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Fitch rebaixa nota do Brasil, mas país segue com grau de investimento
por G1:
Nota foi revisada de ‘BBB’ para ‘BBB-‘, com perspectiva negativa.
Agência cita crescente peso da dívida e a piora do cenário econômico.
A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a nota do Brasil de “BBB” para “BBB-“, mas ainda dentro do grau de investimento. A perspectiva foi mantida em negativa, o que significa que o país pode voltar a ser rebaixado em um futuro próximo.
A nota “BBB-” é a última dentro do chamado grau de investimento, espécie de selo de país bom pagador de sua divida. Veja quadro mais abaixo
O rebaixamento do país pela Fitch vem pouco mais de um mês após a agência Standard & Poor’s retirar o selo de bom pagador do Brasil.
De acordo com a Fitch, o rebaixamento reflete o crescente peso da dívida do governo do Brasil, o aumento dos desafios para a consolidação fiscal e a piora do cenário para o crescimento econômico.
“O difícil ambiente político está afetando o progresso da agenda legislativa do governo e criando reações negativas para a economia mais ampla”, destacou a agência em nota assinada pela analista Shelly Shetty.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Nacional, Shetty afirmou que, em termos gerais, a possibilidade de novo rebaixamento da nota de um país colocado em perspectiva negativa é de mais de 50%, e o corte seria feito em um período entre 12 e 18 meses Porém, Shetty afirma que não é possível determinar esse prazo com exatidão, citando como exemplo o próprio caso do Brasil. “No caso do Brasil, nós determinamos a perspectiva negativa em abril e decidimos rebaixar o rating apenas seis meses depois.”
No comunicado, a agência alerta que o país pode em breve perder o selo de bom pagador conforme as finanças do governo se deterioram em meio à prolongada recessão.
A agência listou a recessão mais profunda e a fraca situação do mercado de trabalho, reduzida popularidade da presidente Dilma Rousseff, tensões entre o governo e o Congresso Nacional, o alcance das investigações na Petrobras e riscos de impeachment presidencial como fatores que podem afetar a capacidade de melhorar as perspectivas fiscais e de crescimento do país.
A Fitch explicou que a perspectiva negativa reflete a visão de que o fraco desempenho econômico e fiscal persiste enquanto as incertezas políticas continuam pesando sobre os níveis de confiança e prejudicando os investimentos e o crescimento.
Projeções
A agência projeta que o déficit do governo se deteriore e chegue perto de 9% do PIB em 2015. “O impacto da recessão maior que previsto sobre as receitas do governo, dificuldade na implantação de medidas e um pano de fundo político complicado minaram a estratégia de consolidação fiscal do governo”, avaliou.
A Fitch prevê que a economia do Brasil deverá contrair 3% em 2015 e 1% no ano seguinte, projetando que em 2017 deverá haver um “crescimento modesto”.
Nota do Brasil em outras agências
No dia 9 de setembro, o Brasil perdeu o grau de investimento na classificação de crédito da Standard and Poor’s (S&P), 10 dias após o governo prever inédito déficit primário na proposta orçamentária de 2016.
Com o rebaixamento da Fitch desta quinta, o Brasil fica mais próximo de ter a nota de crédito da sua dívida rebaixada para o grau especulativo por mais de uma agência. Na classificação da Moody´s, o país tem nota “Baa3”, nível mais baixo dentro do grau de investimento, tambem com perspectiva negativa (como agora na Fitch).
S&P, Fitch e Moody’s controlam uma parcela de mais de três quartos do mercado global de avaliações de risco, o que desperta críticas sobre conflitos de interesse em seus serviços, já que acabam sendo pagas pelos mesmos clientes que deveriam estar examinando, destaca a BBC.
Selo de bom pagador
O grau de investimento é um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes. A partir da nota de risco que determinado país recebeu, os investidores podem avaliar se a possibilidade de ganhos (por exemplo, com juros maiores) compensa o risco de perder o capital investido com a instabilidade econômica local.
Alguns fundos de pensão internacionais, de países da Europa ou os Estados Unidos, por exemplo, seguem a regra de que só se pode investir em títulos de países que estão classificados com grau de investimento por agências internacionais. Por isso, essa “nota” permite que o país receba recursos de investidores interessados em aplicar seu dinheiro naquele local.
Levy falou na véspera sobre riscos de um novo rebaixamento
Procurada pelo G1, o Ministério da Fazenda ainda não se manifestou sobre o novo rebaixamento.
Na véspera, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tinha dito que um novo rebaixamento da nota brasileira por agências de classificação de risco “teria um efeito muito ruim no emprego”.
“Se a gente não tiver um orçamento robusto, vamos ter problemas. Teria um efeito muito ruim no emprego outro rebaixamento na nossa dívida. Não ter um orçamento que garanta a manutenção do grau de investimento é botar o emprego e as condições de vida das famílias em risco”, declarou ele no Congresso Nacional.
A perda do grau de investimento na classificação da Standard and Poor’s (S&P) no mês passado levou o governo a recuar da sua proposta original de Orçamento de 2016 com estimativa inédita de déficit (despesas maiores do que receitas) e a anunciar um pacote de alta de tributos, contemplando a proposta de retorno da CPMF, e bloqueio de gastos, para buscar um superávit de R$ 43,8 bilhões, ou 0,7% do PIB, no ano que vem.
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