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MÁRCIO FREITAS APRESENTA IMPACTOS À IMPRENSA
por OCB:
Após mais de três horas de audiência pública para debater os impactos negativos do Plano Agrícola e Pecuário 2017/2018 ao cooperativismo agropecuário, o presidente do Sistema OCB, que participou da mesa de discussões, conversou com a imprensa sobre o assunto. Ele destacou aspectos como restrição ao crédito, limites e obrigações impossíveis de serem atendidas pelas cooperativas, com relação, por exemplo, aos agentes financeiros. Confira!
Poderia resumir os impactos do Plano Agrícola e Pecuário 2017/2018 para as cooperativas agropecuárias?
As cooperativas e nossos cooperados são responsáveis pela metade da produção agrícola brasileira. É importante dizer isso, para dimensionarmos a importância do cooperativismo agro no país. Neste Plano, elas foram cortadas de algumas linhas de crédito rural obrigatório e isso nos atinge fortemente, causando um impacto de custo muito grande. Foram cortadas, por exemplo, rubricas de industrialização, de adiantamento para cooperados e até de comercialização de produtos.
Isso atinge o produtor rural cooperado, pois afetará o nosso fluxo de caixa e todos os processos que envolvem a produção das cooperativas. Então, a grosso modo, mesmo que a cooperativa busque crédito no mercado, por exemplo, seus cooperados seriam impactados em cerca de R$ 1,5 bi só numa safra, ou seja, se nada for feito pelo governo, nós transferiremos todo esse valor que é do produtor rural brasileiro para o sistema financeiro. É uma evasão, uma perda de renda muito grande em apenas uma safra. Não podemos aceitar uma coisa assim.
O que pode ser feito, já que o Plano está em vigor?
Com o Plano lançado, o que podemos e devemos fazer é rever! Há coisas que precisam ser vistas e outras que merecem ser revistas. Quando as coisas são positivas, o cooperativismo aplaude e divulga, mas quando um normativo é publicado cheio de falhas, prejudicando uma classe como a do produtor rural brasileiro, é necessário rever e, em tempo, corrigir a rota para evitar problemas muito mais difíceis no futuro.
É extensa a lista de reivindicações das cooperativas. Poderia comentar?
Na realidade, essa lista é extensa porque são extensas as restrições, ao cooperativismo. O que nós queremos é que o governo veja como as cooperativas estão sofrendo com as medidas anunciadas e que se retome aquilo que o setor teve na safra passada.
Queremos que os produtores rurais ligados às cooperativas continuem a ter acesso ao crédito rural e não sejam pressionados a contratar crédito com taxas de juros praticadas livremente pelo mercado, independentemente do nome (se LCA ou CRA).
É por isso que estamos lutando: pela retomada de nossa posição anterior para que, assim, as cooperativas brasileiras possam continuar prestando um atendimento eficiente aos mais de 1,1 milhão de cooperados agropecuários, mantendo a roda da economia nacional girando no ritmo que ela merece.
E sobre a obrigatoriedade de as cooperativas terem de fornecer uma lista contendo dados pessoas e intenção de produção de cooperados às instituições financeiras para conseguir crédito? Qual sua avaliação?
Esse é um dos pontos de restrição para as cooperativas agropecuárias. Nos anos safra anteriores, a cooperativa obtinha o crédito, comprava o insumo e fazia a distribuição na medida em que o cooperado precisasse. Com o normativo desta safra, a cooperativa precisa prever a necessidade do cooperado. Ocorre que isso obrigaria a cooperativa a antecipar a decisão do negócio do produtor rural. Por exemplo: ele vai plantar milho ou soja? O plantio será em setembro ou dezembro? Ou seja, a cooperativa não tem como antecipar isso, mesmo com as mais modernas práticas de gestão que temos visto no cooperativismo brasileiro! Essa é uma forma de descaracterizar a operação. Para nós, é um mecanismo claro de empurrar as cooperativas para fora do modelo de crédito rural.
Como o senhor avalia a audiência pública que envolveu duas frentes parlamentares, representantes do governo e das cooperativas brasileiras?
Foi uma audiência muito positiva. Acredito que mostramos as dificuldades que o Plano traz para as cooperativas e percebemos uma sensibilização grande do Congresso Nacional, por meio dessas duas importantes frentes parlamentares (a da Agricultura e a do Cooperativismo). Também sentimos uma sinalização bastante clara em relação ao Ministério da Agricultura. Ontem, inclusive, o ministro Blairo Maggi, num evento que contou com a participação do presidente Michel Temer, admitiu que o ministério precisa reverter as questões que prejudicam as cooperativas brasileiras.
Qual a mensagem deixada nesta audiência?
Nós pedimos o apoio integral da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e da Câmara dos Deputados às reivindicações das 1,5 mil cooperativas agropecuárias e dos mais de 1,1 milhão de brasileiros cooperados prejudicados pelo Plano Agrícola.
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