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Leilões devem alavancar preços do café

por Diário do Comércio:

Os leilões dos estoques governamentais de café, marcados para o próximo dia 29 de julho, não devem interferir de forma negativa na formação dos preços internos pagos pelos grãos aos produtores. A expectativa é de que a decisão do governo em colocar os estoques à venda contribua para a valorização do grão, já que é uma sinalização de baixa oferta de café. Os leilões acontecem em plena colheita do grão para atender à demanda das indústrias, que temem o desabastecimento.

De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o governo retomará os leilões dos estoques públicos de café com a venda de 67 mil sacas de 60 quilos. Os cafés a serem leiloados estão disponíveis nas praças de Minas Gerais (40 mil sacas), São Paulo (15 mil sacas) e Paraná (12 mil sacas).

Em nota enviada à imprensa, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, explicou que a liberação dos estoques públicos servirá para melhorar o abastecimento interno, já que houve redução na produção em alguns estados devido à situação climática adversa.

Os atuais preços de mercado do grão estão acima do Preço de Liberação de Estoques (PLE), ou seja, superiores a R$ 401,39 por saca de 60 quilos. Os leilões serão realizados quinzenalmente e a oferta será dimensionada de acordo com o interesse do mercado.

Para o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro (foto: divulgação CNC), os leilões têm como objetivo atender a demanda proveniente da indústria, que relata dificuldades na aquisição do café e vem pressionando para que o governo federal libere a importação do grão. “Os estoques de passagem estão baixos e há muita pressão da indústria no sentido do abastecimento, querendo importar o café. Somos totalmente contrários à importação do grão, visto que a colheita da atual safra e o estoque disponível são suficientes para abastecer o mercado interno e as exportações”, disse.

Ainda segundo Brasileiro, os estoques governamentais de café que serão leiloados são baixos e estão ficando desmerecidos com o passar do tempo, uma vez que o volume disponibilizado é da safra 2009/10. Ao comercializar os estoques no período de colheita, quando a oferta normalmente é superior, o governo mostra ao mercado que a oferta está ajustada à demanda, o que pode alavancar os preços atuais pagos pelo grão. “O volume é pequeno, tem um total 1,5 milhão de café em estoque. Então, esses leilões não provocarão nenhuma interferência negativa com relação a preços. Pode acontecer até o contrário. Acho que em plena safra, quando o governo coloca café a venda, significa que temos no País um estoque baixo. Não vejo possibilidade de quedas de preços de forma nenhuma, pelo contrário, pode puxar os preços”.

A redução do estoque, segundo Brasileiro, também pode favorecer o setor no futuro, caso sejam necessárias ações governamentais em períodos de alta produção. “A produção de café no Brasil é crescente e, no futuro, podemos precisar de ações governamentais. O estoque é sempre usado como um entrave nas negociações, já que o governo sempre alega dificuldades por ter volumes remanescentes de outras safras. Colocando o estoque no mercado, você retira, realmente, a desculpa que o governo usa. Então, facilita em momento de necessidade de termos apoio governamental, se for o caso de safra maior”, explicou.

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