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Colheita atrasa e só agora começa a pegar ritmo

por Carvalhaes:

A CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento divulgou na quinta-feira, dia 28, que os estoques de passagem privados de café no Brasil em 31 de março último somavam 9,866 milhões de sacas de 60 kgs. Na verdade, como repetimos todos os anos, são os estoques privados em 31 de março, mas não são os de passagem, pois o ano-safra brasileiro terminou no sábado, dia 30 de junho. Para chegarmos aos estoques reais de passagem, que são os do final do ano-safra, devemos retirar desse total o consumo interno e os embarques de abril, maio e junho.

É consenso que a colheita do arábica atrasou e só agora em junho entrou em seu ritmo de “cruzeiro”. Portanto praticamente todo o arábica embarcado nesses três últimos meses do ano-safra 2017/2018 foi de café colhido no ano passado. A entrada de conilon também atrasou, mas boa parte dos embarques desses cafés (tanto verde como solúvel) neste mês de junho já deve ter sido da nova safra.

É difícil chegarmos ao número real dos estoques brasileiros privados de passagem em 30 de junho, mas ele certamente será bem menor do que o anunciado ontem. Os estoques públicos zeraram no final do ano passado e a cada ano o quadro se mostra mais apertado. Isso acontece com um cenário de consumo em alta em praticamente todo o mundo.

À medida que os trabalhos de colheita avançam vai se consolidando a impressão de que os números da próxima safra brasileira de café não serão superiores aos estimados pela CONAB. Provavelmente ficarão um pouco abaixo. Nesta semana o Rabobank divulgou que estima um crescimento de 15,4% para a colheita de café do Brasil na safra 2018/2019 em comparação à safra 2017/2018. Segundo o banco, os números apontam para um total de 56,8 milhões de sacas, enquanto que no último ano foram colhidas 49,2 milhões. A safra cresceu principalmente para o conilon, que teve grandes perdas nos últimos anos devido às severas secas.

O dólar voltou a se valorizar frente ao real nesta semana. Com a valorização, os preços do café em Nova Iorque foram pressionados, perdendo 185 pontos nos contratos com vencimento em setembro próximo. Mesmo com a queda de 185 pontos, em reais por saca os preços na ICE tiveram uma pequena alta. No mercado físico brasileiro o cenário não se alterou. O produtor resiste em vender nas bases oferecidas pelos compradores, dificultando o fechamento de um número maior de negócios. Vendem apenas o necessário para fazer frente às despesas. A colheita traz grande aumento nas despesas dos produtores, mas mesmo assim não se nota pressão vendedora. Apenas na zona da mata, onde a colheita começou um pouco mais cedo, acontece um volume maior de negócios fechados.

Até dia 29, os embarques de junho estavam em 1.501.571 sacas de café arábica, 203.600 sacas de café conillon, mais 189.852 sacas de café solúvel, totalizando 1.895.023 sacas embarcadas, contra 1.522.780 sacas no mesmo dia de maio. Até o mesmo dia 29, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 2.528.438 sacas, contra 1.785.685 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 22, sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 29, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo 185 pontos ou US$ 2,45 (R$ 9,50) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 22 a R$ 584,77 por saca, e dia 29 a R$ 590,29. Na sexta-feira, dia 29, nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 65 pontos.

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