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Investidores estrangeiros e urbanos poderão financiar produção agrícola no Brasil

por Notícias Agrícolas:

CPR com variação cambial viabiliza a emissão de CRA e CDCA no exterior

Antônio da Luz – Economista – FARSUL

Nesta terça-feira, o governo brasileiro anunciou a liberação de R$ 225,59 bilhões em financiamento através do Plano Safra 2019/20 para os pequenos, médios e grandes produtores rurais. A liberação dos recursos do plano terá início em julho e deve seguir até junho do próximo ano.

No atual cenário, com falta de crédito e com o país caminhando para colher uma nova safra recorde de grãos em 2018/19, o governo vem buscando modernizar o sistema de financiamento, visando diversificar as fontes de recursos, com maior participação dos bancos privados, e aproveitando a taxa básica de juros Selic na mínima histórica de 6,50% ao ano.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ressaltou, durante o anúncio do plano, o esforço “para atender a todos”, e que o governo está buscando ampliar novas ferramentas de crédito, devendo implementar medidas para melhorar as condições do negócio agrícola, que incluem ajuda do BNDES para renegociar dívidas.

Entre as ferramentas de crédito, ela citou 55 bilhões de reais do plano que deverão ser garantidos via Letras de Crédito do Agronegócio, com um impulso adicional após no início do ano o governo ter autorizado que 100% do volume de LCAs destinadas a produtores rurais sejam negociadas a taxas livres, visando fomentar a emissão do papel.

No plano anterior, a estimativa era garantir 45 bilhões com as LCAs, mas a meta ficou longe de ser alcançada, porque uma parte das taxas dos títulos não era livre.

“Este é o caminho que numa economia aberta o crédito rural deverá trilhar nos próximos anos”, destacou Tereza, ao comentar que o governo destravou as LCAs.

De acordo com Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL), a maior novidade são essas novas formas de financiamento — “uma das principais marcas que a Ministra vai deixar ao Ministério. “

Agora o plano permite que a Cédula de Produto Rural (CPR) seja emitida com correção pela variação cambial, viabilizando a emissão de CRA e CDCA no exterior. “Essas cédulas têm valor no mercado e é excelente oportunidade para os bancos através da LCA’s”, afirma.

A MP também permitirá que a Cédula de Produto Rural (CPR) seja emitida com correção pela variação cambial, viabilizando a emissão do papel e de Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) no exterior. “A ideia é o produtor tomar empréstimo mais barato no Brasil e em outros países”, disse o ministério em nota.

Juros

O Ministério informou que as taxas de juros para Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) são de 3% a 4%. Enquanto para os pequenos e médios agricultores são de 6% e os grandes os juros são de 8%. “Está certo o governo mudar a política agrícola já que esta que está ai não serve mais e esse plano safra é o prego no caixão da política agrícola brasileira.

Nas semanas passadas, a Farsul começou a trabalhar com a perspectiva de queda na taxa selic em observamos um cenário de queda com 6,00% até o final desse ano. “No entanto, alguns acham que estamos sendo conservadores já que o mercado está trabalhando com um cenário de 5,75%”, relata.

A partir da taxa selic vai surgir à taxa Certificado de Depósito Interbancário que é o que mercado financeiro quer ganhar. “O CDI acompanha a taxa selic. Então se cai a selic também cai a CDI, ou seja, se a selic ficar 5,75% até o final do ano a CDI vai ficar 5,60%. E juros de 8% ao produtor rural representam 143% do CDI”, diz o economista.

Seguro Rural

Segundo o Governo, o valor da subvenção do seguro rural é de 1 bilhão para o plano 2019/20. “Hoje o produtor pega o crédito e é obrigado a fazer o seguro e caso tenha dinheiro do governo, será subvencionado. O que torna o seguro agrícola um penduricalho do crédito rural, mas o seguro é algo importante”, ressalta.

O agronegócio tem diversos riscos que podem ser cobertos por seguros agrícolas como o financeiro, climático e entre outros. “Se o produtor está segurado ele emite menos riscos ao sistema, e assim, consegue captar mais dinheiro barato e tomar recursos se torna mais simples”, explica.

Os diversos ministros que fizeram parte do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento sempre falaram em criar programas voltados para os pequenos e médios produtores rurais, porém nem todos focaram o governo para mudar este cenário”, comenta Antonio da Luz.

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