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Com presença de políticos, Agrishow começa em Ribeirão Preto

por Revista Globo Rural:

Plano Safra e Funrural marcaram discursos de representantes do setor durante abertura da feira

O agricultor está obtendo safras recordes, alta produtividade, mas sua renda está menor. “Se o produtor não conseguir ganhar dinheiro toda a cadeia do agronegócio, como a indústria de máquinas e de fertilizantes, se deteriora.” Esse foi o recado do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, na abertura da 24ª Agrishow, maior feira agrícola do país, em Ribeirão Preto nesta segunda-feira (1º), em Ribeirão Preto (SP).

Em clima de campanha política pró-governador Geraldo Alckmin, a abertura reuniu dirigentes das entidades e indústrias do agronegócio, muitos políticos e produtores rurais. Os organizadores da Agrishow, que termina na sexta (5/5), projetam um crescimento de 15% a 18% nas vendas da feira deste ano, na comparação com o faturamento de R$ 1,95 bilhão do ano passado.

Aplaudido pelos colegas de mesa e pela  plateia que lotou a Arena do Conhecimento, Blairo disse que o setor agropecuário é o que mais tem contribuído para o PIB do país, que pratica uma agricultura sustentável e usa apenas 8% do território brasileiro para tudo o que planta. “Há países que produzem combustível, como petróleo, para alimentar as nossas máquinas. Nós produzimos combustível para a vida”, disse o ministro que voltou a defender a ação do governo no episódio da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. “Se a carne foi fraca, o couro foi duro para dar a volta por cima.”

O ministro exortou os consumidores a fiscalizar a carne que é vendida nos supermercados. “O ministério garante a qualidade da carne nos frigoríficos. A partir daí, temos que contar com a fiscalização do consumidor.”

Sobre o novo Plano Safra, que entra em vigor em julho, Maggi ressaltou que as discussões estão avançadas sobre a manutenção dos valores do crédito rural, mas há grandes divergências sobre as taxas de juros. A pasta da Agricultura quer juros negativos (menores que a inflação), mas o Ministério da Fazenda insiste em juro real. “A permanecer a intenção da Fazenda, teremos juro real de 5%, coisa que o agricultor, que já corre o maior risco do mundo em sua atividade a céu aberto, dependente do clima, não suporta”, diz o ministro. Ele também reforçou que o governo está preocupado com os produtores que devem o Funrural. “Estamos buscando alternativas para os que não recolheram nada ou que recorrem a liminares para não pagar.” Ele justificou que o país não pode perder o capital de conhecimento do agricultor.

João Marchesan, presidente do conselho da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas), defendeu que o novo Plano Safra tenha taxas fixas e juros civilizados para permitir que o agronegócio continue ancorando o PIB brasileiro. Ele acrescentou que o governo precisa deixar de manipular a questão do câmbio, que já arrasou com a indústria e pode acabar com a agricultura. Antes, o presidente de honra da Agrishow, Maurilio Biagi, já havia disparado críticas ao governo dizendo que há muitos interlocutores para o setor do agronegócio, mas nenhuma liderança.

O diretor de agronegócios do BNDES, Ricardo Ramos, estreante em Agrishow, disse que o banco reconhece a importância do agronegócio, que vem puxando o país. Por isso, já desembolsou para o setor R$ 13,9 bilhões desde julho de 2016, montante que deve chegar a R$ 18 bilhões no final deste Plano Safra, em 30 de junho. Segundo ele, a partir de 2018, o BNDES deve automatizar a aprovação de crédito para a agricultura. “Se tudo estiver certo, a aprovação do financiamento sairá em um dia.” Além disso, o banco lança até o final do ano o cartão pessoa física para o pequeno agricultor que acessa os créditos do Pronaf.

O governador paulista, Geraldo Alckmin anunciou a liberação de R$ 137 milhões pelo Programa Pro-Trator para beneficiar os produtores rurais. Disse ainda que acabara de assinar um decreto que amplia a possibilidade de utilização dos créditos do ICMS pela indústria de máquinas agrícolas, atendendo pedido do setor, e que a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) vai direcionar R$ 120 milhões para pesquisa nos institutos agropecuários do Estado.

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