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Confiança do Agronegócio aumenta, mas setor fecha o ano pessimista
por OCB:
Mesmo com melhora, Indústria Antes da Porteira é a mais desmotivada
O Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) apresentou aumento de 4,2 pontos no último trimestre de 2014, em comparação ao terceiro trimestre do mesmo ano. Na escala de 0 a 200, o IC Agro geral (que abrange os segmentos “antes”, “dentro” e “depois da porteira”) variou de 89,3 para 93,5 pontos. Apesar da reação, o índice permanece em um patamar pessimista. Se comparado ao mesmo período do ano anterior, a queda é ainda maior, de 10,9 pontos. Os resultados foram divulgados hoje pelo Sistema OCB e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), idealizadoras do índice.
Na análise por elo da cadeia, todos apresentaram variações positivas, embora ainda estejam abaixo da linha de neutralidade (100 pontos). O segmento “antes da porteira” fechou o ano em 88,6 pontos, “produtores agropecuários” alcançou 97,5 pontos e a “indústria pós porteira” 91,6.
Para o diretor do Departamento do Agronegócio da Fiesp, Mario Sergio Cutait, o otimismo registrado nos últimos três meses de 2014 foi influenciado especialmente pela alta do dólar, que saiu do nível médio de R$ 2,33 em setembro, para fechar o ano em R$ 2,64.
“Isso ajudou a recuperar as cotações das principais commodities no Brasil, em especial a soja”, explica. “Os preços tiveram uma sustentação maior do que se previa anteriormente o que favoreceu mais diretamente a expectativa de algumas indústrias de insumos agropecuários. Apesar do relativo alívio, as incertezas ainda persistem e o sentimento é de cautela”, comenta Sergio Cutait.
A recuperação de culturas importantes como soja, milho e café, também ajudaram os produtores a melhorar a percepção quanto à situação dos negócios. Entretanto, o item “economia do Brasil”, puxou o índice para o nível mais baixo desde o início da série história, em 2013.
A satisfação em relação ao crédito, preço e confiança no setor são variáveis que puxaram o IC dos produtores agropecuários para cima, porém, não o bastante para elevá-lo ao nível otimista. A descrença com a economia brasileira e os custos de produção influenciaram negativamente o resultado, que fechou o ano com 97,5 pontos.
O segmento “pós porteira” foi o único a apresentar variação positiva pelo segundo trimestre consecutivo. O aumento de 1,9 pontos foi puxado pelas “condições gerais” da economia, já que a amostra é composta em boa parte por indústrias exportadoras, também favorecidas pelo efeito câmbio. Já o resultado sobre as “condições do negócio” recuou, por influência do aumento dos custos de produção da indústria de alimentos, reflexo da alta nos preços dos grãos.
Segundo o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, “os resultados demonstram que após um período conturbado de eleições e incertezas econômicas, aliadas a dificuldades na produção, as empresas e cooperativas passaram a considerar um horizonte mais favorável, de maior previsibilidade, mesmo que num cenário ainda pessimista”.
Vale destacar que a avaliação sobre a “economia do Brasil”, independentemente do crescimento observado nas últimas sondagens, ainda é o item com o menor grau de confiança por parte da indústria.
Preocupações x Investimentos
Para 55% dos produtores agropecuários entrevistados, o aumento dos custos de produção era a maior preocupação que enfrentavam no último trimestre de 2014. No período imediatamente anterior, esse item aparecia em terceiro lugar na lista. Os quesitos “clima” e “falta de trabalhador qualificado” aparecerem como a segunda e terceira maior preocupação para 53% e 34%, respectivamente.
Segundo Antonio Carlos Costa, gerente do departamento do agronegócio da Fiesp, a alta do dólar novamente influencia o resultado. “Se por um lado impacta positivamente no aumento dos preços das commodities, por outro, encarece parte significativa dos insumos agropecuários.”
Quando questionados sobre as intenções de investimentos, 67% dos agricultores responderam que pretendem aumentar o padrão tecnológico de suas lavouras. Destes, 77% mencionaram que iriam investir em “sementes mais produtivas”. “Controle de pragas, erva daninhas e doenças” e “fertilizantes diferenciados”, vêm em seguida com 47% das respostas.
Dentre os pecuaristas, 62% investirão em tecnologia, sendo “nutrição a pasto” e “reforma ou recuperação de pastagens” os itens mais citados, com 85% e 83%, respectivamente. O bom resultado no caso da pecuária de corte é reflexo da recuperação do setor, iniciada em 2014.
Metodologia
Para melhor captar as percepções de todos os elos que envolvem o Agronegócio, a pesquisa de campo consultou agentes que atuam antes, dentro e depois da porteira da fazenda.
No primeiro e no último grupo foram realizadas 50 entrevistas com indústrias fornecedoras de insumos e serviços aos agricultores, além de cooperativas e indústrias compradoras de commodities agrícolas e processadora de alimentos.
Já no quadro “dentro da porteira” foram realizadas 1500 entrevistas, sendo 645 válidas, com produtores agrícolas e pecuários.
O ICAGRO é uma realização da Fiesp e OCB, com o apoio da Anda, Andef e Anfavea. Os dados que compõem o índice são atualizados trimestralmente e a próxima divulgação está prevista para o mês de abril.
Outros detalhes e o download do estudo completo estão disponíveis no site: www.icagro.com.br
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