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Há um falso cenário de tranquilidade para o abastecimento mundial

por Carvalhaes:

Esta semana, as cotações do café em Nova Iorque trabalharam em baixa até dia 27, quando os contratos com vencimento em julho próximo fecharam abaixo de US$ 1,30 por libra peso. No dia 28 abriram em baixa, com julho chegando até US$ 1,2875 por libra peso, mas reagiram próximo ao fechamento do pregão, recuperando as perdas da semana e o patamar dos US$ 1,30.

Apesar de o Brasil estar sem estoques governamentais, com embarques em baixa neste período de entressafra, torrefações locais apontando que o abastecimento de café verde para o setor é crítico e a safra que começamos a colher ser de ciclo baixo, declarações e ações de nossas lideranças e autoridades vão dando confiança aos que apostam em um mercado em baixa.

O CNC – Conselho Nacional do Café alertou, no final da semana passada, para que os cafeicultores brasileiros tenham cuidado com o aumento da área plantada; o Ministério da Agricultura reajustou o preço mínimo para o período entre abril de 2017 e março de 2018 do café arábica tipo 6, bebida dura para melhor, com até 86 defeitos, peneira 13 acima para apenas 333,03 reais por saca de 60 quilos ante 330,24 reais em 2016/17, menos de três reais por saca, o que praticamente inviabiliza os leilões de opção de compra pelo governo federal, além de passar a imagem de que os preços praticados atualmente pelo mercado são satisfatórios; em evento na ABIC esta semana o ministro da agricultura voltou a falar em importação de café, “Precisamos conversar mais. Devemos mostrar ao produtor de café que, eventualmente, a vinda do grão diferente do brasileiro pode ser uma saída para a renda do produtor”.

Finalmente, em seminário realizado esta semana em São Paulo, comemorativo dos 85 anos de cooperativismo da COOXUPÉ, maior cooperativa de café do mundo e maior exportadora de café do Brasil, Carlos Paulino, presidente da cooperativa, em meio a vários assuntos, durante sua palestra sobre “Responsabilidade Social Cooperativista” , declarou que a cooperativa já tem uma ideia de como deve se configurar a safra em cada região produtora de sua atuação: “No Triângulo Mineiro, a quebra vai ser maior. Já no Sul de Minas é o contrário, assim como nas Matas de Minas uma queda menor”, ponderou Paulino. Mas o movimento não deve impactar no suprimento nacional. Segundo Paulino, o estoque particular ainda existente dá segurança de que o mercado interno terá sua demanda atendida, assim como compromissos de exportações. “Não vejo problema de abastecimento nesse ano e ano que vem” (fonte: CaféPoint).

Foram decisões e declarações isoladas, mas que em conjunto, nesta era de informações instantâneas e algoritmos, acabam desenhando, em plena entrada de safra, um falso cenário de tranquilidade para o abastecimento mundial de café.

Até dia 28, os embarques de abril estavam em 1.502.406 sacas de café arábica, 25.301 sacas de café conilon, mais 152.129 sacas de café solúvel, totalizando 1.679.836 sacas embarcadas, contra 1.676.280 sacas no mesmo dia de março. Até o mesmo dia 28, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em abril totalizavam 2.067.725 sacas, contra 2.100.242 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 21, sexta-feira, até o fechamento de sexta-feira, dia 28, subiu nos contratos para entrega em julho próximo 50 pontos ou US$ 0,66 (R$ 2,09) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 21 a R$ 554,65 por saca, e dia 28, a R$ 559,36 por saca. Na, sexta-feira, dia 28, nos contratos para entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 390 pontos.

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