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Exportações de conilon despencam 86% em 2016 e cenário não sinaliza melhoras neste ano

por Notícias Agrícolas:

Anos consecutivos de seca no Espírito Santo, maior estado produtor de café conilon (robusta) no Brasil, influenciou negativamente as exportações do país em 2016. A variedade que teve exportação recorde em 2015 registrou queda de 86,2% no ano passado, totalizando 580,31 mil sacas de 60 kg. Esse é o menor volume embarcado pelo país desde 1997, segundo dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Possivelmente o Vietnã supriu essa fatia de mercado perdida pelo Brasil no período.

“Devido à seca nos anos anteriores a oferta de café conilon diminuiu no mercado, mas o arábica teve um ano muito bom. Se o conilon tivesse ido melhor, nós talvez teríamos batido o recorde de exportações de 2015”, afirmou em coletiva de imprensa na quarta-feira (11) o presidente de Cecafé, Nelson Carvalhaes. Os embarques de café arábica no país totalizaram de 29,57 milhões de sacas no ano passado, um recorde na série histórica.

As exportações totais de café do Brasil registraram 34 milhões de sacas em 2016. O número representa uma queda de 8,1% em relação ao volume exportado em 2015 (37,02 milhões de sacas), justamente por conta do conilon. A receita com as exportações também teve um decréscimo, de 12,3%, totalizando US$ 5,4 bilhões. Até novembro, a participação de mercado do Brasil, de acordo com dados da OIC (Organização Internacional do Café), era de 29%. A menor desde 2012.

Para 2017, o Cecafé acredita que os números de exportação devem ficar estáveis tanto no arábica quanto no conilon, mesmo com as indicações de que a safra de arábica será mais baixa em algumas regiões produtoras por conta da bienalidade e a de conilon possa enfrentar mais um ano de quebra. “Não sei se ela será bem menor (safra 2017), a gente precisa esperar os dados e as estatísticas. Eu acredito que vamos ter um ano semelhante a esse desempenho de 2016. As exportações devem reduzir na entressafra, mas voltam a subir no terceiro trimestre de 2017. Já em 2018, tudo indica que será um ano mais difícil”, explica Carvalhaes.

Além das questões climáticas que impactam a safra, os estoques de café no Brasil também têm recuado ao longo dos anos. “O país no passado tinha estoques maiores e, quando chegava na entressafra, eles facilitavam muito a questão das exportações, mas com os embarques crescendo e o consumo interno alto, esses estoques se exauriram nessa última safra”, afirma Carvalhaes. Por outro lado, “é inquestionável que houve quebra na safra de robusta. Mas o preço interno subiu muito, e não ficamos competitivos lá fora também”, ressalta o presidente do Cecafé.

A crise do conilon no país afetou as exportações em 2016 e segue uma incógnita para a indústria, que pede a importação de 200 mil toneladas mensais, no período compreendido entre janeiro e maio, volume que seria isento da tarifa de importação. Acima disso, seria aplicada a Tarifa Externa Comum (TEC) de 35%. Os cafés poderiam ser importados de países como o Vietnã e Indonésia.

Diante da baixa oferta no país, o Cecafé é favorável à importação do grão conilon desde que contrapartidas sejam adotadas. “Somos a favor do livre mercado. Se a importação houver, é preciso ter regras claras”, disse Carvalhaes.

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