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Cai exportação de café diferenciado, mas preço é 20% maior
por Revista Globo Rural:
CeCafé acredita que 2017 será de estabilidade no segmento e destaca aumento da procura da Ásia pelo produto
Apesar da queda neste ano, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé) faz avaliação positiva do mercado de cafés diferenciados, de qualidade superior. A expectativa é de recuperação das exportações, especialmente no segundo semestre, com o resultado de 2017 próximo ao de 2016, quando a exportação desse tipo de produto ficou perto de 5,9 milhões de sacas.
A cadeia produtiva considera diferenciado o café lavado, semi-lavado, natural ou cereja descascado, cuja bebida é certificada e recebe pontuação elevada em avaliações técnicas reconhecidas. E, por conta disso, o mercado paga mais por esses produtos em relação ao café considerado commodity.
Entre janeiro e maio deste ano, as vendas externas de café diferenciado do Brasil totalizaram 1,797 milhão de sacas de 60 quilos, conforme os dados divulgados pelo CeCafé. O número representa uma queda significativa de 35,89% em relação ao registrado no mesmo período em 2016.
O mercado para esse tipo de café registrou menor disponibilidade do produto no ano passado, avalia o CeCafé. “As chuvas durante a colheita não prejudicaram tanto o volume, mas afetaram a qualidade da produção de diferenciados”, lamenta o diretor geral do Conselho, Marcos Antonio Matos. No ano passado, foram colhidas 51,37 milhões de sacas de café no Brasil, 13% acima do produzido em 2015, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A participação do segmento de diferenciados no total das exportações brasileiras de café nos primeiros cinco meses de 2017 foi de 14,2%. E os preços médios pagos pelo diferenciado foram mais de 20% superiores às médias para o produto convencional, informa o Conselho.
Um arábica diferenciado foi cotado a R$ 209,10 a saca, em média. Já a média geral para a variedade foi de R$ 173,45 a saca de 60 quilos. No caso do robusta, os preços médios foram de R$ 201,46 no diferenciado e de R$ 169,50 a saca no geral.
Em que pese a queda registrada neste ano, a visão do Conselho é positiva para os diferenciados. Dirigentes da instituição consideram muito cedo afirmar se 2018 será de recuperação. Mas a intenção é, no ano que vem ou nos seguintes, retomar o potencial de exportações desse tipo de produto, entre 8 milhões e 9 milhões de sacas.
“O cafeicultor tem feito os tratos culturais necessários e os fundamentos são positivos para a recuperação desses patamares. Vamos acompanhar as condições climáticas”, pontua Matos. “Felizmente, temos mercados para todas as qualidades de café”, diz Nelson Carvalhaes, presidente do Conselho.
Entre os principais destinos do café diferenciado brasileiro, os primeiros dez representam mais de 80% dos embarques. De janeiro a maio de 2017, os Estados Unidos mantiveram a liderança, com 19% de participação. Depois, aparecem Alemanha (15%) e Bélgica (14%).
Os dirigentes do CeCafé destacam também um aumento da participação de países asiáticos. O Japão, por exemplo, representou 10% das compras de café diferenciado brasileiro, empatado com a Itália, mercado mais tradicional. Outros 2% vieram da Coreia do Sul, décimo da lista.
“Japão e Coreia do Sul são mercados bastante exigentes em qualidade. Acredito que vão servir como catalizadores de sucesso para os demais países da Ásia consumirem café diferenciado”, acredita Carvalhaes.
Para os exportadores brasileiros, o mercado asiático é fundamental. Com base na Organização Internacional do Café (OIC), o CeCafé lembra que o consumo mundial é estimado entre 154 milhões e 155 milhões de sacas. Mantidas as taxas atuais, sem uma explosão de demanda na Ásia, pode chegar a 200 milhões até 2030, nas projeções otimistas.
“Podemos ter uma surpresa na Ásia até lá. E o Brasil precisa estar preparado para atender esse mercado e até ampliar seu market share”, diz o presidente do Conselho.
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