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Com chegada da nova safra do Brasil, Bolsa de Nova York fecha mês com queda de quase 5%

por Notícias Agrícolas:

O início da colheita no Brasil fez com que os preços futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) recuassem no comparativo semanal e mensal. O vencimento julho/16 fechou o mês de abril com preço 4,67% mais baixo em relação ao mês anterior. Além disso, o câmbio – que impacta diretamente as exportações – e indicadores técnicos também contribuíram para as perdas acumuladas no mercado.

Só nesta semana, as cotações da variedade na ICE recuaram 1,50% no vencimento julho/16, saindo de 123,35 cents/lb para 121,50 cents/lb nesta sexta-feira (29). Nem mesmo a valorização do mercado registrada hoje teve força para reverter às perdas acumuladas dos últimos dias. O mercado repercutiu hoje as oscilações do câmbio e indicadores técnicos.

O vencimento maio/16 fechou a sessão de hoje cotado a 120,85 cents/lb com alta de 45 pontos, o julho/16 teve 121,50 cents/lb com avanço de 55 pontos. O contrato setembro/16 anotou 123,35 cents/lb e o dezembro/16 registrou 125,75 cents/lb, ambos com 60 pontos de valorização.

“O mercado registrou leve recuperação nesta sexta-feira com o dólar mais fraco [na casa de R$ 3,40] em relação ao real, mas também não conseguiu avançar muito porque não teve força para se sustentar acima de US$ 1,20 por libra-peso. Ainda assim, minha leitura é negativa”, explica o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach.

Após dias trabalhando apenas com variáveis técnicas, as cotações do café arábica nesta semana foram pressionadas, principalmente, pelas informações recentes sobre a colheita no Brasil e estimativas sobre a safra do país. Segundo a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), a produção do grão no Brasil nesta temporada deverá superar 53 milhões de sacas, acima das previsões iniciais do governo federal. Uma safra maior neste ano daria um alívio às margens para a indústria brasileira.

Os trabalhos com a colheita do café já começaram em algumas áreas brasileiras, mas ainda não são generalizados. As primeiras amostras que chegam ao mercado dão um panorama de como promete ser a produção da safra 2016/17. “A colheita de arábica no Brasil começou bem e está atendendo às expectativas”, disse um corretor de Londres ontem à agência de notícias Reuters.

No Sul de Minas Gerais, principal região produtora de arábica, a colheita tem surpreendido positivamente os produtores, enquanto que no Espírito Santo, maior estado produtor da variedade robusta, as perdas que eram esperadas devido à seca têm sido confirmadas.

“Temos registrado uma boa formação dos grãos [arábica]. Nos primeiros lotes, cerca de 75% são peneira 16 acima e 52% de peneira 17/18. No ano passado, os grãos foram bem menores”, afirma o gerente do Departamento de Café da Capebe (Cooperativa agropecuária de Boa Esperança), Gleison de Oliveira.

Apesar de o mercado ter repercutido aspectos fundamentais nos últimos dias da semana, o câmbio permanece no radar dos operadores. As flutuações do dólar influenciam diretamente nas exportações da commodity pelo Brasil. A divisa americana fechou o dia com queda de 1,64%, cotada a R$ 3,4401 na venda, menor patamar desde 31 de julho. Na semana, a moeda norte-americana acumulou recuo de 3,65%.

De acordo com o balanço divulgado na segunda-feira pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações brasileiras de café até a quarta semana de abril (15 dias úteis) totalizaram 1,77 milhões de sacas de 60 kg, com receita de R$ 258,5 milhões. Em todo o mês de março, o volume embarcado do grão foi de 2,77 milhões de sacas.

Mercado interno

Nas praças de comercialização do Brasil, os produtores de café seguem retraídos com a perspectiva de melhores preços mas, ao mesmo tempo, tem muito pouco café em estoque da safra antiga (2015/16) para negociar. O lado comprador também prefere aguardar por melhores condições para comprar o café da safra nova. Os preços internos, no entanto, não avançaram nesta semana devido à queda do dólar.

Muitos colaboradores do Cepea acreditam que o volume de negócios voltará a aumentar somente quando a colheita ganhar força. Por enquanto, o clima vem favorecendo a maturação do arábica. Se as temperaturas baixas e o clima úmido persistirem ao longo de maio, a qualidade da bebida dos primeiros grãos colhidos pode ser afetada.

O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação de sexta em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 530,00 a saca e queda de 1,85%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.

Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Guaxupé (MG) com queda de R$ 21,00 (-3,95%), saindo de R$ 531,00 para R$ 510,00 a saca.

O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 500,00 a saca e queda de 1,57%. Foi a maior oscilação dentre as praças  no dia.

A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 4/5 também foi registrada em Guaxupé (MG), por lá a saca estava cotada a R$ 523,00 na sexta-feira passada, mas teve desvalorização de R$ 23,00 (-4,40%), e agora está em R$ 500,00.

O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação nas cidades de Araguari (MG), Espírito Santo do Pinhal (SP) e Varginha (MG) com R$ 490,00 a saca, respectivamente, queda de 3,92% e preços estável nas últimas duas últimas.

Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Guaxupé (MG), que tinha saca cotada a R$ 485,00, mas recuou R$ 27,00 (-5,57%) e agora vale R$ 458,00.

Na quinta-feira (28), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 453,76 com queda de 0,66%.

Bolsa de Londres

As cotações do café robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, fecharam em alta nesta sexta-feira. O contrato maio/16 registrou US$ 1556,00 por tonelada com avanço de US$ 14, o julho/16 teve US$ 1587,00 por tonelada e alta de US$ 9, enquanto o setembro/16 anotou US$ 1606,00 por tonelada e valorização de US$ 8.

Na quinta-feira (28), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 381,63 com baixa de 0,04%.

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