NOTÍCIAS

Fundação Procafé:EFICIÊNCIA NO CONTROLE DE MARIPOSAS DE BICHO MINEIRO EM CAFEEIROS, POR APLICAÇÕES AÉREAS

Por: J.B. Matiello– Engº Agrº. Fundação Procafé e Warley A. Rodrigues – Engº Agrº Consultor em cafeicultura

Postado em: 03/08/21

Testes efetuados em lavouras de café mostram que aplicações de inseticidas piretróides,
em pulverizações aéreas, são eficientes quanto à mortalidade de mariposas, os adultos do bicho
mineiro das folhas do cafeeiro.
O ataque do Bicho Mineiro tem sido muito severo nos últimos anos, especialmente em
regiões cafeeiras de cerrado, no Triângulo e Norte/Noroeste de Minas, além de áreas no Oeste da
Bahia e em Goiás e, no último ano, houve ataque significativo da praga também em áreas do Sul de
MG e da Mogiana em SP. Os problemas da severidade da praga estão relacionados a desequilíbrios
climáticos, com temperaturas mais altas e, principalmente, com períodos secos mais prolongados.
Também, são devidos ao uso de defensivos de forma desordenada, que levam ao desequilíbrio
biológico, interferindo nos inimigos naturais. Ainda, suspeita-se da resistência da praga a
determinados inseticidas, o que tem levado a constantes mudanças no uso, dos produtos e modos
de sua aplicação.
O controle da praga Bicho Mineiro em cafeeiros é, normalmente, efetuado visando a ação
de inseticidas sobre as larvas da praga. Estas, ao se desenvolverem no interior das minas, nas folhas
das plantas, se constituem na fase do inseto que causa os danos, representados por redução da área
foliar e por desfolhas.
Muitos técnicos de campo têm indicado, também, o controle sobre as mariposas, os adultos
do Bicho Mineiro, como medida auxiliar, embora não se tenham pesquisas correlacionando essa
prática com a efetiva redução na infestação da praga. Sabe-se, no entanto, que alguns inseticidas,
usados para matar as larvas, também tem efeito sobre outras fases do inseto.
O ciclo de vida do Bicho Mineiro, em número de dias, para cada uma das fases é a seguinte:
ovo – 5 a 21; larva – 9 a 40; pupa – 5 – 26 e a longevidade média dos adultos é de 15 dias. O ciclo
evolutivo varia de 19 a 87 dias, conforme influência de condições climáticas.
O controle sobre as mariposas, para reduzir a sua oviposição, considerando a oportunidade
de sua revoada e diante seu curto período de sobrevivência, deve ser feito de forma mais rápida, o
que motiva a testagem de sistemas de aplicação com maior rendimento operacional. Nesse sentido,
no passado (pesquisa do ex-IBC) foi comprovado o efeito da aplicação de inseticidas via
nebulização. Recentemente foi divulgada (internet) uma aplicação feita em cafezal com aplicador
auto-motriz Uniport (Jacto), com barra de 36 m.
A aplicação aérea, igualmente, tem alto rendimento, sendo capaz de tratar uns 100 ha por
hora, trabalhando em faixa de cerca de 20 m de largura e operando em altura de 3-5 m da copa das
plantas. O volume de calda pode variar de 7-30 litros por ha e deve-se usar uma calda com emulsão
água/óleo (cerca de 40%). Quanto aos produtos, a indicação é para uso de piretróides, sendo os
mesmos bem eficientes contra as mariposas e, ainda, são eficientes contra as larvas e tem certa ação
sobre ovos, tendo bom efeito residual. Além disso, podem ser usados em baixas doses de ativos
(10-30 g/ha) e apresentam, nessas condições, menor toxicidade. Nas aplicações aéreas é indicado
usar a maior dose de registro, tendo em vista que a aplicação atinge a área total da lavoura e não
apenas os cafeeiros. Deve-se adotar os produtos registrados para a praga e a cultura e, ainda, os
liberados para aplicação aérea. A eficiência verificada em amostragem da mortalidade de mariposas
tem sido ao redor de 80%. O custo operacional da aplicação aérea varia com o volume de calda
adotado, ficando em torno de R$ 30-50,00 por ha.
Uma observação curiosa aconteceu depois da aplicação do inseticida. Verificou-se que
houve muita passagem de larvas para crisálidas. Pode ter sido uma coincidência, porém esse
comportamento deve ser melhor acompanhado pela pesquisa. Em estudo no passado (pesquisa do
ex-IBC) foi verificado que, quando se destacava as folhas minadas das plantas, as larvas do BM
rapidamente se transformavam em crisálidas.

Notícias Relacionadas