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Com previsão de chuvas acima da média em maio, colheita pode ser prejudicada; produtores devem ficar atentos

por Notícias Agrícolas:

A colheita do café, que começou há poucos dias em algumas áreas produtoras do Brasil, corre o risco de ser afetada em algumas localidades do Espírito Santo e Minas Gerais, com chuvas acima da média para o mês de maio. Mais chuvas nesta época do ano impedem o avanço adequado dos trabalhos no campo, afetam a secagem do café e estimulam floradas fora de época, prejudicando o potencial produtivo da próxima temporada.

Em Minas Gerais, maior estado produtor de café do Brasil, a previsão aponta que as regiões do extremo oeste do Triângulo Mineiro, extremo norte da Zona da Mata, Vale do Rio Doce, Vale do Mucuri e Jequitinhonha poderão receber precipitações acima da média histórica neste mês, fato esse que pode estar associado ao forte El Niño, que encontra-se atualmente em processo de enfraquecimento. O prognóstico é do meteorologista e pesquisador em Agrometeorologia e Climatologia da Embrapa Café (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e pesquisador da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), Williams Pinto Marques Ferreira.

“Essas localidades poderão ter chuvas acima da média normal para maio em cerca de até 0,5 milímetros, em média, por dia. O número parece pequeno, no entanto, no acumulado do mensal ele pode ser bastante expressivo”, explica Ferreira. O levantamento leva em conta análises do período nos últimos 30 anos.

Com a antecipação da colheita neste ano, os trabalhos no campo já começaram a ganhar ritmo nas principais regiões produtoras. No entanto, com a previsão de precipitações acima da média, os produtores devem ficar atentos. “A chuva impede os trabalhadores de fazer a colheita manual, mas também prejudica a qualidade do café no terreiro e também estimula a floração precoce das plantas, comprometendo o potencial produtivo da próxima safra”, afirma Ferreira.

Quando os cafés já estão no terreiro para secagem e recebem chuvas, eles fermentam e isso acaba prejudicando a qualidade dos grãos. “A indicação é que o produtor faça a cobertura do café no terreiro a partir da meia seca ou então utilize no período chuvoso um secador mecânico. Não adianta cobrir o café depois de molhado, isso acaba favorecendo ainda mais a proliferação de microorganismos que comprometem a qualidade dos frutos”, pondera o pesquisador e meteorologista da Embrapa e Epamig.

De acordo com Ferreira, além de impactar a qualidade do café já colhido, uma maior umidade nesta época do ano também acaba induzindo floradas fora de época. “O café é uma planta que apresenta os estágios vegetativo e reprodutivo simultaneamente e as chuvas atuais podem provocar uma florada precoce, que normalmente é perdida por falta da continuidade das chuvas nesse período para assegurar umidade suficiente para o ‘vingamento’ dessas floradas”. Com a antecipação da florada, a planta gasta energia desnecessária e o potencial produtivo da próxima safra acaba sendo prejudicado. A próxima temporada comercial 2017/1 será de bienalidade baixa para a maioria das regiões produtoras.

A colheita do café começou há poucos dias nas principais regiões produtoras do Brasil. O clima no segundo semestre do ano passado favoreceu floradas antecipadas. Além disso, o mês de abril foi mais quente e seco, favorecendo a maturação adiantada dos grãos. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos, afirmou que uma antecipação como a da atual colheita não ocorre desde a safra 2002/03. Todo o cinturão produtivo de Minas e São Paulo “têm alguma antecipação”, segundo ele. Mas, nos cafezais, nem todo o grão está pronto para ser colhido.

De acordo com Williams Ferreira, há 40% de chances de que as chuvas fiquem acima da média no trimestre (maio, junho, julho) na região central e Sul do Espírito Santo e nas mesorregiões do “extremo sul” do Sul de Minas, Campo das Vertentes e Zona da Mata, em Minas Gerais, em todo o Rio de Janeiro, ainda em cerca de 0,5 mm acima da média por dia. Porém, na região litorânea dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, as precipitações podem chegar, em média, a ser de até 1 mm a mais por dia.

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