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Chuvas afetam qualidade do café do Vietnã

por CaféPoint:

As fortes chuvas que afetaram a colheita de café 2016/2017 do Vietnã aumentaram a proporção de grãos de baixa qualidade e com defeitos, disseram os comerciantes, com um grande exportador afirmando que a qualidade está em pior estado em nove anos.

As chuvas fora de época que caíram de outubro a dezembro do ano passado no cinturão do café das Planícies Centrais do Vietnã atrasaram a safra 2016/2017, resultando em mais grãos pretos e quebrados. A estação chuvosa normalmente termina no início de outubro.

A colheita foi concluída em janeiro, como de costume, mas uma proporção maior de grãos pretos e quebrados – contados como defeitos nas normas de exportação – surgiu.

Esses defeitos, aliados à proibição da Índia de importações de café vietnamita a partir de 7 de março, tornaram mais difícil para o maior exportador de robusta do mundo encontrar compradores para a commodity de baixa qualidade neste ano.

“A proporção de defeitos neste ano aumentou 50% em relação a 2016”, disse Le Duc Huy, vice-diretor geral da Simexco, uma importante empresa de exportação localizada na província de Dak Lak. “A qualidade é a pior desde 2008.”

As chuvas cortaram a produção de café do Vietnã em 2007/2008 em 15%, para 1,08 milhão de toneladas.

Os comerciantes dizem que a Índia muitas vezes compra do Vietnã robusta de baixa qualidade grau 3, com 25% de grãos pretos e quebrados e 3% de matéria estranha, para produzir café instantâneo. O café de referência do Vietnã para exportação é o robusta grade 2 (5% preto e quebrado), que tem um preço de US$ 120 a US$ 180 por tonelada, em comparação com os grãos de grau 3.

A colheita geralmente começa no final de outubro e termina em janeiro. As chuvas durante o período de florescimento reduzem os rendimentos, enquanto o clima úmido perturba o processo de secagem ao ar livre, necessitando do uso de secadores elétricos que transformam tornam os grãos pretos e pioram o sabor. Assim, o volume exportável é reduzido.

Dois comerciantes de empresas estrangeiras de Ho Chi Minh City, o maior mercado de café do Vietnã, estimaram que o grão de baixa qualidade representam 10-20% da produção do país neste ano, que deverá baixar 8% em relação ao ano passado, para 26,7 milhões de sacas ou 1,6 milhões de toneladas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA.

Especialistas vietnamitas em comércio dizem que a proibição da Índia é uma ação de ‘olho por olho’ depois que Hanoi anunciou que iria suspender a importação de cinco commodities indianas a partir de abril para evitar o espalhamento do besouro de amendoim.

O impacto da proibição sobre as exportações globais de café do Vietnã é mínimo, disse o presidente da Associação de Café e Cacau do Vietnã, Luong Van Tu.

A Índia importou 6.900 toneladas de café vietnamita de janeiro a fevereiro deste ano, 17% a menos que no mesmo período em 2016, com base nos dados da Alfândega do Vietnã.

No ano passado, o país gastou US$ 79,4 milhões para importar 46 mil toneladas de café do Vietnã, uma pequena fração do total de embarques da Nação do Sudeste Asiático, de 1,78 milhão de toneladas.

A Índia tem o terceiro maior mercado de café varejista de varejo do mundo depois da Indonésia e da Turquia, informou a agência de inteligência do mercado global Mintel em seu último relatório no início deste mês.

O robusta, com altas proporções de grãos pretos e quebrados, também é vendido a empresas vietnamitas para produzir café instantâneo, disseram os traders. Mas a proibição afetou os torrefadores indianos que estavam comprando sua matéria-prima do Vietnã, disseram os traders.

“Desde que a proibição foi estabelecida, várias remessas foram mantidas e os importadores não sabem como resolver a situação”, disse um comerciante vietnamita em uma empresa de Ho Chi Minh City, que envia café para a Índia.

A proibição também tornou difícil para os torrefadores indianos depois que secas consecutivas nos últimos dois anos danificarem várias lavouras, incluindo o café.

“Os torrefadores indianos podem ter que mudar para outras fontes, como a Costa do Marfim e outras nações africanas”, disse um segundo comerciante de uma empresa europeia em Ho Chi Minh City.

As informações são do VnExpress.net. / Tradução por Juliana Santin

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