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Economista Jeffrey D. Sachs apresenta estudo de sustentabilidade econômica para o café
POR EQUIPE CAFÉPOINT:
Por Natália Camoleze, de Campinas (SP)
O economista norte-americano Jeffrey D. Sachs realizou um estudo de sustentabilidade econômica, desenvolvido com sua equipe e com a Universidade da Columbia. Ele acredita que o setor é um grande presente para a humanidade, já que produz uma bebida que todos gostam. Por isso, gostaria de fazer uma pequena contribuição à indústria para preservar um futuro forte e sustentável.
Segundo Juan Esteban Orduz, presidente da Federação dos Cafeicultores da Colômbia, o estudo mostrará ao consumidor a importância de todo o processo do café, já que muitas pessoas nem sabem o que acontece com o produtor e a renda.
Abaixo, separamos em tópicos algumas das ideias apresentadas por Jeffrey ao longo de sua palestra, que envolve a questão dos baixos preços e a alta produção brasileira:
– Desenvolvimento sustentável, segundo a pesquisa, é uma economia próspera e com uma inclusão social e sustentável do ponto de vista ecológico. Inclusão social, onde homens e mulheres tenham o acesso básico às suas necessidades primárias, igualdade e dignidade humana. É necessário garantir que toda a cadeia do café não envolva trabalho infantil ou forçado, sendo um trabalho justo, além de garantir que o setor não traga mais problemas ambientais.
– A menos que consigamos parar o aquecimento global, a crise sairá do controle. A ideia é pegar essas diretrizes e ver como o setor do café pode ser mais próspero, com taxas menores de pobreza. É necessário garantir uma qualidade de forma sustentável. Devemos agir de forma inteligente e evitar os danos para todo o mundo, protegendo o meio ambiente.
– O setor do café tem um desafio gigante para atingirmos uma maneira sustentável, o que tem piorado por conta dos baixos preços do café. Coisas básicas como crianças na escola e trabalho infantil acontecem em algumas regiões produtoras. Os desafios são muito grandes, mas temos o outro lado: o café é um produto muito amado, a bebida predileta no mundo. A demanda por ele vai crescer de forma significativa. Mais chineses vão descobrir a bebida, tendo um desejo crescente pelo café.
– O ponto básico da pesquisa é que o café é um setor viável. As pessoas gostam e buscam pagar por ele. Os produtores precisam de mais recursos e as regiões com baixa renda precisam de ajuda nisso.
– O ponto de partida para análise é o preço do café, que está baixo mas não no pior momento. Tivemos dois períodos: 1990, com acordos internacionais do café e com preços altos; e após os anos 90 até agora, com preços baixos consistentes. Houve ondas de preços, mas a média ficou baixa. O que aconteceu? É a pergunta.
– O Brasil aumentou a produtividade, mas os preços altos não se mantiveram. Existe uma consistência nos preços, mas não uma tendência a longo prazo. Talvez suba, mas não espero uma mudança significativa, já que a média tem sido constante por quase 30 anos desde o encerramento do Acordo Internacional do Café.
– O Brasil é o produtor mais eficiente, o que afeta os preços do café no mundo. Quando o real está forte, os preços mundiais do café tendem a se elevar, quando a moeda brasileira está fraca, os preços ficam mais baixos. Nos últimos anos, o País passou por mais crises do que altas, por isso os preços atuais.
– Não podemos esperar que os preços mudem drasticamente, é difícil esperar que triplique do que temos hoje. O Brasil e o Vietnã tiveram um aumento constante de produtividade, enquanto outros países não, como mostra o gráfico.
– A diferença é que os insumos usados continuam a se intensificar na produção, como mecanização das lavouras, mais fertilizantes e mais irrigação. Em outros países, nos últimos 20 anos, isso não mudou. Os preços atuais ainda são viáveis para a produção de café mais intensificada, mas não para uma cultura tradicional que acontece na América Central, África ou Índia. O Brasil investe há 40 anos na melhoria, o que fez a grande diferença.
– O café é um produto muito saudável. Enquanto outros produtos ajudam na obesidade, há empresas saindo do mercado de bebidas com muito açúcar e buscando por bebidas mais saudáveis. Para a maioria dos países produtores isso não é lucrativo, por causa da produção e o baixo preço que recebem. No mercado, as empresas recebem mais de dez vezes o valor que o produtor recebe. Do ponto de vista do produtor, existe uma pobreza alta e a indústria crescendo. Esse é o paradoxo que temos que resolver. Segundo a Organização Internacional do Café (OIC), aumentou o número da pobreza na cadeia do valor do café nos últimos dois anos.
– O clima também afetará a sustentabilidade. Regiões produtoras estão sofrendo com mudanças climáticas e o aquecimento global cresceu nos últimos dez anos cerca de 0,3 graus celsius, por conta do tanto dióxido de carbono na atmosfera. A forma é parar de usar petróleo, carvão e gás natural até metade deste século, mas não fazemos isso porque a indústria destes meios paga os políticos e seguimos nesse ciclo. Se houver um aumento de temperatura de 2 graus celsius ou mais, será impossível produzir café. Se isso acontecer, grandes áreas serão prejudicadas. Colômbia, Índia, Malásia, Costa Rica, Madagascar e Tailândia serão os países mais afetados com a crise climática.
– Quem tiver capital para fazer essa transformação é quem vai conseguir mudar. Se o aquecimento global continuar, muitos países sairão da produção. O Brasil poderá continuar e aumentar sua produção global, reutilizando áreas abandonadas, já que tem muita terra que o governo já identificou como terras para restauração. Todos perderão, já que será uma produção mais cara. Por isso, há a preocupação necessária com o aquecimento global.
Soluções possíveis
Aumento da produtividade – parada em níveis baixos porque os investimentos não tem sido adequados
Melhoria da irrigação
Expansão da ciência do café
Expansão do acesso aos problemas climáticos
Investimento nas fazendas
Otimização dos financiamentos
– Outros problemas envolvem a mulher no campo, melhores condições para elas e para as crianças, saneamento, cuidado com o campo em geral. Isso requer uma análise detalhada país por país.
– A indústria como um todo não resolve os problemas. As soluções não vão acontecer de empresa por empresa ou produtor por produto. É preciso envolver todo o setor, governo de quem produz, governo de quem consome, produtores, torrefações, indústria consumidora, todos juntos. O setor precisa resolver não de forma competitiva, mas juntos para a melhoria da indústria do café em todo o mundo. A grande questão é como fazer isso.
– A proposta de Jeffrey é estabelecer um novo Fundo Global do Café, uma iniciativa de toda a indústria junta, pré-competitiva. Não é cada indústria investir na sua, mas sim investir no setor mundial do café. Três parceiros para este fundo: indústria privada, governo dos países produtores e doadores internacionais (investimento e sustentabilidade maiores).
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