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Indicador do café arábica avança em junho, mas negócios seguem fracos

por Cepea/Esalq USP:

Os preços do café arábica acumularam alta em junho, influenciados pelas altas internacionais e por precipitações do início do mês em algumas regiões produtoras. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto em São Paulo, teve média de R$ 424,02/saca de 60 kg em junho, avanço de 0,5% em relação ao mês anterior. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), a média de todos os contratos foi de 134,28 centavos de dólar por libra-peso em junho, ligeiro avanço de 0,25%. O dólar teve média de R$ 3,11 no mês, valorização de 1,55% frente ao de maio.

Conab e USDA divulgam estimativas de safra

Em junho, estimativas da temporada 2015/16 foram divulgadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), mas os dados não chegaram a influenciar o preço do grão no Brasil.

Segundo o USDA, a safra brasileira 2015/16 deve totalizar 52,4 milhões de sacas (de arábica e robusta), volume 2,34% superior ao da temporada anterior – mesmo com a bienalidade negativa na maioria das regiões produtoras. Para o arábica, especificamente, os números divulgados pelo USDA não surpreenderam agentes brasileiros consultados pelo Cepea. Porém, ainda há certa apreensão se a seca registrada no período de granação pode prejudicar o tamanho dos grãos e, consequentemente, limitar o avanço da produção.

Já a Conab indica que a produção brasileira de café (arábica e conillon) na safra 2015/16 pode ser de 44,28 milhões de sacas de 60 kg, diminuição de 2,3% em relação à anterior. Tanto agentes consultados pelo Cepea quanto a Conab apontam que o tamanho dos grãos pode ser menor em algumas regiões, devido ao veranico ocorrido na fase de enchimento dos grãos.

Caso a produção estimada da Conab se confirme, esta safra será a terceira consecutiva em que a produção total de café no Brasil cai em relação à temporada anterior, sendo a menor desde a 2011/12. Para o arábica, a Conab aponta que o Paraná e a região da Zona da Mata devem ser os responsáveis para que a produção de café arábica nacional não caia na temporada atual.

A colheita paranaense está estimada em 1,15 milhão de sacas, o que representa aumento de 106% sobre o volume do ano passado, quando os cafezais ainda sentiam o impacto das geadas de 2013. Nessa região, colaboradores do Cepea apontam também melhora da qualidade dos grãos.

Na Zona da Mata, a safra é prevista em 6,85 milhões de sacas, avanço de 34% sobre a temporada anterior, que foi prejudicada pela falta de chuva. Além disso, a atual safra da Zona da Mata é de bienalidade alta.

Nas demais regiões, o volume produzido de arábica deve diminuir, em parte pelo “esqueletamento” (safra zero) das lavouras que sofreram com o estresse hídrico de 2014.

Em São Paulo, além da falta de chuvas, a Conab aponta que o ano de bienalidade baixa e as más condições nutricionais das lavouras completam o quadro que leva à redução de 16,4% da safra atual.

No Cerrado Mineiro, a situação é semelhante. Com o aumento de áreas “esqueletadas” (mais debilitadas) em 2014 e, agora, sendo temporada de bienalidade negativa, a produção deve se limitar a 5,04 milhões de sacas, redução de 12,6%. Alguns agentes consultados pelo Cepea relatam que a quebra nesta região pode ser ainda maior, mas a qualidade do café pode não ser afetada.

Por sua vez, o Sul de Minas, principal região produtora de arábica no Brasil, deve manter estável sua produção em cerca de 10,8 milhões de sacas, mesmo com aumento das lavouras “esqueletadas”. Agentes consultados pelo Cepea, no entanto, informam que as lavouras tiveram razoável recuperação e podem até produzir mais do que o apontado pela Conab.

CEPEA

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