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CNC: safra 2020 de café arábica deve ser prejudicada por clima e falta de tratos

 por Agência Estado:

A safra brasileira de café arábica em 2020 será menor do que muitos no mercado estão esperando, por causa do clima desfavorável em 2019 e da falta de cuidados adequados com as lavouras, disse o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro.

O preço do café arábica atingiu o menor nível em mais de dez anos este ano, e ainda está muito baixo, refletindo safras cada vez maiores nos principais países produtores. Exportações recorde do Brasil ajudaram a pressionar as cotações nos mercados mundiais.

O baixo preço nos mercados globais faz com que produtores no Brasil e em outros países tenham menos recursos para investir em fertilizantes e outros insumos para cuidar das plantações, o que vai reduzir a produtividade nos próximos anos, disse Brasileiro. “Em 2019, os pés de café não foram bem cuidados, porque os agricultores não têm recursos para isso”, afirmou. “Se você olhar para a América Central, Colômbia, África – é a mesma situação em todo lugar.”

O Brasil tem um ciclo bienal de produção de arábica, com anos pares produzindo safras maiores. O presidente da CNC não quis fazer uma projeção para a colheita em 2020, mas disse que a produção pode ser menor que a do ano passado.

Em 2018, o Brasil produziu um recorde de 47,5 milhões de sacas de café arábica, um aumento de quase 10% em comparação a 2016. Para alguns analistas, a safra pode ser ainda maior em 2020, e esse é um dos fatores que estão pesando sobre os preços este ano, disse o consultor Guilherme Ferreira, da INTL FCStone. “Se não tivermos problemas climáticos, quaisquer que sejam, poderemos ter uma safra recorde em 2020”, afirmou. “Mas há possibilidade de geada neste fim de semana, o que poderia afetar o próximo ano.”

Além da falta de dinheiro para cuidados adequados, o clima desfavorável este ano também vai afetar a produção brasileira em 2020, disse Brasileiro. Parte do Brasil teve temperaturas altas no fim de 2018 e no começo de 2019, e chuvas fortes em maio também terão um impacto negativo sobre a produção do ano que vem, afirmou. “Nunca tivemos tanta chuva em maio, esse é um grande ponto de interrogação.”

O presidente da CNC disse ainda que outros países produtores, com exceção do Brasil, precisam impulsionar o consumo doméstico para dar suporte aos preços. Segundo ele, recursos do governo podem ajudar os produtores no curto prazo, mas provavelmente vão estimular a produção mais à frente, o que pressionaria ainda mais as cotações. Fonte: Dow Jones Newswires.

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