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Colômbia segue vivendo onda de protestos e violência; cafeicultores têm carga roubada e pedem socorro

Por Notícias Agrícolas:

Postado em: 21/05/21

Os embarques de café na Colômbia, segundo maior produtor de café arábica do mundo, seguem comprometidos. Há quase um mês o país está tomado por uma onda de violência e, além dos bloqueios, parte da carga no Porto de Buenaventura foi saqueada nas últimas 24 horas.

Segundo uma nota oficial divulgada na última terça-feira (19) pela Federação Nacional dos Cafeicultores (FNC), o setor cafeeiro pede com urgência o fim dos bloqueios e atos de vandalismo. “Hoje, quando o setor pode voltar a ser um ator fundamental na recuperação econômica, os bloqueios e o vandalismo são um obstáculo para esse fim e uma fonte de inquietação para os colombianos”, afirma a publicação oficial.

De acordo com a FNC, o porto de Buenaventura é responsável por pelo menos 70% dos embarques. “Isso se soma à já desanimadora situação enfrentada pelo setor cafeeiro, em decorrência dos bloqueios de estradas no território nacional, que têm impedido a retirada do café”, acrescenta.

A nota oficial destaca ainda que os “cafeicultores colombianos, por meio de seus representantes no Comitê Diretor, pedem soluções pacíficas e imediatas, especialmente quando esta situação custou a vida a dezenas de compatriotas e interrompeu o fornecimento de insumos, alimentos e combustível a várias regiões do país”.

Em entrevista para Caracol Rádio, na manhã desta quarta-feira (20), Roberto Vélez – porta-voz da FNC, afirmou que os últimos ataques no porto foram de fato planejados pelo grupo. “Chegaram exatamente aos armazéns, roubaram a mercadoria. Isso não acontece da noite para o dia, foi planejado e organizado”, comentou.

O gerente afirmou que a situação é uma tragédia para os cafeicultores e para a Colômbia: “Ontem uma parte do café foi roubada. 1.350 sacas são produzidas por Buenaventura . Metade do café sai por Buenaventura . Não há escoamento para exportação e depois não há prata para o produtor. Com os bloqueios tudo parou. Em outras partes do mundo ficaram sem essa matéria-prima ”, disse.

Os protestos, convocados originalmente em oposição a um plano de reforma tributária, agora cancelado, exigem que o governo tome atitudes para enfrentar a pobreza, violência policial e desigualdades na saúde e nos sistemas de educação.

Problemas também do lado produtivo 

É importante destacar que além dos problemas logísticos, a Colômbia também enfrenta problemas na produção. Segundo Juan David Cordona, em entrevista ao Notícias Agrícolas, se no Brasil o produtor enfrenta problema com falta de chuvas, na Colômbia acontece o oposto. Segundo Juan David Cardona – Diretor da Associação de Jovens Cafeeiros de Ciudad Bolívar, o excesso de chuvas atrapalha o desenvolvimento da primeira safra.

Com o produtor colombiano descapitalizado para investir e aumento de ferrugem no parque cafeeiro como consequência da chuva, a expectativa de quebra, considerando as duas safras, é de pelo menos 50%.

De acordo com o produtor, o país vem exportando mais do que a produção e quase não há mais estoques nas cooperativas ou na mão do produtor. “Realmente temos uma escassez de café. Temos visto desde janeiro deste ano que Colômbia está exportador mais que produzindo”, comenta.

Chama atenção ainda para a quantidade de café que a Colômbia vem importando do Brasil nos últimos dias. Segundo Juan, isso é reflexo da exportação em massa, avaliando ainda que pelo menos 80% do café para consumo doméstico na Colômbia, é proveniente do Brasil.

Situação ainda deve se estender por mais dias

Apesar das conversas, Comitê de Desemprego anuncia marchas para 26 e 28 de maio / Getty Images - Luis Robayo
Apesar das conversas, Comitê de Desemprego anuncia marchas para 26 e 28 de maio / Getty Images – Luis Robayo​

De acordo com informações divulgadas também pela rádio Caracol,  presidente da Unidade Central dos Trabalhadores, CUT, garantiu que independentemente das abordagens que forem alcançadas, a mobilização da Greve Nacional continuará nos dias 26 e 28 de maio.

“Na próxima semana, e a partir de hoje, a greve vai continuar. E vamos fazer grandes manifestações nos dias 26 e 28 de maio, quando se completar o primeiro mês de mobilizações na Colômbia ” , disse Maltés.

Em relação à reunião em geral e às suas expectativas, o dirigente operário destacou que “a Comissão Nacional de Desemprego vem com o maior entusiasmo, e esperamos que o Governo permita chegar a um acordo sobre as garantias de exercício do protesto, a fim de para iniciar a negociação do Documento de Emergência “.

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