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Cotações despencam na Bolsa de Nova York com cena política e fecham semana com baixa de mais de 2%
por Notícias Agrícolas:
Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a semana com queda de mais de 2%, com vencimento julho/17, referência, saindo de 134,95 cents/lb na semana passada para 132,10 cents/lb nesta sexta-feira (19). O mercado teve forte pressão na semana das informações sobre a oferta global do grão na safra 2017/18 e, mais recentemente, do câmbio, diante das delações do grupo JBS que caíram como uma bomba no cenário político brasileiro e fizeram o dólar testar máximas de mais de 18 anos.
No mercado interno, os negócios com café seguem isolados mesmo com alta nas cotações físicas diante do dólar alto na véspera. No início da semana, no entanto, os preços testaram os níveis mais baixos em mais de um ano, em valores nominais. (Veja mais informações abaixo)
Nesta sexta-feira, o contrato julho/17, referência de mercado, anotou 132,10 cents/lb com valorização de 245 pontos, o setembro/17 registrou 134,50 cents/lb com 245 pontos positivos. Já o vencimento dezembro/17 encerrou o dia com 137,90 cents/lb e avanço de 240 pontos e o março/18, mais distante, subiu 235 pontos, fechando a 141,25 cents/lb. Na véspera, as cotações recuaram quase 500 pontos.
Recompras de fundos foram vistas na sessão desta sexta ante a forte queda registrada no dia anterior. “O mercado tem um dia de ressaca vendo aquele tsunami político que varreu o Brasil e, por tabela, o câmbio e Nova York. Ele ficou engessado desde ontem para ver essa poeira assentar e ter um rumo no mercado”, afirma o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, que aponta que os operadores também seguem de olho nos estoques dos Estados Unidos e também na produção do Brasil.
O dólar comercial fechou a sessão de hoje com queda de 3,89%, cotado a R$ 3,2571 na venda, em movimento corretivo e acompanhando os efeitos da forte intervenção do Banco Central. O câmbio impacta diretamente as exportações da commodity. O dólar mais baixo em relação ao real tende a desencorajar as exportações da commodity.
“O movimento da véspera foi muito irracional. Vamos ter um alteração dos cenários, mas a mudança nos fundamentos não vai ser tão rápida nem tão intensa”, avaliou à agência de notícias Reuters o analista da corretora XP Marco Saravalle.
Além do câmbio, que impacta diretamente as exportações, os investidores no terminal externo seguem mais tranquilos com a safra global do grão neste ano nas principais origens produtoras. A colheita no Brasil já começou. Essas informações deram bastante pressão às cotações externas do grão nos últimos dias. “Aumenta a pressão com a chegada da safra brasileira. Também cresce a percepção de que a oferta de café na temporada 2017/18 vai ser maior que o esperado inicialmente, o que reforça o cenário de preços mais fracos”, explica o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach.
“As perspectivas de oferta em 2017/18 parecem cada vez mais positivas: as preocupações iniciais sobre a geada no Brasil e a escassez de chuvas no Vietnã afetando as culturas de 2017/18 diminuíram”, reportou a OIC em seu relatório mensal.
Ainda assim, a Organização prevê que a produção mundial caia abaixo da demanda pelo terceiro ano consecutivo em 2016/17, desta vez 3,48 milhões de sacas, dizendo que “a combinação de exportações muito altas e estoques crescentes em países consumidores ajudou a superar as preocupações iniciais com a oferta”.
A Safras & Mercado aponta que a colheita de café da safra 2017/18 do Brasil estava em 11% até dia 16 de maio. Levando em conta a estimativa de produção de 51,1 milhões de sacas de 60 kg da consultoria, é apontado que já foram colhidas 5,47 milhões de sacas. Segundo Barabach, as chuvas atrapalharam um pouco a colheita na semana. “Mesmo assim, os trabalhos de colheita começam a ganhar um pouco mais de ritmo”, aponta.
Os produtores devem ficar atentos às condições climáticas nos próximos dias. Estão sendo previstas chuvas para áreas produtoras de café do Brasil de mais de 40 milímetros. Diante dessa condição, fica o temor de que as precipitações de mais de 40 milímetros apontadas nos mapas climáticas possam atrapalhar os trabalhos de colheita e secagem do grão.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reportou nesta quinta que a safra de café do Brasil neste ano deve ficar em 45,5 milhões de sacas de 60 kg do produto beneficiado, com uma redução de 11,3% quando comparado às 51,4 milhões de sacas de 2016. O café arábica, 78% do total produzido no país, deve recuar 18,3%, estimando-se que sejam colhidas 35,4 milhões sacas, e o conilon que responde por 22% do total produzido, deve registrar crescimento de 26,9% frente ao ciclo anterior, com uma produção estimada de 10,1 milhões de sacas.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou nesta sexta em relatório uma estimativa de produção de 52,1 milhões de sacas neste ano no Brasil. O número representa uma queda de 4 milhões de sacas ante a safra anterior. O adido traz que as “floradas adequadas e condições climáticas favoráveis na maior parte das regiões produtoras provavelmente vão contribuir para boas produtividades”, mesmo em ciclo de bienalidade negativa.
Os estoques de café verde dos Estados Unidos encerraram o mês de abril de 2017 com alta de 165,50 mil saca de 60 kg e ficaram próxima de atingirem 7 milhões de sacas (6,89 milhões de sacas), após subirem mais de 250 mil sacas em março. Os dados foram divulgados em relatório da GCA (Green Coffee Association). A média desde 2011 para essa época do ano é de alta de 130 mil sacas. Esses dados contribuíram para o tom negativo dos preços.
“No curto prazo, não há nada de otimista no café, os estoques de café verde são tremendos nos Estados Unidos e na Europa”, disse à Reuters o sócio-gerente e consultor de negociação de commodities da NickJen Capital, Nick Gentile.
O Rabobank, um dos maiores bancos especializados em commodities, estima que o déficit na produção mundial de café fique em 6,8 milhões de sacas na safra 2017/18. Isso é 1,5 milhões de sacas a mais em relação à previsão anterior, no mês passado.
O banco manteve sua previsão de produção mundial na próxima temporada em 153 milhões de sacas, incluindo uma estimativa de 49,2 milhões de sacas na produção brasileira.
O site internacional Agrimoney também reportou durante a semana que o mercado está atento aos números da colheita na Colômbia para descobrir o quanto foi significativamente baixa a colheita mitaca (colheita intermediária entre maio e julho) do país e como ela pode refletir no longo prazo.
A produção de café da Colômbia em abril, primeiro mês da colheita mitaca, caiu 20% de um ano para o outro, totalizando 834 mil sacas de 60 kg no período – esse valor mensal é o mais fraco já registrado em mais de dois anos, segundo dados do grupo de produtores colombianos, Fedecafe.
Mercado interno
No geral, os negócios com café seguem isolados nas praças de comercialização do Brasil. No entanto, diante das altas recentes no terminal externo os preços esboçaram reação e algumas transações foram vistas, segundo analistas.
No início da semana, acompanhando as informações de produção maior neste ano e a colheita, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor registrando R$ 451,72 a saca, registrou mínimas de mais um ano, em valores nominais.
De acordo com o analista de mercado do café do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), Renato Garcia Ribeiro, o mercado brasileiro acompanha informações que também impactaram os negócios futuros no exterior. “As informações apontam que a safra deste ano será razoável, sem tantos problemas como se imaginava no começo”, afirma.
No fechamento semanal, foi registrada alta acumulada na semana na maioria das praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Guaxupé (MG) alta de 3,03% (+R$ 15,00), encerrando a R$ 510,00 a saca, valor de negociação mais expressivo no período dentre as praças.
No tipo 4, a maior variação na semana foi registrada em Franca (SP) com valorização de 2,08% (+R$ 10,00) e saca a R$ 490,00. A cidade teve maior valor de negociação no fechamento da semana.
O tipo 6 duro teve maior oscilação no acumulado da semana em Franca (SP) com alta de 3,23% (+R$ 15,00) e R$ 480,00 a saca. Varginha (MG) teve variação mais expressiva com avanço de 1,08% (+R$ 5,00) e R$ 470,00 a saca.
Na quinta-feira (18), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 458,21 com alta de 2,15%.
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