considera a cultura cafeeira nacional como fundamental para o desenvolvimento de seus negócios”, informou a companhia ao DCI, em nota.
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