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El Niño: no Brasil, soja e café Conilon estão entre os prejudicados

por Valor Econômico via CNC:

A ocorrência do El Niño alterou o regime de chuvas em importantes áreas agrícolas do Brasil nos últimos meses e provocou danos a diversas culturas. A soja, cuja colheita está em curso, é uma delas. Nas regiões central e Norte do Brasil, a falta de chuvas nos últimos meses atrasou o plantio e reduziu o potencial produtivo da soja em Mato Grosso e no “Matopiba” (confluência entre os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Os primeiros relatos de colheita são decepcionantes. Em algumas regiões de Mato Grosso, a produtividade da soja está até 70% abaixo da média esperada para o Estado. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) cortou em 1,25 milhão de toneladas sua previsão para a safra do grão, para 27,8 milhões de toneladas.

Mais ao sul, o problema é a umidade. O excesso de chuvas nos últimos meses alagou áreas de soja em Mato Grosso do Sul, onde se prevê uma perda de 5% a 10% da produção no sul do Estado. A Aprosoja/MS acredita que 130 mil hectares já podem estar perdidos, com um prejuízo estimado em 390 mil toneladas.

No Paraná, vice-líder na produção de soja no Brasil, não há relatos de danos significativos no rendimento das lavouras, mas teme-se que os atoleiros nas estradas dificultem o escoamento do grão.

O excesso de precipitações no Sul e no Sudeste também atrapalhou a colheita de cana-de-açúcar e prejudicou a concentração de açúcar na planta (ATR). Com isso, a produção de açúcar da safra 2015/16 desde o início da moagem até o fim de dezembro no Centro-Sul está 4% menor do que na safra anterior, somando 30,5 milhões de toneladas, segundo a União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica).

As chuvas em excesso nos Estados do Sul também contribuíram para reduzir a produção local de leite, observa Valter Galan, analista da MilkPoint.

No norte de Minas Gerais e no Espírito Santo, polo produtor de café conilon (robusta) do Brasil, o problema foi a seca. “Essa região costuma ter chuvas razoáveis entre outubro e janeiro, no ápice da importância do cuidado. Se as chuvas de verão não acontecem, os efeitos são negativos”, disse Tiago Ferreira, analista de café da consultoria FCStone.

Conforme estudo da consultoria Pharos Risk Commodities Management, o mês mais chuvoso da safra de conilon foi dezembro, com menos de 20 milímetros no mês, enquanto a média em cinco anos para dezembro é de 40 milímetros de chuva.

Mas o El Niño não foi de todo negativo para a produção agrícola brasileira. As lavouras de café arábica foram favorecidas pelo clima no Sudeste, que teve chuvas com volume e intervalo adequados, segundo Ferreira, da FCStone. Esse ambiente beneficiou as floradas e o desenvolvimento e levou a Conab a estimar um aumento de até 24,4% na colheita de arábica na safra 2016/17, para 39,87 milhões de sacas. (Colaborou Alda do Amaral Rocha)

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