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Diversidade no cultivo: Conheça as mais de 30 regiões produtoras de café no Brasil
Por Café Point:
Postado em: 24/06/21
Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), 85% da produção total de cafés especiais vem de pequenos produtores. O Brasil é considerado o maior fornecedor de cafés especiais do mundo. Em 2020, a BSCA atualizou o mapa das origens produtoras do Brasil – que conta com mais de trinta zonas do cinturão cafeeiro – apresentando ao consumidor a grande diversidade de cafés que produzimos e valorizando cada região. Separamos as características de cada uma!
Acre
O estado utiliza os mesmos materiais genéticos da vizinha Rondônia, com o cultivo de robusta. Por isso, os cafeeiros são jovens, têm entre três e quatro anos, e recebem o emprego de tecnologias, como cultivo adensado e manejo de poda – em contrapartida às antigas lavouras abandonadas. Os plantios se concentram em Acrelândia e se desenvolvem no sistema de sequeiro ou irrigado. A boa precipitação de chuvas e o período seco mais curto da região favorecem o desenvolvimento das plantas.
Alta Mogiana
A cafeicultura é tão antiga na região que preenche capítulos na história do País entre os séculos XIX e XX. A cultura mantém tradição e importância por mais de 200 anos com plantios de arábica, que se estende por quinze municípios distribuídos em meio aos polos cafeeiros de Franca, Pedregulho e Altinópolis. Aroma de chocolate amargo, acidez cítrica e corpo balanceado compõem as principais características desse café, cultivado entre 900 e 1000 metros de altitude, com Indicação de Procedência (IP).
Atlântico Baiano
Localizado no sul da Bahia, esse polo, formado por 35 municípios, divide com outros dois (Cerrado e Planalto) a produção cafeeira do estado. Somente no Atlântico Baiano é cultivado o café conilon, que encontra boa luminosidade e clima para a produção, cujas lavouras têm recebido investimentos em irrigação e adensamento. Os grãos são processados por via úmida (cereja descascado e lavado), técnica comum entre os produtores de arábica.
Campo das Vertentes
Em maio, essa região, que cultiva arábica e no ano passado produziu cerca de 750 mil sacas de café, foi reconhecida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) como mais uma área produtora de café em Minas Gerais, apesar de cultivar café desde 1860. O título é fundamental para agregar valor à produção, especialmente se for conquistada a Identidade Geográfica (IG). Por meio dela, a cafeicultura ganha visibilidade, investimentos e novos projetos. A região é composta de dezessete municípios, entre eles Santo Antônio do Amparo, que está a 180 quilômetros de Belo Horizonte; São João Del Rei; Conceição da Barra de Minas; Carmo da Mata. Destaque para variedades como bourbon amarelo, topázio, catiguá, catucaí amarelo e catuaí. Em novembro de 2020, a região conquistou a Indicação de Procedência.
Caparaó
Nas montanhas do Caparaó, entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, os cafeeiros cultivados acima de 1.000 metros conquistaram, em fevereiro de 2021, o registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Denominação de Origem (DO), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Isso significa que o grão cultivado na região é singular, com qualidade e características ligadas unicamente a esse local, que resultam em bebida com aromas complexos, acidez delicada e corpo que varia de sedoso a cremoso.
Lavoura de café no Caparaó – Foto: Agência Ophelia
Ceará
É no Maciço do Baturité (a 100 quilômetros de Fortaleza) que o estado se destaca pelo cultivo de café sombreado no sistema agroecológico instalado em médias e pequenas propriedades rurais. A produção artesanal – que não ultrapassa 12 mil sacas -, que passa pelos processos de manejo, colheita e secagem, é comercializada dentro do próprio Ceará. Mas o intuito é expandir fronteiras, com o trabalho de entidades e cooperativas que buscam aumentar a produtividade e o reconhecimento do mercado de cafés especiais.
Cerrado Mineiro
A primeira região do país a receber a Denominação de Origem (DO) por seus cafés especiais, em 2013. Por sinal, os produtores de lá foram os pioneiros nesse tipo de cultivo hoje presente em 55 municípios localizados entre Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Noroeste de Minas. Os plantios em altitudes entre 800 e 1.300 metros, o verão úmido e inverno ameno e seco compõem o terroir que dá origem a uma bebida adocicada, com sabor de chocolate e acidez delicada.
Lavoura de café no Cerrado Mineiro – Foto: Murilo Gharrber
Chapada de Minas
Situada no Vale do Jequitinhonha, a cafeicultura é uma grande empregadora da mão de obra familiar, atividade que na região tem pouco mais de quatro décadas. A cidade de Capelinha concentra parte importante da produção local. Para o futuro, o objetivo dos produtores é criar uma diferenciação dos cafés ali cultivados, atestando sua identidade de origem, que resultam em uma bebida de sabor caramelo e fruta passa, corpo denso, acidez cítrica e capim-limão.
Chapada Diamantina
Piatã, Mucugê, Ibicoara, Vitória da Conquista, Barra do Choça e Poções são algumas cidades com cafés premiados e que formam a Chapada Diamantina. A região é um oásis em pleno sertão baiano, que produz uma bebida encorpada e aveludada, adocicada, com acidez cítrica e notas de nozes e chocolate. O sucesso é atribuído à colheita seletiva (frutos maduros), clima ameno e plantios a 850 metros de altitude. O trabalho de associações e cooperativas voltado para as pequenas propriedades é fundamental para esse desempenho.
Lavoura de café na Chapada Diamantina – Foto: Ravena Maia
Conilon Capixaba
O Espírito Santo responde pela maior produção do café conilon (quase 60%) no País, cujo cultivo ganhou força após a década de 1960, nas regiões mais baixas (400 metros), em oposição ao plantio do arábica, restrito às áreas montanhosas. A consolidação da cafeicultura no estado se deve a inúmeras pesquisas que proporcionaram avanço tecnológico no setor, variedades mais produtivas e investimentos em processamento e pós-colheita que influenciam na melhor qualidade da bebida. Em maio de 2021, conquistou a Indicação de Procedência para os cafés canéfora (conilon).
Goiás
O estado, reconhecido pela vocação na agropecuária, quer também alcançar importância na cafeicultura. Ele já vem sendo considerado a nova fronteira do café no Brasil. Os produtores têm investido cada vez mais na expansão da área, no desenvolvimento dos plantios (exclusivamente arábica e irrigados), na pós-colheita e na certificação. As condições de relevo facilitam a mecanização da cultura, que se estende por 21 municípios.
Mantiqueira de Minas
A produção de cafés de qualidade tem tradição nesse lado da Serra da Mantiqueira, situado no Sul de Minas. Trata-se de uma das regiões mais premiadas do País em razão de sua produção de cafés com perfil sensorial altamente diferenciado. Nos 25 municípios produtores, os cafés processados por via úmida ou seca se destacam por suas notas florais e frutadas, corpo cremoso e denso, acidez cítrica e doçura intensa. Em junho de 2020, a região conquistou a Denominação de Origem.
Marília e Garça
Em razão da baixa umidade, os cafés arábica produzidos nessa região são classificados como bebida de ótima qualidade, conferindo vários prêmios à região. Dos treze municípios produtores, cinco se destacam na cafeicultura: Garça, Gália, Vera Cruz, Alvinlândia e Álvaro de Carvalho. A colheita mecanizada é prática comum nas propriedades em razão da topografia plana, o que diminui os custos de produção.
Matas de Minas
A região antes conhecida como Zona da Mata é marcada pela agricultura familiar, que transformou essa área, considerada limitada no passado em produtora de grãos de alta qualidade. Hoje, os cafeicultores estão entre os finalistas dos concursos de cafés especiais e exportam para países como Japão, Europa e Estados Unidos. A incidência de luz, colheita seletiva e o bom manejo da secagem em terreiro, por exemplo, são fatores que proporcionam uma bebida de alta qualidade com nuances de aroma e sabores ricos.
Lavoura de café nas Matas de Minas – Foto: Vitor Barão
Matas de Rondônia
Os quinze municípios produtores dessa região no Norte do País respondem por 80% da produção de café de Rondônia, com plantios de robusta. Por sinal, os cafeicultores locais aguardam a aprovação da marca Matas de Rondônia, para que ela possa inclusive abrir portas para a exportação do grão com a identificação de sustentável para a variedade. Em junho de 2021, a região conquistou a Denominação de Origem.
Mato Grosso
O estado,que se destaca no agronegócio pela produção de soja e milho, também incentiva a cafeicultura com plantios de conilon e arábica. Os produtores têm investido na nutrição das lavouras, na implantação de sistemas irrigados e na utilização de cultivares mais produtivas e adaptadas ao clima local. O acesso do cafeicultor às linhas de crédito em bancos privados permitem seu acesso aos sistemas de irrigação e a expansão e tecnificação da cafeicultura.
Média Mogiana
A área, montanhosa (acima de 1.000 metros de altitude), proporciona alta produtividade e boa qualidade para o café, cujos plantios se estendem por dezesseis municípios do interior paulista. A maior produção cafeeira, porém, concentra-se em São João da Boa Vista. Como características, o café da região apresenta boa acidez, doçura e corpo médio, notas de chocolate, castanha e nozes.
Montanhas do Espírito Santo
Diferentemente de outras áreas do estado, com vocação predominantemente para o conilon, os plantios de arábica marcam essa região montanhosa. Desde 1980, essas lavouras têm recebido programas de melhoria de qualidade. As principais áreas produtoras são Afonso Cláudio, Venda Nova do Imigrante, Alfredo Chaves e Castelo. A bebida é encorpada, com acidez média alta, doçura e boa complexidade de aromas. Em maio de 2021, a região conquistou a Denominação de Origem.
Lavoura de café nas Montanhas do Espírito Santo – Foto: Agência Ophelia
Norte Noroeste de Minas
Essa região que engloba o Parque Nacional da Serra da Canastra é composta de 21 municípios produtores de café, onde também se encontra expressiva produção agropecuária e importantes agroindústrias.
Norte Pioneiro do Paraná
A região descobriu o potencial de mercado dos cafés especiais ao contar com instituições de pesquisa que auxiliaram no desenvolvimento do cultivo. As lavouras são beneficiadas pelas temperaturas médias anuais de 19 e 22 graus, altitude entre 500 e 900 metros e quantidade de chuvas que permite o cultivo sem irrigação – ou apenas complementar. Todas essas condições, reconhecidas pelo Índice de Procedência (IP), influenciam na doçura intensa da bebida, no corpo equilibrado, na acidez média e nas notas de chocolate e caramelo.
Lavoura de café no Norte Pioneiro do Paraná – Foto: Érico Hiller
Oeste da Bahia
Em meio ao polo de soja, algodão e milho do País, a cafeicultura ganhou força a partir dos anos 1990, com plantio comercial e irrigado de café arábica. Considerado um dos trunfos da produção no oeste baiano, o período de chuvas, de seis a oito meses (de outubro a abril), abrange as fases de florada e crescimento do grão e não coincide com a colheita (de maio a setembro). O café produzido na região é reconhecido pela doçura, pelo aroma levemente frutado e floral e pela boa acidez.
Ourinhos e Avaré
Um dos maiores desafios para a cafeicultura na região (instalada especialmente nos municípios de Piraju, Tejupá, Timburi, Fartura, Ourinhos e Sarutaiá) é a umidade relativa do ar, responsável por provocar maior fermentação nos grãos. A solução para isso foi optar pelo cereja descascado (processamento no qual a fruta colhida madura tem sua casca retirada para a secagem das sementes), que resulta em uma bebida de corpo médio, acidez cítrica e aromas de erva-cidreira e capim-limão.
Lavoura em Ourinhos e Avaré – Foto: Felipe Gombossy
Paraná
A geada que dizimou os cafezais nos anos 1970 não impediu que o estado continuasse com sua vocação cafeeira, mesmo em menores proporções. Hoje o Paraná responde por 2,25% do cultivo de café no País. Além da região norte, há produções no centro e no oeste paranaense. Apenas o arábica é cultivado, em plantações adensadas e variedades adequadas para resistir ao clima mais frio da região.
Pernambuco
O cultivo do café está concentrado no agreste pernambucano (Taquaritinga do Norte, Garanhuns e Brejão) em razão das condições de clima e altitude. Por isso, a região que planta apenas arábica responde por 92% do cultivo pernambucano. A estiagem prolongada é apontada como o maior entrave para a cafeicultura se desenvolver em outras áreas do estado.
Planalto Central
A região do País que abriga importantes produtores de café, como Minas Gerais, mostra a pouco conhecida cafeicultura do Distrito Federal. A maior parte das lavouras é composta de cultivos de arábica irrigados. A altitude nas áreas de plantio e o clima da região, com períodos definidos de chuva e de seca, além da baixa umidade, favorecem a floração. Muitos produtores por lá têm investido na produção de café sombreado.
Planalto de Vitória da Conquista
A altitude média de 850 metros e a temperatura amena são ideais para o cultivo do arábica. Muitas propriedades nessa região da Bahia realizam a colheita seletiva (frutos maduros), o que favorece a produção do cereja descascado. A criação de cooperativas e associações foi importante para a obtenção de qualidade e sucesso da agricultura familiar, predominante no estado. Café encorpado, aveludado e adocicado, acidez cítrica, notas de nozes e de chocolate caracterizam a bebida produzida na região.
Região de Pinhal
Os cafés de Pinhal, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, são conhecidos por suas qualidades particulares devido ao solo vulcânico, além da altitude elevada da localidade, de mais de 1.200 metros. Há três anos a região recebeu o selo de Indicação Geográfica (IG), cujo terroir demarcado engloba oito cidades – Espírito Santo do Pinhal, Santo Antônio do Jardim, Aguaí, São João da Boa Vista, Águas da Prata, Estiva Gerbi, Mogi Guaçu e Itapira.
Rio de Janeiro
Há muito tempo o estado deixou de ser um grande produtor de café, mas permanece a sua importância histórica no setor, pois o início dos cultivos em grande escala se deu no Rio de Janeiro. Hoje em dia o noroeste fluminense, que responde por 71% da produção do estado, tem se destacado por grãos de qualidade, produzidos por cerca de 1.200 cafeicultores, a maioria deles ligada à agricultura familiar. No estado, encontra-se as regiões produtoras Noroeste/Norte do Rio de Janeiro, Serrana do Rio de Janeiro e Sul do Rio de Janeiro.
Lavoura de café no Sul do Rio de Janeiro – Foto: Mariana Proença
Rondônia
É o maior produtor da região Norte do País, com plantios de robusta. A colheita de 2 milhões de sacas é proveniente de uma mudança local na cafeicultura, que, na última década, passou a contar com materiais genéticos de melhor qualidade, irrigação e outras tecnologias. Outro destaque é o “café da floresta”, por meio do cultivo realizado pelos povos indígenas.
Serrana de Itiruçu/Brejões
Muitas propriedades nessa região da Bahia, com 850 metros de altitude média, realizam a colheita seletiva de grãos arábica, que favorece a produção do cereja descascado. Além da seleção dos frutos maduros, o trabalho de cooperativas e associações foi essencial para a obtenção de qualidade e desenvolvimento no setor das propriedades familiares. O café ali produzido é caracterizado por ser encorpado, aveludado e adocicado, com acidez cítrica e notas de nozes e de chocolate.
Sul de Minas
É uma região com cafés premiados dentro e fora do País, em razão de uma série de condições: clima (entre 18 e 20 graus) e relevo favoráveis (até 1.400 metros de altitude), aliados a uma produção artesanal da bebida. Além disso, vários fatores contribuem para o sucesso da cafeicultura, como investimentos em pesquisa, infraestrutura e dedicação em todas as etapas da produção. A bebida produzida no Sul de Minas é conhecida por ser encorpada, frutada e ácida.
Lavoura de café no Sul de Minas – Foto: Agência Ophelia
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