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Com clima desfavorável, Brasil encerra 2015 com terceiro ano seguido de quebra na safra
por Notícias Agrícolas:
O ano de 2015 termina com a terceira safra consecutiva de quebra para a cafeicultura brasileira. O País que é o maior produtor e exportador da commodity no mundo enfrentou condições climáticas adversas em praticamente todo o cinturão produtivo nos últimos anos. No entanto, para a próxima temporada, a perspectiva é mais otimista com as principais regiões produtoras recebendo bons volumes de chuva desde outubro, e pelo fato da safra ser de alta bienalidade para a maioria das regiões.
Nos principais estados produtores da variedade arábica, São Paulo e Minas Gerais, a seca castigou as lavouras e dificultou o plantio de novas áreas. Por outro lado, algumas fazendas mineiras tiveram que atrasar a colheita por conta da umidade. No Sul de Minas Gerais, a produção da safra 2015/16 decepcionou os cafeicultores com quebra superior a 20%. Problemas de bebida também foram registrados por conta do excesso de chuva no início da colheita.
Produção decepciona cafeicultores no Sul de Minas com quebra superior a 20% e problemas de bebida
Na região de Altinópis (SP), os produtores de café iniciaram a colheita neste ano com perspectiva de quebra acima de 40%. Com a seca em 2014, muitos cafeicultores esqueletaram as lavouras à espera de uma produção melhor na safra 2016/17.
Em Altinópolis (SP), produtores devem iniciar a colheita do café arábica e a quebra pode ficar acima de 40%
No Espírito Santo, principal produtor de robusta, a situação foi ainda pior. O estado enfrentou uma das maiores secas dos últimos 50 anos e o governo proibiu a irrigação das lavouras em alguns municípios, após o risco de desabastecimento. Em levantamento divulgado em novembro pelas autoridades capixaba, a seca gerou prejuízo de quase a R$ 1 bilhão no estado. Na cafeicultura, a quebra na produção foi estimada, na época, em 22,6%. Para a safra 2016/17, algumas regiões já estimam queda na produção de até 90% devido à seca.
Em Rio Bananal (ES), produção de café conillon já tem quebra de 70% devido ao tempo seco e altas temperaturas
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontou em seu terceiro levantamento, divulgado na semana passada, a produção de café do Brasil da safra atual em 43,24 milhões de sacas de 60 kg do produto beneficiado, queda de 4,65% em relação a 2014. (Veja abaixo o gráfico com a produção de café do Brasil nos últimos quatro anos).
A produção do café arábica deve ser de 32 milhões de sacas, o que representa 74,1% do total do país. Há uma redução de 1,7%, devido à baixa de 1.532,7 mil sacas no Cerrado Mineiro e 524,9 mil em São Paulo, correspondendo a 26,6 e 11,4%, respectivamente.
A variedade apresenta ganho de produção apenas na Zona da Mata Mineira, Paraná, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Esta região de Minas está em ano de bienalidade positiva e, apesar das condições climáticas adversas, tem boa produtividade. No Paraná, Espírito Santo e Rio de Janeiro a produção recupera-se das condições climáticas adversas, superando a safra anterior.
O robusta deve ter colheita de 11,19 milhões de sacas, o que representa uma redução de 14,2%, devido a queda da produção no Espírito Santo. O resultado se deve à estiagem da safra atual, com as lavouras do estado afetadas por déficit hídrico, elevadas temperaturas e grande insolação nos primeiros meses do ano, o que levou à má formação dos grãos.
Recorde nas exportações
Apesar da produção de café do Brasil cair quase 15% desde 2012, a demanda pelo grão continua firme, o que reascende as chances de preços mais altos na próxima temporada. De acordo com dados prévios do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), o País deve bater neste ano novo recorde histórico nas exportações.
De janeiro a novembro de 2015, os embarques alcançaram 33.520.731 sacas 60 kg, 1,0% superior em comparação ao ano passado, e receita cambial de US$ 5,626 bilhões. No período, o café robusta apresentou importante crescimento de 35% em relação ao período passado, ainda em decorrência da pouca oferta de café vietnamita e de outras origens, alcançando o volume embarcado de 4.042.505 sacas.
“Acredito que exista a possibilidade desse ano se encerrar com um recorde histórico de embarque de café. Também pode acabar como no ano passado, quando foram exportadas 28.798.055 sacas pelo Porto de Santos. Mas, estamos otimistas”, explicou o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes.
Custos de produção
Além dos problemas no campo, as contas aumentaram bastante neste ano para o cafeicultor brasileiro. Diante das incertezas no cenário político e econômico do Brasil, além das questões externas, o dólar comercial acumulou forte alta em 2015 ante a moeda brasileira. Na cafeicultura, os impactos dessa valorização vieram com o aumento quase que imediato dos insumos e defensivos utilizados no cuidado das lavouras. Além disso, a mão de obra, energia e o combustível também subiram neste ano, impactando bastante os custos de produção.
De acordo com boletim divulgado em março pela CNA, na safra 2014/15, os custos com colheita e pós-colheita na cafeicultura brasileira subiram 6,37%. Em fevereiro deste ano, as etapas do processo produtivo custaram para o produtor de café arábica, em média, R$ 119,42 a saca de 60 kg, já para o robusta o valor R$ 84,00 a saca.
Os dados da safra 2015/16 devem ser divulgados pela Comissão no início do próximo ano, mas a expectativa dos envolvidos no levantamento é de eles tenham um salto considerável por conta do aumento do dólar.
Perspectivas para 2016
Após anos difíceis para o cafeicultor brasileiro, os envolvidos de mercado acreditam que em 2016 o cenário deve ser diferente. O clima nos últimos meses tem beneficiado o desenvolvimento das lavouras para a próxima safra, que é de alta bienalidade para a maioria das regiões, os estoques mundiais estão baixos e o consumo só aumenta. Ainda assim, o cafeicultor deve ficar atento ao clima, pois é preciso a continuidade desse padrão climático nos próximos meses.
“Seguramente, caso tenhamos um volume de chuva normal em janeiro e fevereiro, o ano de 2016 deverá ser bom para o cafeicultor. A produção Mineira está se recuperando dos efeitos da seca dos anos anteriores, não podemos falar em aumento e sim em recuperação. O Cerrado Mineiro, por exemplo, teve uma quebra de safra de 20% neste ano, penso que estamos voltando para a normalidade a partir do próximo ano”, explica o presidente da Cooxupé, Carlos Paulino.
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