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Fim do TPP pode beneficiar agronegócio brasileiro, avalia presidente de associação
por Estadão Conteúdo:
Brasil poderá aproveitar para negociar com mercados que deixarão de receber produtos americanos em condições especiais, afirma José Augusto de Castro, presidente da AEB
Asaída dos Estados Unidos da Parceria Transpacífica, determinada nesta segunda-feira (23) pelo presidente Donald Trump, pode resultar em benefícios para o agronegócio brasileiro caso o Brasil aproveite a oportunidade para negociar com os mercados que vão deixar de receber produtos norte-americanos em condições especiais, avalia o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
“Como os EUA são concorrentes do Brasil na exportação de carne bovina, suco de laranja, açúcar, soja, entre outras commodities, pode haver um impacto positivo para nós, mas o governo brasileiro tem de tomar ações para se aproximar dos países que fazem parte da parceria e não apenas ficar esperando”, afirmou.
O acordo, conhecido pela sigla TPP em inglês, é voltado a eliminar a maioria das tarifas e outras barreiras comerciais entre EUA, Japão, Canadá, México, Austrália, Vietnã, Malásia, Peru, Chile, Brunei, Cingapura e Nova Zelândia. A China não faz parte da iniciativa. “O acordo foi criado justamente para isolar a China”, explicou Castro.
Por outro lado, alertou o presidente da AEB, se a postura protecionista de Trump ganhar corpo ao longo do seu mandato, as relações entre EUA e China podem ser reduzidas, gerando uma menor demanda chinesa por commodities, o que teria efeito negativo no Brasil, um grande exportador de commodities.
“A China teve em 2015 um superávit comercial de US$ 350 bilhões em bens, então o Trump deve tentar olhar onde ele pode reduzir esse superávit para gerar emprego nos EUA”, disse. “E bem ou mal, a China é hoje o motor da economia mundial. Se a sua demanda cai, os preços das commodities caem”, ressaltou.
Revisão do Nafta
Em relação ao Nafta, acordo de livre comércio da América do Norte que Trump pretende renegociar, Castro disse que o efeito pode ser negativo para o Brasil. “De todas as exportações do México, 80% vão para os EUA. Se o Nafta for implodido, o México vai ter de olhar para outros mercados”, afirmou o presidente da AEB, ressaltando que o Brasil pode perder mercados para os mexicanos. “O México tem cerca de 40 acordos bilaterais com o mundo, inclusive com a União Europeia, coisa que o Brasil não tem”, acrescentou.
O maior risco, no entanto, está na indústria automobilística brasileira, afirmou Castro. Para ele, as montadoras instaladas no México, que exportam principalmente para os EUA, podem tentar entrar no mercado brasileiro, que enfrenta um período de queda nas vendas de veículos, mas pode ter uma retomada nos próximos anos caso a economia se recupere.
Além disso, afirmou Castro, o fim do Nafta pode prejudicar alguns setores brasileiros que exportam insumos para México, que, por sua vez, os utilizam para fabricar produtos que são enviados aos Estados Unidos. No entanto, os investidores estrangeiros que olhavam para o México como uma boa oportunidade, em razão da sua proximidade com os EUA, agora podem desviar sua atenção para o Brasil, que caminha para um período de retomada da economia.
Diante de tudo o que foi anunciado hoje pelo governo de Donald Trump, o que mais surpreendeu o presidente da AEB foi a iniciativa de Trump de acabar com a TPP e sinalizar a intenção de renegociar o Nafta logo no primeiro dia útil do seu governo, sem nenhum tipo de debate. “A era da incerteza, mais do que nunca, está se confirmando”, afirmou Castro.
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