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Demanda interna por cafés especiais deve ter expansão de até 7% em 2017
por DCI:
São Paulo – A demanda por cafés especiais no mercado interno deve crescer entre 6% e 7% em 2017, segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic). A projeção de aumento de compra do grão acompanha o incremento do consumo esperado para o produto ao longo deste ano.
Essa demanda representa 800 mil sacas anuais, afirma o diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz. Para ele, o consumo deve permanecer em alta mesmo com as incertezas sobre política e economia. “Percebemos que o consumidor prioriza sabor e qualidade e abre mão de outros produtos para manter a tradição de beber o café.” Para ser considerado especial, o café precisa ter aroma, sabor, cor e tamanho acima da média. Também recebem esse nome, produtos orgânicos, com origem certificada, e o produto gourmet, quase isento de defeitos. Geralmente, são grãos de arábica.
O mercado de cafés especiais responde por 9% do consumo, que ainda é dominado pelos cafés tradicionais, para consumo diário, que somam 91% do mercado. “Mas, se considerarmos que no ano 2000 essa categoria sequer existia no Brasil é um resultado expressivo”, salienta.
A perspectiva de crescimento é puxada pelo aumento no consumo dos cafés em cápsulas. Segundo dados da Euromonitor, a venda de café em cápsulas deve crescer 24,4% em volume em 2017 ante 2016, para 11,9 mil toneladas. Até 2021, esse aumento deve chegar a 110%, para 20,1 mil toneladas. “O acesso às máquinas de café e às cápsulas criaram uma nova ocasião de consumo nos lares”, observa a analista sênior de bebidas e tabaco da Euromonitor, Angélica Salgado. Ela salienta que outro fator que impulsiona as vendas de cafés especiais é a possibilidade de aquisição de cafés em grãos ou de cápsulas nos chamados atacarejos, lojas que vendem tanto no atacado quanto no varejo. Eles responde por 7,7% das vendas de cafés, alta de 78% entre os anos de 2011 e 2016.
Para o produtor esse crescimento também é um bom negócio. Se no comércio o quilo do café tradicional custa, em média, R$ 50, ou 150% a mais do que o produto tradicional, no campo essa valorização se repete, embora em escala menor. A saca do produto especial sai por até R$ 900, já a do café arábica tradicional, por exemplo, é negociada por R$ 480, em média – diferença de 87%. “Essa é uma alternativa para que os produtores de áreas de montanha, onde o custo de produção é mais alto pela falta de mecanização, possam ser mais competitivos”, avalia o assessor técnico da Comissão Nacional do Café, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Maciel da Silva. Ele comenta ainda que a produção de cafés especiais está bastante ligada à obtenção do reconhecimento denominação de origem dos grãos. Entre os exemplos, ele destaca o café de Matas de Minas e Mantiqueira de Minas, ambos de Minas Gerais.
Incerteza
Para os cafés tradicionais, a projeção da Abic é de incremento de 2% nas vendas. Na visão de Herszkowicz, há incerteza sobre o fornecimento de café conilon na safra 2017. “É provável que falte café no novamente”. Ele justifica a preocupação com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2017, que projetou 10,1 milhões de sacas da variedade. Embora a projeção represente alta de 26,9% em relação ao ciclo anterior, a produção ainda está aquém da média para a variedade, entre 11 milhões de sacas e 13 milhões de sacas. “Esse número é bastante parecido com a necessidade do grão pelas indústrias.”
Para Silva, da CNA, porém, não há motivo para alarme. ” Não vai faltar café”, garante. Segundo ele, o clima tem favorecido a colheita dos grãos, que deve se estender até julho, especialmente no Espírito Santo, principal produtor da variedade. “A produção no Sul do Estado deve atingir 1,8 milhões de sacas na safra 2017 ante as 800 mil sacas na safra passada”, afirma o assessor da CNA.
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