NOTÍCIAS

INPE: Instituto aperfeiçoa previsão climática

por Valor Econômico:

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) está desenvolvendo cenários de mudanças climáticas para a região Sudeste da América do Sul com uma resolução de 5 quilômetros, que foi alcançada por um grupo restrito de países, como Japão e Inglaterra. Com esse nível de resolução, segundo a coordenadora do modelo no Inpe e autora do capítulo nove de avaliação de modelos climáticos do IPCC, Chou Sin Chan, os pesquisadores conseguem um detalhamento maior dos impactos que as mudanças climáticas podem provocar na temperatura e no regime de chuvas de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

Resultados – Os resultados estão sendo apresentados esta semana em São José dos Campos, durante workshop do IPCC sobre Projeções Regionais do Clima e seus Usos em Estudos de Impactos e Riscos. O evento conta com 115 especialistas de 53 países. Em 2014 os pesquisadores do Inpe já haviam feito, pela primeira vez no mundo, simulações com resolução de 20 km sobre as condições climáticas na América do Sul e Central (20 graus norte até 50 graus sul) no período de 1961 a 2100. “Fazemos uma espécie de retrato da atmosfera, com dados sobre vento, temperatura, chuva, nuvem, pressão atmosférica e umidade relativa do ar”, explicou a pesquisadora.

Simulações – As simulações indicam com mais detalhes um aumento no número de eventos severos de seca na região central e Sudeste do país e das chuvas no sul. “No cenário que a gente gerou com resolução de 20 km as projeções são muito parecidas com o que aconteceu na região Sudeste em 2014 e 2015 em relação à seca”.

Projeções – Chan ressalta, porém, que as projeções ainda precisam ser confirmadas com a produção de novos cenários e simulações que tornem os resultados mais confiáveis.

Dados – Dados produzidos em alta resolução já estão sendo usados em estudo sobre o impacto das chuvas sobre a produção de café no sul de Minas Gerais. A cidade de Santos, no litoral paulista, também utiliza essas informações para estudo de impactos ambientais (nível do mar e ressaca), assim como pesquisadores da Coppe, que pretendem avaliar impactos na região metropolitana do Rio.

Informações – Informações geradas pelo modelo que usou resolução de 20 km serviram de base para a terceira Comunicação Nacional sobre emissão, impactos de mudanças climáticas e vulnerabilidade, que será enviada pelo governo brasileiro à Unfccc (Convenção­Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima).

Modelagem – A modelagem com resolução de 20 km produziu quatro cenários diferentes. Com a de 5 km o Inpe conseguiu fazer a simulação completa que mostra redução de chuvas na região Sudeste. O modelo também acaba de integrar, de forma inédita, um módulo que acompanha a evolução da cobertura vegetal na América do Sul e no Brasil, de acordo com as suas características. Em suas projeções, os modelos globais consideravam a vegetação nessas regiões de uma forma mais genérica.

Melhoria – “A regionalização e o detalhamento proporcionado pela alta resolução melhoram as previsões do futuro para os biomas típicos do nosso país, como a Amazônia e o Cerrado”, destacou Thelma Krug, co­presidente da ForçaTarefa sobre Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa do IPCC. As informações regionais numa escala cada vez mais refinada em relação aos modelos globais, segundo ela, fornecem elementos mais quantitativos que ajudarão os formuladores de políticas públicas dos países a tomarem suas decisões de forma mais embasada. Para o co­presidente do grupo de trabalho I do IPCC, Thomas Stocker, quantificar a informação regional de modelos do clima é fundamental para um planejamento bem informado.

Notícias Relacionadas